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EDUCAÇÃO BÁSICA
Pnae fará parte da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza
O Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae) — coordenado pelo Ministério da Educação (MEC), por meio do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), autarquia vinculada à Pasta — será uma das iniciativas brasileiras bem-sucedidas apresentadas na Aliança Global contra a Fome e a Pobreza. A experiência do Brasil com o Pnae, que é um dos maiores programas de alimentação escolar do mundo, será compartilhada com governos, organizações internacionais, instituições de conhecimento, fundos e bancos de desenvolvimento e instituições filantrópicas.
Proposta pelo Brasil no G20 (grupo das 20 maiores economias do mundo, com a União Europeia e a União Africana), a aliança foi aprovada por aclamação na quarta-feira, 24 de julho, durante encontro de ministros do G20 no Rio de Janeiro.
O Pnae fará parte de um conjunto de ações a ser compartilhado com países e organizações que aderirem à aliança. Além da alimentação escolar, serão apresentadas experiências nacionais relacionadas, por exemplo, à transferência de renda, ao cadastro de famílias vulneráveis, ao apoio à primeira infância, ao apoio à agricultura familiar, entre outros.
De acordo com o ministro de Estado da Educação, Camilo Santana, o Pnae é uma importante política para combater a insegurança alimentar. “Em algumas escolas e municípios, muitas vezes a única refeição que a criança faz no dia é a oferecida na escola. Essa é uma realidade cruel. Temos de nos indignar todos os dias e não aceitar que, em um país da dimensão do Brasil, ainda tenham pessoas passando fome”, afirmou. Santana ainda destacou que o Brasil quer trabalhar junto com outros países para erradicar a fome em todo o mundo.
Segundo a presidente do FNDE, Fernanda Pacobahyba, a vasta experiência do Pnae em ações de cooperação técnica internacional pesou na indicação. "Fazer parte dessa aliança é mais uma forma de promover intercâmbio de informações com o intuito de aprimorar a alimentação escolar em todo o mundo. Na qualidade de exemplo mundial na área, conforme referendado pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), o Pnae tem muito a somar nessa parceria. Ao mesmo tempo, poderemos melhorar o programa brasileiro a partir das ações executadas em outros países.”
A coordenadora-geral do Programa Nacional de Alimentação Escolar do FNDE, Karine dos Santos, explicou que, com a inclusão do Pnae na aliança, equipes brasileiras vão levantar estratégias possíveis e apresentá-las aos integrantes da aliança. “A alimentação escolar é um programa que proporciona o desenvolvimento de várias ações que integram oferta e acesso de maneira universal aos estudantes. A experiência brasileira aponta isso — e, respeitada a soberania de cada nação, os países avaliam e aplicam o que for melhor dentro de suas realidades”, detalhou.
Com 69 anos de existência, o Pnae atende mais de 40 milhões de estudantes em todo o País, oferecendo 50 milhões de refeições diariamente em regime colaborativo com estados e municípios. A Lei da Alimentação Escolar (Lei nº 11.947/2009) é um marco significativo no programa, com a previsão da expansão do Pnae para toda a educação básica, incluindo a educação de jovens e adultos (EJA) e a obrigatoriedade de que pelo menos 30% dos repasses do FNDE sejam investidos na compra de produtos da agricultura familiar.
O Brasil apoiou cerca de 80 nações na construção dos respectivos programas de alimentação escolar. Desde 2023, o País ocupa a copresidência da Coalizão Global pela Alimentação Escolar, ao lado da França e da Finlândia.
Karine dos Santos explicou as diretrizes do Pnae: “Nossa bússola é a qualidade da oferta, com alimentação saudável da creche até a educação de jovens e adultos. Outra diretriz é a educação alimentar e nutricional, especialmente a formação de hábitos mais saudáveis, para que aquela criança faça escolhas mais saudáveis para sua vida”.
Ela esclareceu que, para a educação alimentar, há um conjunto de atores envolvidos, como nutricionistas, gestores escolares, professores, pais e estudantes. Segundo a coordenadora, a temática da alimentação deve ser tratada de forma transversal na escola. “No contexto do Pnae, há ainda o papel fundamental da agricultura familiar, responsável por levar para a escola alimentação mais saudável, alimentos in natura, livres de agrotóxicos. Hoje a média nacional mostra que atingimos 45% na aquisição dos alimentos da agricultura familiar para o programa”, completou.
Aliança Global – A Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, cujos objetivos são erradicar a fome e a pobreza no mundo até 2030, não está restrita a países integrantes do grupo, estende-se a todos os interessados.
O lançamento oficial da iniciativa será formalizado na Cúpula de Líderes do G20 em novembro, mas, com a aprovação dos documentos constitutivos na quarta-feira, foi dado início às adesões dos países. De acordo com o Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, o combate à fome exige decisão política. “Nossa melhor ferramenta será o compartilhamento de políticas públicas efetivas. Muitos países também tiveram êxito em combater a fome e promover a agricultura e queremos que esses exemplos possam ser conhecidos e utilizados”, completou Lula ao explicar a proposta da Aliança Global.
A iniciativa estabelece um compromisso internacional a fim de obter apoio político, recursos financeiros e conhecimento técnico para implementação de políticas públicas e tecnologias sociais comprovadamente eficazes no sentido de erradicar a fome e a pobreza no mundo.
O coordenador-geral de Segurança Alimentar e Nutricional do Ministério das Relações Exteriores e co-coordenador da força-tarefa do G20 para a criação da Aliança Global, Saulo Ceolin, explicou que as equipes estão envolvidas neste momento na elaboração da “cesta de políticas”: um conjunto de políticas públicas que já foram testadas, implementadas e se mostraram eficazes. Ele enfatizou que a alimentação escolar já consta no rol de políticas da cesta. “Vamos transferir experiência, conhecimento, boas práticas que adotamos a partir do Pnae, desde o aspecto normativo até a implementação, o controle e monitoramento”, acrescentou.
Assessoria de Comunicação Social do MEC, com informações do FNDE