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ENSINO MÉDIO
Pesquisadores do Sudeste debatem a respeito do ensino médio
Ilustração
A região Sudeste do Brasil recebeu o quarto encontro da série de Seminários da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação (ANPEd), realizado em parceria com o Ministério da Educação (MEC). Com o tema "Ensino Médio: o que as pesquisas têm a dizer? Subsídios para a Consulta Pública", o evento visa fomentar o debate entre especialistas de universidades, institutos e escolas e dar visibilidade às pesquisas como subsídio à consulta pública realizada pelo MEC sobre o tema.
O quarto Seminário ANPEd ocorreu na sexta-feira, 2 de junho, no auditório Tércio Pacitti (CCET) da Unirio, no campus Praia Vermelha, e contou com a participação de Alice Casimiro Lopes, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj); Fernando Cassio, da Universidade Federal do ABC (UFABC); Eliza Bartolozzi, da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), Teodoro Zannardi, da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-MG). O debate foi mediado por Maria Luiza Süssekind, representante da ANPEd (Unirio). A transmissão do evento está disponível no canal do MEC no YouTube.
A presidente da ANPEd, Geovana Lunardi Mendes, esteve na abertura do debate e destacou a importância de escutar os pesquisadores acerca do tema. “Essa é uma grande oportunidade que estamos tendo de dialogar com MEC, de forma democrática e direta, depois de seis anos. Também é uma oportunidade única de dar visibilidade à produção científica realizada pelos programas de pós-graduação acerca da reforma do ensino médio”.
A política curricular da reforma foi abordada pela pesquisadora Alice Casimiro Lopes. Segundo ela, a educação não se vincula a projetos identitários fixos para os alunos, como deixa parecer a reforma. “É aí que tenho escrito críticas maiores à ideia e noção de projeto de vida na reforma do ensino médio, mais do que os próprios itinerários formativos. Essa ideia de que se pode projetar o futuro, apresentada na reforma, é uma suposição de que esse futuro possa ser pré-definido de forma individual e apenas vinculada ao trabalho, mas não é assim”, afirmou.
Fernando Cassio, da Universidade Federal do ABC (UFABC), apresentou o estudo “O novo ensino médio e a indução de desigualdades escolares”. De acordo com a pesquisa, estudantes como quilombolas, indígenas, da educação de jovens e adultos e aqueles que cumprem medidas socioeducativas ou em presídios são os mais prejudicados pela reforma, com menores possibilidades de escolha sobre itinerários formativos. Também pontua que estudantes mais pobres têm menos acesso aos itinerários formativos. “Nós encontramos essa evidência tanto em 2022 quanto em 2023, em que a quantidade de escolas que ofertam entre 1, 2, 3 ou 4 itinerários e que a média de nível socioeconômico dessas escolas é mais baixa”, explicou.
Eliza Bartolozzi destacou que a reforma do ensino médio afeta todo o ensino superior e toda a educação básica e suas modalidades no País. “Isso é muito grave, porque afeta de forma a aprofundar as desigualdades sociais, assim como fragiliza o conceito de ensino médio como parte da educação básica”, pontuou a pesquisadora da Ufes.
Já Teodoro Zannardi abordou sobre a importância de se debater o papel do ensino médio como forma de compreendê-lo e evitar que essa etapa de ensino sofra mudanças em curto espaço de tempo. “Precisamos de uma reforma que tenha base democrática, popular e participativa, para que ela penetre no chão da escola. Isso só é possível vindo da escola, com seus sujeitos, das comunidades. Se não for dessa forma, a história nos conta que, em breve, podemos ter outra reforma do ensino médio”, concluiu.
Formato – cada seminário tem duração de até duas horas. O formato de trazer dois pesquisadores seniores e recém-doutores com tese sobre ensino médio se repete em todos os encontros, tendo o MEC como observador. Ao todo, estão sendo realizados cinco seminários, entre os meses de maio e junho, um em cada região do País. O primeiro foi na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (Uesb), em Vitória da Conquista (BA); o segundo na Universidade Federal do Paraná (UFPR), em Curitiba (PR); e o terceiro na Universidade Federal do Amazonas (Ufam), em Manaus (AM). O próximo ocorrerá em Brasília (DF), no dia 6 de junho.
Consulta Pública – a Consulta Pública para Avaliação e Reestruturação da Política Nacional de Ensino Médio tem como objetivo consultar toda a sociedade e a comunidade educacional para a coleta de subsídios, que possibilitarão a tomada de decisões pelo MEC sobre os atos normativos que regulamentam o ensino médio.
A programação inclui: coleta pública de contribuições, por meio da Plataforma Participa + Brasil; Ciclo de Webinários com Especialistas; Ciclo de Seminários “Diálogos sobre a educação básica – ensino médio”, com a Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação (ANPEd); consulta on-line com estudantes, professores e gestores; oficinas de pesquisas regionais; pesquisa presencial representativa; revisão sistemática de produção científica sobre o tema; seminário presencial com estudantes; audiências públicas com Fórum Nacional de Educação (FNE), Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed), Conselho Nacional de Educação (CNE) e Fórum Nacional dos Conselhos Estaduais e Distrital de Educação (Foncede), além de um ciclo de reuniões com 30 entidades do FNE. A programação completa está disponível na página do MEC sobre a consulta pública.
A seguir, o vídeo na íntegra do seminário:
Assessoria de Comunicação Social do MEC, com informações da ANPEd