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ENSINO MÉDIO
Webinário aborda impacto das desigualdades no ensino médio
Foto: Ângelo Miguel/MEC
O Ciclo de Webinários com Especialistas da Consulta Pública para Avaliação e Reestruturação da Política Nacional de Ensino Médio teve seu terceiro debate na segunda-feira, 8 de maio, com transmissão ao vivo pelo canal do MEC no YouTube. Os participantes debateram, principalmente, a respeito da desigualdade social como um fator de influência na formação educacional dos estudantes do ensino médio.
O evento contou com a participação dos docentes Sofia Lerche Vieira, da Universidade Estadual do Ceará (Uece); Antonio Ibañez Ruiz, da Universidade de Brasília (UnB); Gaudêncio Frigotto, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj); Mônica Ribeiro da Silva, professora da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e coordenadora do Observatório do Ensino Médio e da Rede EMPesquisa.
Para Sofia Lerche Vieira, a diversidade do país influencia na estrutura das escolas. “Se a gente percorrer o Brasil, em diferentes estados, é possível perceber que em boa parte deles tem um conjunto mais expressivo de escolas de ensino médio nos grandes centros e, às vezes, apenas uma escola de ensino médio em seus municípios como no norte e nordeste, por exemplo”, relatou.
Na mesma linha, o professor da UnB, Antonio Ibañez, afirmou que a principal fonte da desigualdade na educação básica é proveniente da pobreza. Segundo o docente, na teoria, o sistema educacional está preparado para que suas escolas sejam instituições em que todos os estudantes são tratados de forma igualitária, mas que a realidade é bem diferente, tendo em vista que o contexto de vida de cada um influencia na aprendizagem. “Os alunos chegam à escola com um nível de conhecimento muito diferenciado, dependendo da circunstância de vida que os impactou desde o seu nascimento”, explicou.
Mônica Ribeiro da Silva argumentou que o atual modelo do ensino médio não só não atende aos anseios, às necessidades e aos interesses dos jovens de escola pública como cria problemas e prejuízos. “É uma situação que amplia as desigualdades educacionais, sociais, escolares e cria um abismo entre os jovens de classe média – que estudam inclusive em escolas privadas – e a nossa juventude da escola pública, que representa 85% das matrículas”, afirmou a professora da UFPR.
Já Gaudêncio Frigotto considerou que a reforma do ensino médio não traz nada de novo, mas desestrutura a etapa de ensino. “Essa mudança é uma sonegação do conhecimento e da formação política da juventude, sendo que a grande maioria dos jovens brasileiros frequenta a escola pública”, ponderou.
Agenda – o terceiro webinário faz parte de um ciclo de encontros que serão realizados até o início de junho. Os próximos webinários estão marcados para os dias 15, 22 e 29 de maio; e 1º e 5 de junho, sempre às 19h. Nas reuniões, serão escutados professores de universidades estaduais e federais de todo o país, além de representantes de institutos e centros de estudos.
Consulta Pública – a Consulta Pública para Avaliação e Reestruturação da Política Nacional de Ensino Médio foi instituída pela Portaria nº 399/2023 e deve ocorrer até 6 de junho, podendo ser prorrogada, se necessário. O objetivo é consultar toda a sociedade e a comunidade educacional para a coleta de subsídios, que possibilitarão a tomada de decisões pelo MEC sobre os atos normativos que regulamentam o novo ensino médio.
A programação inclui: coleta pública de contribuições, por meio da Plataforma Participa + Brasil; Ciclo de Webinários com Especialistas; Ciclo de seminários “Diálogos sobre a educação básica – ensino médio”, com a Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação (Anped); consulta on-line e grupos focais com estudantes, professores e gestores, oficinas de pesquisas regionais, pesquisa presencial representativa, revisão sistemática de produção científica sobre o tema, seminário presencial com estudantes; audiências públicas com Fórum Nacional de Educação (FNE), Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed), Conselho Nacional de Educação (CNE) e Fórum Nacional dos Conselhos Estaduais e Distrital de Educação (Foncede); além de um ciclo de reuniões com 30 entidades do FNE. A programação completa está disponível na página da consulta pública no portal do MEC.
A seguir, o vídeo na íntegra do webinário:
Assessoria de Comunicação Social do MEC