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EDUCAÇÃO SUPERIOR
UFRN cria dispositivo que torna cirurgias menos traumáticas
A invenção é composta de três regiões: corpo, colo e cabeça. Foto: Cícero Oliveira/Agecom/UFRN
A Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), instituição vinculada ao Ministério da Educação (MEC), criou um dispositivo que permite cirurgias mais seguras e com menor trauma para os pacientes. Trata-se de um equipamento que proporciona melhor ergonomia para o cirurgião, mesmo em condições de dificuldade técnica. O produto teve concessão de carta-patente em setembro.
O instrumento cirúrgico foi desenvolvido por José Luiz de Souza Neto, professor de Medicina na UFRN, a partir de observação, de revisão de trabalhos anteriores e de testes simulados. “Essa tecnologia tem, em sua essência, a finalidade de permitir o afastamento eficaz e gentil dos tecidos, visando possibilitar certos procedimentos, sobretudo os que requerem menores incisões ou em situações técnicas menos favoráveis, como em um paciente obeso”, afirmou o inventor.
Ele explicou que os instrumentos utilizados para esse fim atualmente são, em sua maioria, centenários. Por isso, em geral têm eficiência limitada, especialmente em pacientes com obesidade. Assim, muitas vezes é necessário reposicioná-los constantemente, realizar tração excessiva dos tecidos e fazer incisões maiores. Segundo Neto, a soma dessas situações gera traumatismos indesejáveis aos pacientes, já que quanto maior a tração e a lesão, maior a inflamação e a dor no pós-operatório, além da possibilidade de cicatrizes maiores.
Portanto, o novo equipamento representa uma atualização técnica, em um cenário em que os procedimentos têm buscado gerar cortes reduzidos. “O equipamento permite uma exposição eficaz dos tecidos com menor esforço manual e maior conforto. Uma visualização adequada dos tecidos é fundamental para a execução segura de uma cirurgia”, destacou Neto.
Assista a vídeo em que o pesquisador apresenta a pesquisa:
Patente de criações – Neto defendeu que a proteção industrial das criações das universidades deve ser valorizada. “Percebo uma preocupação crescente no meio acadêmico nesse sentido, sobretudo porque, se não formos capazes de valorizar nossas próprias soluções, continuaremos perdendo oportunidades de produzir conhecimento, desenvolvimento científico e até mesmo econômico”, pontuou.
Outro ponto defendido pelo docente é que essa patente pode abrir caminho para uma linha de pesquisa voltada à criação de dispositivos dedicados à área cirúrgica. Neto acredita que a iniciativa pode também estimular os cirurgiões a inovarem e a buscarem alternativas para cirurgias mais seguras.
“A inovação pode ser algo simples e nem sempre exige investimentos milionários. Sempre digo que o povo brasileiro é muito criativo, somos capazes de muito, mas, muitas vezes, não acreditamos em nossas capacidades e não protegemos nossas boas ideias. Quando entendermos a importância de acreditar em nossa capacidade de encontrar soluções, criando uma cultura de inovação, transformaremos o Brasil em um grande celeiro de pensadores, oportunidades, desenvolvimento e riqueza”, finalizou.
Este conteúdo é uma produção da UFRN, com apoio da Secretaria de Educação Superior (Sesu)