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UNIVERSIDADES FEDERAIS
UFSC recebe premiação por inclusão de pessoa autista
Foto: Divulgação/UFSC
A Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), instituição vinculada ao Ministério da Educação (MEC), foi reconhecida com o selo “Todos Nós”, concedido pela Associação Nacional para Inclusão de Pessoas Autistas (ANIA). A certificação foi entregue durante o III Simpósio Internacional de Inclusão no Ensino Superior, e representa um reconhecimento pela implementação de ações para a inclusão plena dentro da instituição.
A UFSC é a primeira universidade pública brasileira a receber o selo. Segundo Leslie Sedrez Chaves, pró-reitora de Ações Afirmativas e Equidade (Proafe) da UFSC, “coroa e reconhece um trabalho que é realizado há mais de 10 anos pela Coordenadoria de Acessibilidade Educacional (CAE) [que integra a pró-reitoria] e se consolida ainda mais nesta gestão”. A entrega do prêmio ocorreu em solenidade na Assembleia Legislativa de Santa Catarina (Alesc) e foi transmitida ao vivo pelo canal da Assembleia no YouTube.
“Dificilmente a gente encontra uma instituição que esteja pronta. Mas a gente vê muitas instituições comprometidas, que estão nessa mesma luta conosco, que fazem um trabalho que a gente compartilha as aspirações, os valores, os sonhos”, disse Guilherme de Almeida, presidente da ANIA.
Bianca Souza, coordenadora da CAE, explica que, para a equipe de cerca de 30 pessoas entre servidores, estagiários e trabalhadores terceirizados, o selo “Todos Nós” é de extrema relevância e deve ser assimilado como compromisso não só para sua coordenadoria como para toda a UFSC. “A acessibilidade é para todos. O atendimento de estudantes com deficiência não é responsabilidade só da CAE, é de toda a Universidade. Essa é a primeira barreira que precisa ser rompida: compreender o estudante com deficiência como um estudante que merece respeito, parte da Universidade que merece ser visto com um olhar inclusivo, empático, acolhedor, respeitoso, assim como qualquer outra pessoa da comunidade”.
Para promover essa visão, a CAE aposta na formação e capacitação dos profissionais que compõem o quadro técnico e docente da UFSC, para que qualquer setor possa promover um atendimento qualificado a qualquer pessoa. “O capacitismo é estrutural, e precisa-se romper com ele em todos os espaços”, reforça a coordenadora.
Atendimentos pela UFSC – Segundo o levantamento da CAE disponível no site, nos cursos de graduação da UFSC há 103 estudantes autodeclarados como neurodivergentes (dados do semestre 2023.2). Esse número pode ser maior, explica Bianca, pois muitos não ingressaram pelo sistema de cotas para pessoas com deficiência, ou não se autodeclaram autistas no momento da matrícula. O número de estudantes de graduação da UFSC com alguma deficiência saltou de 91 pessoas em 2014 para 545 pessoas em 2024, segundo o mesmo levantamento da CAE.
O atendimento das pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) não segue um protocolo fixo, conforme explica Bianca. “Mesmo quem não é autodeclarado é atendido pela CAE. Basta nos procurar, fazemos uma entrevista para entender a necessidade individual”, conta. “Cada pessoa tem sua própria história, sua trajetória, a maneira de lidar com a sua condição. Sempre que chega um estudante à CAE, apresentamos o nosso trabalho, e buscamos junto com a pessoa identificar as suas demandas, encaminhando também junto ao curso, se o estudante permitir”, detalha.
“Fazemos o acompanhamento desde antes do início das aulas, realizando a ambientação, levando o estudante e sua família para conhecer os espaços da UFSC que a pessoa irá frequentar. O ensino superior exige autonomia que às vezes os estudantes com TEA ainda não têm, e as famílias podem sentir essa insegurança. Então nosso trabalho é voltado para que todos se sintam mais seguros e autônomos, como adultos confiantes e protagonistas de suas próprias histórias”, salienta a coordenadora.
Junto ao curso, a CAE trabalha com a orientação de docentes e técnicos, para que a Universidade possa oferecer o suporte adequado aos estudantes. “Em sala de aula pode ser que a pessoa precise de um acompanhamento pedagógico, auxílio com as tarefas educacionais. Outros só precisam da articulação da CAE com os docentes para promover a equidade, seja na concessão de mais tempo, prazo, antecipação das demandas para que o estudante não seja surpreendido com provas e trabalhos não planejados. Eventos assim causam desestabilização para o estudante neurodivergente, então vamos orientando, sempre respeitando o desejo e a autorização do estudante”, complementa.
Equipe multiprofissional – A CAE é formada por uma equipe multiprofissional que envolve servidoras técnico-administrativas que são pedagogas, fonoaudióloga, assistentes sociais, intérpretes de Libras, psicóloga e assistente em Administração; além de estagiários e profissionais terceirizados, que são cuidadores e intérpretes de Libras. A maior parte da equipe de trabalhadores atua no Campus de Florianópolis, onde também se concentra a maior parte da demanda. Os outros campi são atendidos a distância, mas também através de visitas agendadas e com o trabalho de estagiários e terceirizados alocados nas unidades. Porém, ainda é necessária a ampliação deste atendimento, o que se impõe como um dos maiores desafios da instituição.
“O atendimento aos estudantes com deficiência é uma demanda que a UFSC precisa ampliar. O trabalho é bastante intenso, individualizado, requer muito da equipe, que, apesar de grande, é insuficiente. Mesmo com os desafios de pessoal e infraestrutura, temos conseguido garantir o apoio e respeito aos estudantes, que nos avaliam sempre positivamente”, acredita Bianca.
A pró-reitora Leslie complementa que a UFSC trabalha na ampliação do atendimento por meio da construção de políticas para promover a inclusão e pelos direitos das pessoas com deficiência na Universidade, sendo elas estudantes ou trabalhadores da instituição. “A UFSC é uma organização comprometida com a luta pela inclusão. Receber o selo ‘Todos Nós’ demonstra o quanto é importante que as instituições públicas possam garantir o acesso de todas as pessoas à educação e aos serviços que a Universidade proporciona. É fundamental continuar lutando por esses direitos e por investimentos na educação pública”, reforça.
Selo ‘Todos Nós’ – Pensado exclusivamente para a comunidade de pessoas autistas, o selo “Todos Nós” busca fomentar e reconhecer práticas inclusivas exemplares, e assim estimular a implementação de ações que assegurem a inclusão plena e efetiva em variados contextos. Abrange escolas e empresas e locais de trabalho, organizações e comunidades em geral. Leia mais no site da ANIA.
Este conteúdo é uma produção da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), com apoio da Secretaria de Educação Superior do Ministério da Educação (Sesu/MEC)