Histórico
O Brasil, país federativo de dimensões continentais, possui uma ampla e complexa rede de arquivos, decorrentes do exercício da função executiva, legislativa e judiciária do Estado brasileiro, tanto no nível federal quanto estadual, do Distrito Federal e municipal. Esse quadro torna-se mais complexo já que nele devem ser incluídos os arquivos privados de interesse público e social, tanto de pessoas físicas quanto jurídicas.
Dessa forma, a implantação de um projeto de âmbito nacional como o Memórias Reveladas passa, necessariamente, pela consolidação de uma política pública de valorização desse patrimônio documental e de resgate histórico das lutas políticas ocorridas entre 1964 e 1985.
A seguir, alguns dos principais marcos nesse processo:
Fevereiro de 2005
A Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República cria Grupo de Trabalho (Portaria n. 21, de 21/02/05) com o objetivo de elaborar projeto para a implantação de um centro de referência que "venha abrigar informações, documentos, arquivos, objetos artísticos com valor simbólico, sobre as violações dos Direitos Humanos durante o período da ditadura militar no Brasil".
Março de 2005
O Grupo de Trabalho é instalado na Sede do Arquivo Nacional, no Rio de Janeiro.
Maio de 2005
Entrega do relatório final do Grupo de Trabalho.
Novembro de 2005
Publicação do Decreto Presidencial n. 5.584, de 18 de novembro de 2005, que dispôs a respeito do recolhimento dos documentos arquivísticos públicos que estavam sob a custódia da Agência Brasileira de Inteligência - ABIN.
Dezembro de 2005
Transferência para o Arquivo Nacional dos documentos produzidos e recebidos pelos extintos Conselho de Segurança Nacional - CSN, Comissão Geral de Investigações - CGI e Serviço Nacional de Informações - SNI. Após sucessivos recolhimentos, até princípios de 2010, o acervo da Coordenação Regional de Brasília sobre o regime militar passou de dois para 43 fundos documentais, correspondendo a aproximadamente 16,5 milhões páginas.
2006
Reuniões e estudos técnicos, visando à implantação do Memórias Reveladas, projeto de iniciativa da Casa Civil da Presidência da República.
2007
Aprovação, no âmbito do CNIC/Minc do "PRONAC 07-6040, Projeto Memórias Reveladas". O Projeto permitiu a captação, por intermédio da Lei Rouanet (Lei n. 8.313/91), na modalidade mecenato, dos recursos necessários ao tratamento dos acervos dos extintos Departamento Estadual de Ordem Política e Social (DEOPS) e Departamento de Ordem Política e Social (DOPS), órgãos centrais no aparato repressor do regime militar, que tinham como missão espionar e reprimir opositores. Além desses, foram tratados outros acervos de interesse, públicos e privados. Os recursos patrocinados são utilizados para a contratação e para o treinamento de equipes, para a aquisição de equipamentos e materiais de consumo, de forma a caracterizar o Memórias Reveladas como um investimento na preservação do patrimônio documental do País.
2008
Aquisição de equipamentos e de material de consumo, treinamento de pessoal, criação do portal e do banco de dados, adesão de novos parceiros.
Maio de 2009
Criação do Centro de Referência das Lutas Políticas no Brasil (1964-1985): Memórias Reveladas por intermédio da Portaria n. 204, de 13 de maio de 2009.
Maio de 2009
Lançamento do Edital Público de Chamamento de acervos 001/2009, com o objetivo de sensibilizar a sociedade brasileira sobre a necessidade de doação de acervos sobre o período do regime militar. Essa iniciativa teve como resultado, até o mês de abril de 2010, a doação de aproximadamente 200 mil páginas de documentos textuais sobre o período, além de livros e documentos audiovisuais.
Maio de 2009
Enviado ao Congresso Nacional o Projeto de Lei n. 5228/2009, de 5 de maio de 2009, que regula o acesso a informações previsto no inciso XXXIII do art. 5º, inciso II do § 3º do art. 37 e no § 2º do art. 216 da Constituição Federal de 1988.
Agosto de 2009
Instalação do Conselho Consultivo e da Comissão de Altos Estudos do Memórias Reveladas.
Setembro de 2009
Lançamento da campanha de rádio, T.V., mídia impressa e Internet do Memórias Reveladas, direcionada para a localização de desaparecidos políticos e para a doação de acervos sobre o período.
Dessas ações e propostas resultou a criação do Centro de Referência das Lutas Políticas no Brasil (1964-1985) - Memórias Reveladas, coordenado pelo Arquivo Nacional, atualmente uma secretaria do Ministério da Gestão e Inovação em Serviços Públicos.
Dezembro 2009
Lançamento do edital da primeira edição do Prêmio de Pesquisa Memórias Reveladas, concurso monográfico de trabalhos que utilizem fontes documentais do período de 1964-1985.
