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TRILHAS DA EDUCAÇÃO
TRILHAS DA EDUCAÇÃO
Crianças que aprendem matemática e português com brinquedos criados a partir do lixo produzido pelas indústrias têxteis. Isso é realidade no município de Divinópolis, no oeste de Minas Gerais, grande polo de moda e confecção.
Com a economia local baseada nessa produção, é comum ver pelas calçadas sacos cheios de retalhos. Normalmente, são os tecidos coletados pelos caminhões de lixo e depositados de forma inadequada em aterros, que acabam sendo um risco de contaminação para o meio ambiente porque podem estar com graxas e óleos usados nas máquinas da indústria.
E o que fazer com esses materiais poluentes e inflamáveis? Foi tentando responder a essa questão que surgiu uma parceria entre o Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (Cefet-MG) e as escolas da região. A professora do instituto, Maria de Lourdes Couto Nogueira, decidiu estudar o assunto e transformá-lo em foco de sua tese de doutorado.
“A indústria da moda é a segunda mais poluente do mundo. E hoje, com as fibras artificiais, o impacto ambiental é muito grande. A gente está desenvolvendo os jovens a partir da reciclagem especialmente com resíduos têxteis”, explicou a docente.
O projeto funciona de forma complementar às aulas. Alunos dos cursos Técnico e Superior de Moda do Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (Cefet-MG) ajudam a recolher os resíduos que antes ficavam nas ruas e transformam tudo em brinquedos pedagógicos.
De um lado, existe a preocupação com a sustentabilidade, já que as fibras sintéticas dos tecidos levam muitos anos para se decompor. E de outro lado, a vontade de querer melhorar a vida da comunidade. Essas foram as motivações para que o Grupo de Pesquisa de Vestuário e Moda começasse a investir no desenvolvimento do setor e na qualificação de profissionais.
“As matérias de matemática e de português podem ficar mais fáceis para as crianças a partir de um trabalho lúdico com brinquedos vindos da reciclagem. Os alunos têm objetos concretos para somar e subtrair. As operações matemáticas, por exemplo, deixam de ser imaginárias. É mais fácil somar brinquedos do que contar na velha tabuada”, explicou Maria de Lourdes.
Algumas letras do alfabeto têm o mesmo som. Até adultos confundem. Imagine para as crianças guardarem tudo na memória. Aí, veio a técnica dos bordados, com sobras de linhas das confecções.
“A gente trabalha as dificuldades. Um esse, dois esses, o c e o cedilha. Tem um painel onde as crianças vão ter as palavras todas escritas e todas bordadas com retalhos de tecidos e as crianças vão colocando as letrinhas naquelas letrinhas bordadas”, completou a professora.
Essa colorida experiência não uniu só costuras a brinquedos. Atraiu também a necessidade de um aluno para concluir o curso. A partir de relatos de pais sobre os brinquedos que filhos mais gostavam e com a ajuda de um questionário destinado a professores, o aluno do Cefet Luiz Gustavo identificou os materiais mais adequados para reuso. E descobriu o mais importante: de forma lúdica, com jogos e brincadeiras, o aprendizado ficava muito mais interessante.
“A gente decidiu focar o trabalho em cima disso. Então, a gente teve um tempo, realmente, de pensar em jogos e brincadeiras que seriam úteis. Com isso, a gente formulou alguns jogos e fomos à escola novamente. Conversamos com a professora. Ela gostou muito das ideias e deu autorização”, afirmou o docente.
Em breve, Maria de Lourdes e Luiz Gustavo vão rodar várias escolas de Divinópolis para mostrar como os professores podem reciclar os restos de tecidos e transformá-los em brinquedos. A ideia é multiplicar a iniciativa tão simples e importante.
Saiba mais – O projeto que transforma lixo de indústrias têxteis em brinquedos aprender português e matemática é o tema da edição desta sexta-feira, 20 de setembro, do programa Trilhas da Educação, da Rádio do MEC.
Assessoria de Comunicação Social