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Paralimpíadas Escolares
Final do basquete 3 x 3 nas Paralimpíadas Escolares deixa atuais bicampeões em lados opostos
Nos últimos dois anos, o domínio do basquete 3 x 3 nas Paralimpíadas Escolares foi do Distrito Federal. A equipe da capital federal venceu São Paulo nas decisões de 2017 e 2018 e teve como principais destaques nas duas ocasiões dois atletas: Elias Emanuel de Souza Moura e João Vitor de Souza Nascimento. Em 2017, João Vitor foi o cestinha do campeonato e fez a cesta da vitória por 11 x 10 contra os paulistas. Ano passado, Elias foi o cestinha da competição, com 33 conversões, e João Victor ficou em segundo, com 31. Os dois, na mesma ordem, foram eleitos os melhores do torneio.
Em 2019, os dois estão novamente na final. Desta vez, contudo, em lados opostos. João Vitor, agora, é o principal atleta do time de Goiás, estado que também levou do DF o atleta Carlos Cassimiro, integrante do elenco campeão em 2018, além do técnico André Barbosa Ramos, que esteve à frente dos títulos em 2017 e 2018.
João Victor é natural de Ariquemes, em Rondônia, mas vive em Goiás há tempos. Quando vivia em Rio Verde, treinava e jogava na capital federal por falta de colegas em seu estado. Hoje, vive na zona metropolitana de Goiânia e conseguiu formar o trio para representar o estado no evento escolar que mobiliza mais de 1.200 atletas em torno de 12 modalidades.
O time goiano garantiu vaga na decisão do basquete 3 x 3 ao derrotar, na semifinal, a equipe da Paraíba por 16 x 5. Elias e seus parceiros no DF passaram pelo Paraná na disputa pela vaga na final, com vitória por 17 x 11. A definição do troféu será a partir das 9h desta sexta-feira, no Centro de Treinamento Paralímpico de São Paulo.
"Eu prevejo um encontro respeitoso e equilibrado. Sabemos da qualidade e dos defeitos de cada um. Quem errar menos vai ganhar. São dois times de potencial enorme", disse João Vitor, que perdeu a perna esquerda num acidente num terminal rodoviário no Acre quando tinha 12 anos. O motorista do ônibus deu a partida quando o adolescente havia subido apenas com uma das pernas na escada do veículo.
João se define como um pivô de garrafão, do tipo que gosta de atuar no "um contra um", buscando a infiltração e a bandeja. "Trabalho para buscar o espaço e chutar quando ficar livre. Na defesa, tenho como característica a agressividade, a vontade", disse o atleta, que treina cinco vezes por semana, em média três horas e meia por dia. "Quero muito chegar à seleção e buscar o máximo que puder. Faço de 350 a 500 arremessos por dia. Sou daqueles que chega antes do treino e fica depois", contou.
Elias também prevê um duelo equilibrado. "Esse encontro na final era o que queríamos desde o início. Independentemente do resultado, a amizade permanece. Vai ser um jogo pegado, brigado, lá e cá. Eles evoluíram muito", disse o atleta, que tem dificuldade de mobilidade por uma má formação congênita. "A gente se conhece desde 2017. Antes, nem eles nem nós tínhamos atletas suficientes, por isso nos juntamos. Queríamos o tri com eles, porque eles são sensacionais e jogam muito, mas vai ser bacana. A essência dos Jogos Escolares é isso. Criar amizades, vínculos para a vida toda", completou.
Com um histórico de carga afetiva com os atletas dos dois lados, o treinador André Barbosa celebra o crescimento do número de atletas na modalidade no Centro-Oeste e nas Paralimpíadas Escolares, que tiveram oito equipes inscritas. "Claro que há uma mistura de sentimentos. Sou natural de Brasília e fui bicampeão com eles, mas estou treinando Goiás agora. Eu acho, de verdade, que quem ganha é o basquete. Esses meninos compõem uma geração promissora, que tem grandes chances de aparecer nos próximos anos nas seleções. Eles treinam muito, se dedicam muito. Nesta final, quem ganhar está bem ganho. Vou deixar o coração e trabalhar com a razão", afirmou.
Adaptações
O basquete paralímpico 3 x 3 é disputado em três períodos de cinco minutos. Cada equipe tem 14 segundos de posse de bola para converter o arremesso. Cada cesta vale apenas um ponto. A exceção são os arremessos da linha de três, que valem dois pontos. Sempre que uma equipe pega o rebote do arremesso do adversário, precisa sair da linha de três pontos antes de iniciar o ataque.
Gustavo Cunha - Ascom - Min. Cidadania