Março de 2010
A Rede Memórias Reveladas atinge 30 instituições parceiras.
Novembro de 2010
Promoção do Seminário Internacional sobre Acesso à Informação e Direitos Humanos, na Escola da Magistratura do Estado do Rio de Janeiro.
Dezembro 2010
Participação do Arquivo Nacional e do Memórias Reveladas na elaboração do anteprojeto de “lei geral de acesso à informação”, que daria origem a atual Lei 12.527, de 18 de novembro de 2011, apelidada de “Lei de Acesso à Informação”.
Abril de 2011
Realização do II Seminário Internacional O Mundo dos Trabalhadores e seus Arquivos – Memória e Resistência, sobre a importância dos arquivos dos trabalhadores e de seus sindicatos para a reflexão sobre o período de 1964-1985. O seminário foi realizado em parceria com a Central Única dos Trabalhadores – CUT, e contou com o apoio de universidades e centros de pesquisa.
Abril – Agosto de 2011
Realização da exposição ‘Registros de uma Guerra Surda’, na sede do Arquivo Nacional, no Rio de Janeiro.
Dezembro de 2011
Finalização técnica das atividades “PRONAC 07-6040, Projeto Memórias Reveladas”, resultando na preservação de acervos estaduais relacionados aos extintos Departamentos de Ordem Política e Social – DOPS. Em virtude do projeto, foram publicados, no Banco de Dados Memórias Reveladas, 418.602 registros de informação sobre acervos do período de 1964-1985.
Dezembro de 2011
Promoção, em parceria com a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, da Oficina “Fontes para a História do Regime Militar”, voltada para pesquisadores e acadêmicos com atuação na área de direitos humanos e de justiça de transição.
Fevereiro de 2012
Lançamento de nova iniciativa de recolhimento de acervos públicos federais relacionados ao extinto SISNI – Sistema Nacional de Informações e Contrainformação.
Abril de 2012
A Rede Memórias Reveladas atinge 60 instituições parceiras.
Agosto de 2012
Remontagem da exposição ‘Registros de uma Guerra Surda’, na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro – PUC-Rio.
Setembro de 2012
Publicação do Edital da 2ª Edição do Prêmio de Pesquisa Memórias Reveladas, concurso monográfico de trabalhos que utilizem fontes documentais do período de 1964-1985.
Abril de 2013
Publicação dos livros vencedores da primeira edição do Prêmio de Pesquisa Memórias Reveladas: “O Terror Renegado” (Alessandra Gasparotto), “Todo o Leme a Bombordo” (Anderson da Silva Almeida) e “No Centro da Engrenagem” (Mariana Joffily).
Junho 2013
Recolhimento, pelo Arquivo Nacional, do Acervo da extinta Divisão de Informações da Petrobras, composto por cerca de 132 mil itens, sobretudo microfichas, cobrindo um período de 30 anos (1962-1992).
Junho de 2013
Realização do Seminário Internacional Documentar a Ditadura: Arquivos da Repressão e da Resistência, em parceria com universidades e centros de pesquisa. O seminário teve por objetivo discutir os atos de documentar a ditadura e as particularidades que envolvem o tratamento desses acervos.
Agosto de 2013
Anúncio dos vencedores da 2ª Edição do Prêmio de Pesquisa Memórias Reveladas: “Dossiê Itamaracá: cotidiano e resistência dos presos políticos da Penitenciária Barreto Campelo, na ilha de Itamaracá-PE (1973-1979)”, de Joana Santos Rolemberg Côrtes; “Os Vigilantes da Ordem: a cooperação DEOPS/SP e SNI e a suspeição aos movimentos pela anistia (1975-1983)”, de Pâmela de Almeida Resende; e “Os Protagonistas do Araguaia: trajetórias, representações e práticas de camponeses, militantes e militares na guerrilha”, de Patrícia Sposito Mechi.
Dezembro de 2013
A Rede Memórias Reveladas atinge 80 instituições parceiras, no Brasil e no exterior.
Agosto 2013
Digitalização, pelo Arquivo Nacional, de aproximadamente 13 milhões de páginas de documentos relacionados ao extinto SISNI – Sistema Nacional de Informações e Contrainformação, incluindo o acervo do Serviço Nacional de Informações - SNI.
Março 2014
Elaboração de novo projeto para tratamento de acervos estaduais do período de 1964-1985 e encaminhamento para análise no Ministério da Justiça.
Março 2014
Exposição “Memórias Reveladas: as lutas políticas no Ceará (1964-1985)”, realizada pelo Arquivo Público do Estado do Ceará (APEC), com base no acervo DOPS preservado em parceria com o Arquivo Nacional.
