Quem é Nilo Peçanha?
Nilo Procópio Peçanha nasceu em Campos dos Goytacazes, Rio de Janeiro, em 02 de outubro de 1867. Criado em berço humilde, de um pequeno lavrador que, mais tarde, vendeu as suas terras, para comprar uma padaria no Morro do Coco, dedicou-se aos estudos desde cedo, dividindo seu tempo entre a entrega dos pães e os livros.
Aos 17 anos, ingressou na 1ª Turma do Liceu de Humanidades, onde soava com força a voz de José do Patrocínio (1854-1905), o Tigre da Abolição, cidadão campista que liderava a luta republicana e abolicionista no Brasil. Saindo do Liceu, Nilo, estudante brilhante e dedicado, acessaria os círculos republicanos da Faculdade de Direito do Recife, que forjariam o seu espírito revolucionário, liberal, republicano e abolicionista.
De volta a Campos, em 1887, o jovem advogado enfrentaria o desprezo da elite campista que “Nele viam o mulato, pela sua tez bastante morena, estranha à casta que até então empalmava os negócios do Estado, o homem simples, sem títulos de nobreza, sem brasões e sem fortuna”[1]. Assumindo protagonismo político, iria se opor aos setores dominantes, liderando as campanhas pela abolição e pela república, efetivadas em 1888 e 1889. Na esteira desses movimentos, candidata-se à Assembleia Constituinte de 1891, sendo eleito pelo seu estado e assinando, aos 23 anos de idade, a Primeira Constituição da República.
Em maio de 1903, torna-se senador da República. Seu desempenho o cacifou para um voo ainda mais alto - em dezembro de 1903 foi eleito presidente do estado do Rio de Janeiro, impressionando a todos pela eficiência da administração. Seu grande foco, contudo, era a Educação. Nilo reconhecia na instrução pública o mais eficiente motor de desenvolvimento para o seu Brasil, ainda tão marcado pela repulsa ao trabalho e pelo desprezo das atividades técnicas, heranças de uma cultura escravista. Reconhecia os avanços alcançados pela Academia que, agora, tinha constituído uma República de Bacharéis, mas estava certo de que era o domínio das técnicas, o apreço à atividade manual, que poderia levar o país a outras condições.
O sucesso político continuava e Nilo se elegeria vice-presidente da República, tomando posse em 15 de Novembro de 1906. Estava montado o cenário que o levaria à sua provação máxima, decorrente de um acontecimento inesperado: em junho de 1909, morre o presidente Afonso Pena. Nilo Peçanha seria instado a assumir o posto mais alto da nação para um “mandato tampão” de apenas 17 meses.
Empossado presidente, Nilo compreendia que somente a Educação Profissional poderia modificar a realidade brasileira e, em apenas 3 meses iniciaria uma revolução na educação: em 23 de Setembro de 1909, criaria as primeiras 19 Escolas de Aprendizes e Artífices, dando origem ao que, hoje, conhecemos como Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica. Uma Rede centenária que, aliando tradição e inovação, se espraia por todo o território nacional, difundindo a cultura científica e tecnológica, promovendo o desenvolvimento nacional e fiando-se nas palavras de seu patrono criador: “O Brasil de hoje saiu das Academias, o Brasil de amanhã sairá das Oficinas” (Nilo Peçanha).
[1] PEÇANHA, Celso. Nilo Peçanha e a Revolução Brasileira. Rio de Janeiro: Emebê Editora, 1978.