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Na Abertura das Surdolimpíadas, governo anuncia reinclusão de deficientes auditivos no Bolsa Atleta e parceria para viabilizar sede da CBDS
A comunidade de atletas com deficiência auditiva saiu da Cerimônia de Abertura das Surdolimpíadas Brasil 2019 com dois acenos federais a demandas históricas do setor: a retomada de uma categoria do Bolsa Atleta para esportes não olímpicos e não paralímpicos e a viabilização de uma sede para a Confederação Brasileira de Desporto de Surdos (CBDS), na 912 Sul, em Brasília, numa parceria com a Caixa Econômica Federal.
Os anúncios foram feitos pela primeira-dama, Michelle Bolsonaro, que se dirigiu aos 315 surdoatletas de 14 estados em Libras, a Língua Brasileira de Sinais, e pelo ministro da Cidadania, Osmar Terra. A competição em 11 modalidades ocorre desta sexta-feira (21.06) até domingo (23.06), na cidade mineira de Pará de Minas, que tem pouco menos de cem mil habitantes e fica a 80 quilômetros de Belo Horizonte.
"Queremos que essa Surdolimpíada tenha milhares de participantes num futuro próximo. Vamos trabalhar para ter cada vez mais gente participando e cada vez valorizar mais o Surdoatleta, inclusive com a Bolsa Atleta. Vamos fazer uma linha especial da Bolsa Atleta. E aí vai depender de vocês terem o ranking, estarem no ranking para receber", afirmou Osmar Terra.
Titular da Secretaria Nacional de Alto Rendimento da Secretaria Especial do Esporte, Emanuel Rego reforçou que a ideia é lançar o edital ainda em 2019. "Acredito que até o fim do ano a gente termina. Com a reorganização do orçamento, que trouxe mais R$ 70 milhões para o Bolsa Atleta, vamos fomentar o esporte não só na comunidade de surdos, mas também entre os autistas e todos os que estão fora do programa olímpico e paralímpico", disse Emanuel.
Engajada no universo das pessoas com deficiência auditiva, Michelle Bolsonaro definiu o esporte como um caminho para integrar saúde, amizade, respeito, disciplina, solidariedade e paz. "Para a comunidade surda, tenho certeza de que valores fundamentais têm sido agregados, como união, interação social e a superação. Olhando para vocês, prontos para uma série de competições, fico imaginando o que passaram no passado, as dificuldades e barreiras. Eu me coloco em seus lugares e me emociono", afirmou. "Por isso, é com alegria que quero anunciar que conseguimos um lugar, uma sede para a CBDS. Conseguimos, por meio do apoio do presidente da Caixa, o compromisso com as obras do espaço. A sede será na Escola Bilíngue, na 912 Sul, em Brasília. Acreditamos que essa sede auxiliará no desenvolvimento do esporte entre os surdos", afirmou Michelle Bolsonaro.
Segundo o representante da Caixa Econômica Federal, Cleyton Carregari, assessor do presidente da instituição, Pedro Guimarães, o modelo de parceria, o valor do investimento e os termos específicos que vão pautar o trabalho para viabilizar a nova sede ainda serão refinados, mas há o compromisso do banco de garantir a nova sede. "Nós somos o banco da inclusão. Temos obrigação de oferecer os melhores recursos e as melhores condições para todos, inclusive para vocês. Nós queremos ser a maior potência do esporte para surdos".
Galeria de fotos (disponíveis em alta resolução para uso editorial gratuito. Crédito obrigatório: Abelardo Mendes Jr/ Ministério da Cidadania)
Surdolimpíadas Brasil 2019
Repercussão
Para Déborah Dias de Souza, atleta do handebol e vice-presidente da CBDS, os apoios federais e a visibilidade são mais do que estratégicos. "Nós, surdos, sofremos com dificuldades de falta de apoio e de limitações para treinar. Agora é o momento de aproveitar a oportunidade de nos verem e reconhecerem. Existimos e temos importância. Temos orgulho de mostrar que o surdoesporto existe em todos os estados. Viajamos para o mundo representando o Brasil".
Intérprete de Libras, uma das principais organizadores das Surdolimpíadas e secretária executiva da CBDS, Esmeralda Castro Oliveira explicou que as duas pautas são pleitos antigos da comunidade de surdos. "Hoje a referência de endereço que temos em Brasília é uma mesa cedida dentro de uma empresa de tecnologia assistiva. Não temos sede própria nem repasses para assumir compromisso de locação de espaço", resumiu. "O Bolsa Atleta é outra tecla que a gente bate sempre: os surdoatletas não estão nem entre os atletas paralímpicos nem entre os olímpicos. A gente só recebe a bolsa quando sobram recursos. E há quatro anos não tem sobrado. Temos atletas desistindo da carreira, porque sem patrocínio, sem o Bolsa, não conseguem pagar do bolso e preparação e fazer tudo o que as modalidades demandam", observou.
A competição
Até domingo, as competições das Surdolimpíadas vão ocupar quatro sedes esportivas em Pará de Minas, em disputas de atletismo, atletismo, badminton, basquete, futebol, handebol, judô, caratê, natação, tênis de mesa, vôlei e xadrez. Para dar suporte ao evento, a Secretaria Especial do Esporte celebrou um termo de fomento com a Confederação Brasileira de Surdos (CBDS), no valor de R$ 130 mil. Os recursos vieram a partir de uma emenda parlamentar.
A primeira edição de Olimpíadas de Surdos do Brasil foi realizada em maio de 2002, na cidade de Passo Fundo, no Rio Grande do Sul, com a participação de cerca de 1.500 surdoatletas, de nove estados.
Ascom - Ministério da Cidadania