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Da clínica para a raia: Lei de Incentivo ajuda jovens a remar para novos rumos
Foto: Rafael Brais/rededoesporte.gov.br
"Na minha vida, ajudou tanto no aspecto físico, na parte da minha deficiência, como no meu psicológico, na forma de pensar". O depoimento do estudante Matheus Alexandre, 13 anos, sobre o Instituto Remo Meu Rumo, que tem recursos via Lei de Incentivo ao Esporte (LIE), é simbólico. Com dificuldade de locomoção causada por um tumor na medula, o jovem frequenta há quatro anos aulas de remo e canoagem do projeto Remar é Muito Mais do que um Esporte, oferecidas na raia da Universidade de São Paulo (USP), na capital paulista, para 60 crianças e adolescentes. "Agora penso mais positivo, tenho mais alegria para fazer minhas coisas", disse.
O instituto surgiu com a missão de facilitar a inclusão, viabilizando a prática de remo e canoagem adaptados para promover o desenvolvimento físico, psíquico e social. De acordo com a sócia fundadora Patrícia Moreno, o Remo Meu Rumo foi criado para viabilizar a prática esportiva de remo e canoagem para crianças com deficiência. "Eram crianças que inicialmente eram atendidas no Instituto de Ortopedia do Hospital das Clínicas, da Faculdade de Medicina da USP, e vimos a oportunidades de elas virem a praticar o esporte para ajudar tanto na força como também emocionalmente e socialmente", explicou.
Aprovado pela LIE, o projeto tem como um dos conceitos fazer a transição do ambiente hospitalar para a raia olímpica. "Aqui na Raia na CEPEUSP (Centro de Práticas Esportivas da Universidade de São Paulo) essas crianças têm atendimento de fisioterapia, com educadores físicos, psicólogos, assistentes sociais, para que cresçam e sejam melhores como cidadãos", disse Patrícia.
Diretor executivo do instituto, Ricardo Macéa explica que o projeto para a Lei de Incentivo foi concebido com a preocupação de alinhar valores pessoais deles e ideais defendidos pelas parcerias institucionais. "A Lei de Incentivo ao Esporte é fundamental para que o instituto aumente seu atendimento e mais crianças possam ser atendidas usando a ferramenta do remo, da canoagem e da natação inclusiva para reabilitação física e emocional", disse.
Macéa destacou a importância de valorizar as oportunidades oferecidas pelas entidades sérias e que são incentivadas por meio da Lei de Incentivo. "São crianças que, muitas vezes, estão vivendo um momento da vida com uma agenda pesada, com atendimento em hospitais, uma vida sacrificada", explicou. "No momento em que eles têm a oportunidade de sair desse universo, de vir para a Raia Olímpica para se fortalecer por meio do esporte, perto da natureza, atendidos por profissionais competentes, fica uma atmosfera mais leve nessa transição", apontou.
Na opinião do dirigente, estimular sonhos e sonhar junto faz parte dos objetivos do Meu Remo Meu Rumo. "Quando você está na fase de estímulos, na infância, você está ensinando os meninos a sonhar, a pensar grande, a ter perspectivas. Ensinando a ter novos caminhos, a remar para o futuro. A gente sonha com eles, vive a vida deles e enfrenta os mesmos desafios", afirmou.
Trajetória
Matheus Alexandre tinha ouvido falar sobre o remo apenas pela TV. Na primeira vez que viu o barco, desanimou. "Para mim, foi um impacto. Olhei aquele barco e pensei: 'vou andar naquilo ali?', sem saber o que fazer. Daí comecei a treinar bastante e me apaixonei", relembrou o estudante. "Eu acho o projeto bem legal pela forma como se desenvolve e pelas atividades que proporciona", destacou.
Nos dias de atividades, Matheus chega na Raia Olímpica da USP por volta das 9h da manhã, faz o aquecimento e a preparação, coloca o barco na água e treina. Tem vezes que o treinamento é individual, outras em dupla ou até em quartetos. Às vezes usa caiaque. Outras vezes os barcos novos conseguidos por meio dos recursos da Lei de Incentivo. "De uns tempos para cá tive a certeza de que meu sonho é ser atleta. Fui conhecendo mais, pegando o jeito e disse: 'É o que eu quero para minha vida'", concluiu.
Lei de Incentivo
A Lei de Incentivo ao Esporte está em vigor desde 2007 e, desde então, já captou R$ 2 bilhões para projetos esportivos. Só em 2017, 1,2 milhão de pessoas foram beneficiadas de forma direta pelos projetos aprovados. O mecanismo permite que empresas e pessoas físicas invistam parte do que pagariam de Imposto de Renda (IR) em projetos esportivos aprovados pelo Ministério do Esporte. Empresas podem destinar até 1% desse valor e ainda acumular com investimentos proporcionados por outras leis de incentivo. O teto para pessoas físicas é de 6% do IR.
A importância da LIE ao esporte brasileiro é tamanha que existe no Congresso Nacional um projeto de lei para aumentar o teto da porcentagem dos investimentos do que pagariam de IR: de 1% para 3%, para pessoas jurídicas, e de 6% para 9% para pessoas físicas.
"À medida que o apoio financeiro for maior por parte das instituições, por meio do aumento da participação das pessoas físicas e jurídicas, vamos ter mais gente beneficiada. Vai ser mais fácil para organizações sérias como nós, executar projetos e buscar recursos junto a doadores", comentou Macéa.
Rafael Brais, rededoesporte.gov.br