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ALFABETIZAÇÃO
Concluída a primeira etapa da Pesquisa Alfabetiza Brasil
Mais de 1.500 km separam a cidade de Araguaçu, no Tocantins, de Belém, no Pará. Aos 42 anos, Lindianne Cavalcante Chaveiro, professora do 2º ano do ensino fundamental, na Escola Municipal Bricio Luan (interior tocantinense), pegou um avião pela primeira vez, com destino à capital paraense. Ela foi uma das 341 alfabetizadoras convidadas pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), órgão vinculado ao Ministério da Educação (MEC), para participar da Alfabetiza Brasil, pesquisa nacional que permitirá compreender qual é o nível esperado de alfabetização de uma criança ao final do 2º ano do ensino fundamental.
“Não adianta não andar lado a lado com o professor. Essa é a chave. A gente sabe quais são as dificuldades, o que precisa melhorar. Nós quem estamos tête-à-tête com os alunos. Participar deste processo tem sido um momento único”, disse Lindianne.
O objetivo é justamente diminuir as distâncias. Chegar a um consenso nacional sobre a criança alfabetizada em um Brasil de extensão continental e com uma diversidade cultural imensurável.
Nesse contexto, Inep e MEC consultaram professoras das cinco regiões do país (representantes das 27 unidades da Federação), a fim de coletar informações sobre o conjunto de competências que caracterizam o estudante alfabetizado. As aplicações da pesquisa foram concentradas em cinco capitais-sede (uma em cada região), entre 15 e 23 de abril.
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Centro-Oeste – Brasília (DF);
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Sudeste – São Paulo (SP);
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Nordeste – Recife (PE);
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Sul – Porto Alegre (RS); e
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Norte – Belém (PA).
Os dados coletados serão subsídio para definir um padrão a ser utilizado no Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), no sentido de estipular, objetivamente, o percentual de estudantes alfabetizados ao fim do 2º ano do ensino fundamental. Assim, o MEC poderá entender, com base em evidências, como a alfabetização ocorre em cada realidade e compatibilizar os padrões. Juliana Ventura Mazali, 38, docente da Escola Municipal Professora Shigueko Oto Iwaki, em Junqueirópolis, no interior paulista, entende que a iniciativa pode suprir lacunas que são evidenciadas diariamente.
“É fantástico participar de algo que vai nortear possíveis políticas públicas. A gente percebe que as abordagens são diferentes no sistema educacional. Uma criança chega de um município vizinho, por exemplo, já com outra forma de aprendizagem. Não há um conceito em comum sobre o aluno estar minimamente alfabetizado. E não há ninguém mais preparado que nós, que pisamos todos os dias no chão da escola, para dizer como as crianças estão aprendendo”, afirmou Juliana.
Aplicação – de acordo com Clara Machado, coordenadora-geral do Saeb, os objetivos dessa etapa foram cumpridos e o esforço de escutar os profissionais de todo o país rendeu informações para além do escopo da pesquisa. “Uma das propostas também era fazer com que as professoras se sentissem valorizadas e se entendessem como parte do processo de elaboração de políticas públicas”, explicou a coordenadora.
“Nós pensamos em avaliação, mas, em determinados momentos, perdemos as referências sobre as particularidades apresentadas por cada local. A iniciativa de escutá-las, inclusive para além do tópico principal (alfabetização e nota de corte), aproxima o Inep e o MEC da realidade vivida no dia a dia”, disse Clara Machado. Tínhamos pesquisadores e representantes anotando as observações. Afinal, são as percepções de gente absolutamente envolvida, comprometida e que conhece as políticas públicas educacionais”, completou.
Assessoria de Comunicação Social do MEC, com informações do Inep