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Guilherme Maia mantém tradição e chega ao sexto pódio na história das Surdolimpíadas
Guilherme Maia deu sequência na noite desta quarta-feira, 04.05, a uma tradição que ele deu início em 2013, em Sófia, na Bulgária: subir ao pódio em provas de natação das Surdolimpíadas de Verão (Summer Deaflympics). O nadador santista de 32 anos conquistou o bronze nos 100m livre. É a sexta conquista dele na história do megaevento, que na edição deste ano, em Caxias do Sul, reúne mais de cinco mil atletas, de 77 países, na disputa de 20 modalidades.
Maia, que passou a morar em Caxias do Sul em janeiro de 2022 e a ter práticas diárias com Régis Mencia, ex-técnico do campeão olímpico Cesar Cielo, completou a distância em 52s73, com amplo apoio da torcida que lotou as arquibancadas do clube Recreio da Juventude. Ele só foi superado pelo norte-americano James Klotz Matthew, prata com 52s51, e pelo ucraniano Illia Sultanov, ouro com 52s46.
Com o resultado, Maia confirma em três edições seguidas o pódio nos 100m livre. Antes do terceiro lugar na Serra Gaúcha, ele já havia conquistado a prata na mesma prova na edição da Bulgária, em 2013, e outro bronze na edição de Samsun, na Turquia, em 2017.
O bronze de Guilherme foi o terceiro pódio do Brasil nas Surdolimpíadas de Caxias do Sul. Na terça, o país havia faturado outro bronze na categoria -66kg do judô, com Rômulo Crispim , e repetiu a dose com Alexandre Fernandes, terceiro colocado na categoria -81kg ( confira abaixo ).
Na história da competição, o país soma agora 13 medalhas: um ouro, uma prata e 11 bronzes. O único ouro do país também é de Guilherme Maia, na prova dos 200m livre, que ele ainda disputa em Caxias do Sul, no sábado, 07.05.
Para manter a forma, Guilherme tem nove sessões semanais de treinos entre musculação, preparação física e piscina. O atleta nasceu ouvinte e começou a nadar com um ano e dois meses de idade. Já disputava campeonatos desde os quatro anos. A perda da audição ocorreu com dois anos. Ele ficou doente e contraiu uma infecção no ouvido. Perdeu a audição completa, bilateral.
Torcida para Guilherme Maia em Caxias do Sul: referência. Foto: CBDS/Divulgação |
Segundo bronze no judô
O mundo dos tatames faz muito bem para o esporte brasileiro, seja olímpico, paralímpico ou na competição para atletas surdos ou com deficiência auditiva. Nesta quarta, o carioca Alexandre Fernandes, de 33 anos, conquistou o bronze na categoria -90kg da modalidade. O experiente judoca já tinha no currículo o feito de ter sido o primeiro atleta nacional a subir ao pódio na história da Surdolimpíadas de Verão. Alexandre conquistou o bronze quando ainda lutava na categoria -81kg, na edição de Taipei, em 2009.
Ele conheceu o esporte aos 14 anos, mesmo sem ter inicialmente apoio da mãe, que não queria o filho praticando esporte longe de onde viviam. "Uma vez eu vi uma pessoa usando quimono e perguntei o que era. Falaram que era judô. Essa pessoa me mostrou uma medalha e fiquei fascinado. Minha mãe não quis que eu praticasse porque era longe de casa. Ela dizia que ia complicar meus estudos", lembra o atleta.
Assim, antes do judô, praticou natação e futebol de campo. Aos 16 anos, contudo, permitiu-se a transgressão que mudaria sua trajetória e a história do movimento de surdoatletas no Brasil. "Fui escondido treinar. Fiz a inscrição. Comecei a praticar. Lutava contra pessoas ouvintes e perdia muito. Mas aprendi e valeu a pena”, brincou.
Maria Fernanda nos treinos em Caxias e com integrantes da comissão técnica da seleção. Fotos: Arquivo Pessoa/ Divulgação |
Estreia no tênis de mesa
A quinta-feira, 05.05, marca a estreia de mais uma modalidade nas Surdolimpíadas de Caxias do Sul. O país terá sete representantes no tênis de mesa, com três atletas no feminino e quatro no masculino. A modalidade terá competições por equipes, com início nesta quinta, e na chave individual.
Um dos destaques do time nacional é Maria Fernanda da Silva Costa, de 20 anos. Habitual frequentadora dos pódios nas competições nacionais, ela é a única atleta inscrita que, além de surda, tem Síndrome de Down.
Para lapidar a técnica e as nuances táticas da modalidade, Maria Fernanda pratica o tênis de mesa três horas por dia na cidade catarinense de Itajaí, com o treinador Pedro Vieira. Em Caxias, ela tem o suporte do técnico da seleção, Wesley Rosa, figura carimbada nas competições da primeira divisão do tênis de mesa olímpico nacional.
Maria Fernanda estreou nas Surdolimpíadas de Verão em 2017, na edição da Turquia. Caiu diante de fortes adversárias coreanas e chinesas. "Hoje, com mais bagagem e autonomia, ela está animada. A preparação vem sendo feita desde junho de 2021 com muita paciência e dedicação", conta a mãe de Maria Fernanda, Karen Jackeline da Silva.
Ucrânia à frente
O terceiro dia de competições foi encerrado com a Ucrânia na liderança do quadro de medalhas, com 19 ouros, seis pratas e 13 bronzes. O segundo lugar é ocupado pelos Estados Unidos, com seis ouros, duas pratas e sete bronzes. O Japão está em terceiro, com cinco ouros, quatro pratas e quatro bronzes. Com três terceiras colocações, o Brasil tem a 22ª posição.
O Brasil tem 199 atletas inscritos, a maior delegação da história do país no megaevento. O time nacional tem representantes em 17 das 20 modalidades no masculino e em 14 das 18 no feminino. As Surdolimpíadas de Verão ocorrem a cada quatro anos. A primeira edição ocorreu em 1924, em Paris, na França.
Assessoria de Comunicação - Ministério da Cidadania