Dezembro 2014
Entrega do relatório final da Comissão Nacional da Verdade (CNV). Início do recolhimento do acervo da CNV pelo Arquivo Nacional, para integração ao Centro de Referência Memórias Reveladas, conforme disposto no parágrafo único do art. 11 da Lei 12.528/2011.
2015
Cooperação do Memórias Reveladas com diversas comissões da verdade, em especial a Comissão Estadual da Verdade do Rio de Janeiro, Comissão Estadual da Verdade da Paraíba, Comissão Estadual da Verdade de Sergipe, Comissão Municipal da Verdade de Volta Redonda, Comissão Municipal da Verdade de Petrópolis e Comissão Universitária da Verdade da UFRJ.
2015
Diagnóstico dos acervos DOPS estaduais e elaboração de projeto de digitalização de acervos nos estados de Pernambuco e Goiás.
Março 2015
Lançamento da coleção “Arquivos e o Direito à Memória e à Verdade: comunicações do 3º Seminário Internacional “O Mundo dos Trabalhadores e seus Arquivos”’.
Outubro 2015
Publicação dos trabalhos vencedores da 2ª Edição do Prêmio de Pesquisa Memórias Reveladas: “Dossiê Itamaracá: cotidiano e resistência dos presos políticos da Penitenciária Barreto Campelo, na Ilha de Itamaracá-PE (1973-1979)”, de Joana Santos Rolemberg Côrtes; “Os Vigilantes da Ordem: a cooperação DEOPS/SP e SNI e a suspeição aos movimentos pela anistia (1975-1983)”, de Pâmela de Almeida Resende; e “Os Protagonistas do Araguaia: trajetórias, representações e práticas de camponeses, militantes e militares na guerrilha”, de Patrícia Sposito Mechi.
2016
Início do projeto de digitalização de acervos DOPS no Centro de Documentação e Informação da Universidade Federal de Goiás e no Arquivo Público Estadual Jordão Emerenciano (Pernambuco).
Dezembro 2016
Lançamento da coletânea “Ditadura e Transição Democrática”.
Dezembro 2016
Lançamento da nova versão do Portal Memórias Reveladas.
Maio 2017
Realização de oficina do Memórias Reveladas no Instituto Histórico e Geográfico do Sergipe.
Junho 2017
Parceria internacional do Arquivo Nacional, por intermédio do Memórias Reveladas, com a Brown University para realização do projeto Opening the Archives. O projeto é dedicado à digitalização e indexação de documentos oficiais dos EUA relacionados ao Brasil entre os anos 1960 e 1980, e conta também com a participação da Universidade Estadual de Maringá (Paraná, Brasil) e do National Archives (EUA).
Setembro 2017
Participação do Memórias Reveladas no III Seminário de História. História e Política: entre conflitos e revoluções. Universidade Estadual do Pará.
Dezembro 2017
Lançamento da 4ª edição do Prêmio de Pesquisa Memórias Reveladas, concurso monográfico com base em fontes do período do regime militar.
Agosto 2018
Inauguração da nova versão do Banco de Dados Memórias Reveladas, com acervo estimado em 13 milhões de páginas de documentos textuais com reconhecimento óptico de caracteres (Optical Character Recognition – OCR), permitindo a busca por nomes e expressões.
Novembro 2018
Publicação dos livros vencedores da 3ª edição do Prêmio Memórias Reveladas. Foram publicados os trabalhos “Do Hábito à Resistência”, de Caroline Jaques Cubas; “Repressão a Militares na Ditadura pós-1964”, de Claudio Beserra de Vasconcelos; e “Ditadura e Corrupção”, de Diego Knack.
Janeiro 2019
A Rede Memórias Reveladas atinge 138 parceiros no Brasil e no exterior.
Março 2019
Finalização das atividades de digitalização dos acervos DOPS de Goiás e Pernambuco.
Maio 2019
Seminário Arquivos, Verdade e Democracia: 10 anos do Memórias Reveladas, em parceria com o Instituto de Estudos Sociais e Políticos (IESP/UERJ) e com a Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio).
Setembro 2019
O Banco de Dados Memórias Reveladas atinge 18 milhões de páginas de documentos textuais digitalizados e com reconhecimento óptico de caracteres (OCR), incluindo acervos federais, estaduais e parte dos documentos produzidos ou acumulados pela Comissão Nacional da Verdade (CNV).
Elaboração de novo projeto para tratamento de acervos estaduais do período de 1964-1985, atualmente em análise no Ministério da Justiça.
Dezembro 2019
A Rede Memórias Reveladas atinge 155 parceiros no Brasil e no exterior.
Abril 2022
Lançamento das obras vencedoras da 4ª edição do Prêmio de Pesquisa Memórias Reveladas
Maio de 2024
Lançamento do edital da 5ª edição do Prêmio de Pesquisa Memórias Reveladas