Notícias
Paralimpíadas Escolares
Paralimpíadas Escolares terminam com 458 classificações funcionais de novos atletas
Principal legado de infraestrutura dos megaeventos para o esporte paralímpico do Brasil, o Centro de Treinamento Paralímpico já está ficando pequeno para a demanda. A opinião é do vice-presidente do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), Ivaldo Brandão. "Por incrível que pareça, o CT hoje já está ficando pequeno, pela quantidade de ações que fazemos aqui. Durante o ano, são quase 450 intervenções para ações de confederações, eventos esportivos, treinamentos de seleções adultas e de base. O CT hoje trabalha full time, com aproximadamente 60 mil refeições por ano. Não é uma coisa pequena, é gigantesca. Para os Jogos Escolares, por exemplo, está pequeno", disse.
A edição de 2019 dos Jogos Escolares terminou na sexta-feira, 22.11, e mobilizou mais de 1.200 atletas, de todas as unidades da federação. É o maior evento realizado anualmente pelo CPB. No alojamento do CT, com 86 apartamentos e capacidade para 300 hóspedes, ficaram os atletas com maior dificuldade de locomoção, em geral cadeirantes. Os demais ficaram em um hotel da capital paulista, o que demanda uma logística complexa de transporte acessível.
Para os dirigentes do CPB, um dos sintomas da efervescência do movimento paralímpico no país é a quantidade de classificações funcionais realizadas no evento escolar de 2019. Foram 458. "A gente tem sido surpreendido bastante com os Jogos Escolares. Temos visto uma renovação extremamente grande. Fizemos quase 500 novas classificações. Isso quer dizer 500 novos atletas no esporte escolar paralímpico. É motivo de grande satisfação", afirmou Alberto Martins, diretor técnico do CPB desde 2017.
Centros regionais
Para dar vazão a esse crescimento e preservar a essência de casa do esporte paralímpico do CT de São Paulo, a intenção do CPB é que até 2025 existam pelo menos 27 Centros Regionais de Referência do esporte paralímpico país afora. "Já temos 14 previstos para funcionar até o fim de 2020. Estamos preocupados não com 2020, porque 2020 na verdade já acabou. Quem está lá em Tóquio, já está. Nosso olhar estratégico é para os ciclos de 2024 e 2028", avaliou Alberto Martins.
Mais do que permitir o treinamento em alto rendimento fora da capital paulita, a intenção dos centros regionais é que eles sirvam para que os atletas brasileiros possam fazer grande parte de sua preparação próximos de suas famílias e que se tornem referência locais. "Não podemos ter excelência só em São Paulo. Temos de chegar ao país todo", disse Ivaldo Brandão.
"O CT para nós tem representatividade simbólica. Os atletas paralímpicos sabem que têm aqui uma das maiores estruturas do mundo. O que queremos é aproveitar o legado da Rio 2016 e da Copa de 2014. Há instalações que estão hoje com utilização ainda pequena. Não tenho a ingenuidade de querer um CT como o de São Paulo em cada lugar do país, mas um mini CT que permita que os atletas não precisem morar aqui, e possam viver com sua comunidade, ser ídolos em sua região", completou Alberto Martins.
Paralelamente, há uma outra ação feita para dar mais consistência ao trabalho nos estados, a partir das capacitações de técnicos e professores de educação física. "Já capacitamos mais de três mil pessoas de forma presencial e temos 16 mil inscritos no nosso sistema de ensino a distância. A meta é chegar a 100 mil em 2025. Quanto mais técnicos e professores qualificarmos, maior qualidade teremos. Acho inclusive que esse número de 458 classificações funcionais este ano é efeito disso. Os professores estão fazendo o trabalho com o paralímpico nas escolas", disse Alberto.
Virou espelho
De qualquer forma, o CPB já vive, atualmente, a situação de deixar de ser uma entidade que corre atrás dos modelos estrangeiros de gestão e treinamento e passa se tornar referência internacional. A segunda colocação no Mundial de Atletismo de Dubai, no início do mês, com a presença no pódio de oito dos nove atletas jovens da delegação, seria, segundo o vice-presidente da entidade, um desses sintomas.
"Outros países têm nos pedido para vir aqui copiar o nosso modelo. Isso é se tornar referência. Para nós é até ruim porque passamos de perseguidores a perseguidos no processo de quadro de medalhas, mas é sinal de que o trabalho está sendo feito", afirmou Ivaldo Brandão.
Esse espelho também se reflete na experiência entre novatos e atletas da seleção. Se na abertura das Paralimpíadas Escolares Petrúcio Ferreira e Verônica Hipólito serviram de referência para os futuros atletas de campo e pista no atletismo, durante o evento escolar os atletas do tênis de mesa tiveram a oportunidade de dividir o salão de prática com os integrantes da seleção que vai a Tóquio em 2020 e os meninos e meninas do judô tiveram treino aberto com integrantes da seleção.
"Eu joguei quatro edições das Paralimpíadas Escolares e gostava muito. Nunca tive esse privilégio de jogar ao lado da seleção. Muitos aqui olhavam para a gente com aquele olhinho brilhando de quem quer estar aqui um dia. Muitos tinham vergonha de conversar, mas pediam para tirar fotos, postavam nas redes e aí faziam perguntas. Fiz questão de bater papo, tirar dúvidas. Tento ser próxima", afirmou Jennyfer Parinos, da seleção paralímpica de tênis de mesa.
Estrutura do CT
Inaugurado em 23 de maio de 2016, o CT ocupa uma área de 95 mil metros quadrados e conta com piscina coberta com dimensões olímpicas e arquibancada para mil torcedores, ginásio multiuso frequentemente usado para goaball, basquete em cadeira de rodas e badminton, campos de futebol de cinco (para deficientes visuais) e de futebol de sete (paralisados cerebrais).
O atletismo tem à disposição uma pista de certificação 1 da Federação Internacional de Atletismo e arquibancada para mil torcedores, além de pista indoor para aquecimento. Completam a estrutura do CT as quadras de tênis em cadeiras de rodas, os espaços para bocha, judô, tênis de mesa, halterofilismo e taekwondo, além das áreas de fisioterapia e regeneração física de atletas, além de um alojamento com 86 apartamentos e capacidade para quase 300 hóspedes.
O investimento total foi de R$ 305 milhões, com 187 milhões do então Ministério do Esporte e o restante do governo de São Paulo. A gestão é feita pelo Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB).
Gustavo Cunha - Ascom