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TRILHAS DA EDUCAÇÃO
Interesse pelo jogo de xadrez em escola rural do Paraná faz melhorar desempenho de alunos
Alunos dispersos, circulando durante um turno e outro de aula. Foi nesse cenário que uma funcionária da Escola Estadual do Campo São João, na zona rural de Ubiratã, no Centro-Oeste do Paraná, teve a ideia de oferecer aos estudantes uma alternativa de recreação para lá de desafiadora: o xadrez. Como já praticava o jogo por hobby, Vânia Aparecida Suttanni idealizou o projeto Xadrez Amigo, que causou uma transformação na escola e até fora dela. Ela conta essa história no programa Trilhas da Educação, produzido pela rádio do MEC, nesta sexta-feira, 5.
A iniciativa, que há oito anos envolve os estudantes da escola, motivando-os para os desafios do jogo de tabuleiro, teve pouca integração no início, inclusive com outras escolas e projetos da região. Mas o gosto pela prática foi tanto que o jogo passou a ser praticado pelos alunos até nos finais de semana. “Como nos saímos bem nos primeiros Jogos Escolares, em 2011, começamos a treinar nos domingos, fazer encontros, promover lanches”, conta Vânia Suttanni.
Com o tempo, as equipes passaram a participar de competições escolares e de outras atividades no estado. Três são finalistas do campeonato paranaense, entre eles, um aluno que começou a praticar o jogo ainda no terceiro ano. “Hoje faz três anos que ele está no esporte e se classificou para a final de um paranaense. Pense o que é isso para um menino de dez anos, no sexto ano”, comemora a idealizadora do projeto.
Vânia explica que o interesse dos estudantes pela iniciativa passou a refletir, também, nas notas em sala de aula. As habilidades exigidas no tabuleiro ajudam no desenvolvimento da atenção, memória, foco, raciocínio lógico, entre outros aspectos. O resultado do desempenho dos alunos acaba revelado não só pelos professores, mas também pelo aumento de índices positivos nos indicadores educacionais.
Concursada da área administrativa, ligada à Rede Estadual de Educação, Vânia é a única funcionária da secretaria da Escola Estadual do Campo São João. E o Xadrez Amigo virou referência local. “A escola é rural, pequena; as comunidades já não têm tantos filhos como antes e o projeto é um atrativo para as crianças, para que elas não saiam da nossa escola”, conta. Ela esclarece, ainda, que alguns alunos saíram da escola, mas não deixaram de praticar o xadrez. Outros, retornam como voluntários.
“Tem uma menina que faz medicina e quando sabemos que ela está na comunidade, a gente vai lá chamá-la para fazer um ‘treininho’. Ela vai, dá o treino a eles, ensina umas dicas. É assim: o ex-aluno passa para o aluno atual”, conta Vânia.
A comunidade também se mobiliza em torno das demandas do Xadrez Amigo. De acordo com Vânia, tanto a prefeitura quanto as empresas da cidade auxiliam no projeto, fornecendo transporte para levar os alunos aos campeonatos e patrocinando a compra de materiais, por exemplo. “No fim, a colaboração é geral, cada um ajuda como pode”, diz, orgulhosa.
Para a funcionária da Escola Estadual do Campo São João, há algumas peças fundamentais na construção dessa boa relação com as crianças, que vão além dos cavalos e das 64 casas onde ocorre a prática do esporte. “Na minha escola tem esse carinho ainda. Trabalhamos por amor ao que fazemos. É uma coisa mútua, eu estou ali por trás, mas tem mais gente comigo, não estou sozinha”, conclui.
Assessoria de Comunicação Social