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EDUCAÇÃO INCLUSIVA
MEC articula inclusão da pessoa com síndrome de Down
Construir uma educação que reconhece e valoriza as diferenças e a diversidade é uma das missões da atual gestão do Ministério da Educação (MEC), que aposta na inclusão como um direito. É nesse sentido que a Pasta celebra, nesta quinta-feira, 21 de março, o Dia Internacional da síndrome de Down. A data foi estabelecida pela Organização das Nações Unidas (ONU) para fomentar que a sociedade discuta e garanta práticas e políticas voltadas à inclusão das pessoas com T21/síndrome de Down.
Em novembro de 2023, o MEC lançou o plano de reafirmação e fortalecimento da Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva. Esse plano surgiu a partir de um compromisso com o direito humano à educação inclusiva, consignado no artigo 24 da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e na Lei Brasileira de Inclusão. A iniciativa significa mais investimento na qualificação de professores, renovação e universalização das salas de recursos multifuncionais, bem como garantia de apoios e tecnologias assistivas.
Diálogo – Na quarta-feira, 20 de março, a secretária de Educação Continuada, Alfabetização de Jovens e Adultos, Diversidade e Inclusão, Zara Figueiredo, ao lado do diretor de Políticas de Educação Especial na Perspectiva Inclusiva, Alexandre Mapurunga, recebeu autodefensores do movimento da síndrome de Down. O intuito foi dialogar acerca da importância da inclusão escolar e da política de educação inclusiva para seu segmento.
Conforme pontuou a secretária Zara Figueiredo, escutar os autodefensores é fundamental para que o MEC possa compreender a melhor forma de fazer a política de educação inclusiva. “Nesse encontro, a gente pode ouvir das pessoas com síndrome de Down o que de fato precisa ser feito, a partir do olhar delas e da própria história de cada uma. Isso é fundamental para articularmos ações de fortalecimento da cultura de conscientização da importância da inclusão na educação. Para isso, precisa-se de um eixo condutor, que é o MEC”, afirmou.
Durante a reunião, Jessica Mendes de Figueiredo, de 32 anos, que tem síndrome de Down, falou da importância do trabalho de conscientização no ambiente escolar e dos desafios que enfrentou na universidade. Ela é graduada em fotografia e disse ter enfrentado o preconceito e a rejeição na época da faculdade, mas que os superou com o trabalho de conscientização e inclusão realizado por sua família na instituição de educação superior em que estudou.
“Com isso tudo, eu consegui ter superação. E, hoje, eu sinto isso, que todas essas dificuldades foram superadas. Sou fotógrafa e validadora de linguagem simples na Secretaria Nacional da Pessoa com Deficiência [do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania]. A validação começa sempre em ter paciência para fazer um documento, e a leitura de um documento requer tempo. Eu faço isso e já tenho agilidade para fazer essa função de validação dentro de um documento, de um texto”, afirmou Jéssica, que já está no mercado de trabalho há mais de dez anos. Segundo ela, o apoio familiar também foi muito importante para se reconhecer como uma mulher com síndrome de Down e ter orgulho de si.
Vinícius de Castro Alves Barbosa Dias, estudante do 3º ano do ensino médio, também tem síndrome de Down. O jovem, de 13 anos, sonha em fazer faculdade de Artes Cênicas e já tem seu destino traçado em sua mente, com consciência de cada passo que realizará. “Eu quero fazer faculdade de artes cênicas porque eu amo atuar”, contou. Ele afirmou adorar as aulas de redação da escola, assim como as de artes. “Gosto de desenhar e gosto de fazer teatro também, gosto de fazer peça”, completou.
Já Giovanna Pinelli, de 14 anos, disse gostar de ir para a escola e que lá tem muitos amigos. Ela é modelo e realiza diversas campanhas de conscientização sobre a síndrome de Down. Sua mãe, Cléo Bohn, que é presidente da Federação Brasileira das Associações de Síndrome de Down, reforçou que a inclusão e a convivência são muito importantes para quem tem a síndrome, como poder estar no social com os colegas. “As pessoas com deficiência intelectual aprendem com a observação, existem pesquisas que comprovam isso. E é muito importante também para as outras pessoas sem deficiências, para elas entenderem a dificuldade, terem empatia, respeito, solidariedade e auxiliarem para que a inclusão aconteça. Não é só o professor que é responsável pela turma isoladamente, é toda a comunidade escolar, como seus colegas também”, ressaltou.
Para o diretor Alexandre Mapurunga, da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização de Jovens e Adultos, Diversidade e Inclusão (Secadi), receber o movimento de famílias e estudantes com síndrome de Down no MEC reforça a importância da Política Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva, além de levar para o Ministério a perspectiva de quem está vivenciando, de quem vai ser o sujeito da política e, assim, levar a Pasta a direcionar melhor as ações que está realizando.
“Este momento é muito importante, porque o movimento de autodefensoria traz uma perspectiva das próprias pessoas com síndrome de Down, e isso, como pode ser demonstrado, adiciona muito para a gente, que está fazendo a Política. Por exemplo, a Jéssica falou da perspectiva da conscientização para que a inclusão seja possível, para que haja uma transformação cultural dentro do ambiente escolar e que a inclusão possa acontecer de maneira efetiva”, concluiu.
Ao final da reunião, os autodefensores tiveram um encontro com o Ministro de Estado da Educação, Camilo Santana, que conversou com eles e os parabenizou pela trajetória educacional que vêm traçando. Jéssica presenteou o Ministro com seu livro de fotografia “Asas e Flores: o olhar fotográfico de Jéssica Mendes”.
Agenda – Na próxima segunda-feira, 25 de março, o Ministério da Educação anunciará o Encontro de Autodefensores em Defesa da Educação Inclusiva, a ser realizado no segundo semestre de 2024. A data será definida em breve.
Assessoria de Comunicação Social do MEC, com informações da Secadi