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Com cinco pódios e treinos com ex-técnico de Cielo, Guilherme Maia é uma das esperanças de pódio brasileiro nas Surdolimpíadas
Guilherme durante os treinamentos em Caxias (RS) e ao lado do técnico Régis Mencia: boa expectativa. Fotos: Ronei Porthus Jr./ Divulgação
Anfitrião das Surdolimpíadas de Verão em Caxias do Sul (RS), o Brasil tem 199 inscritos para representar o país no megaevento internacional que reúne mais de cinco mil atletas surdos ou com deficiência auditiva de 77 países. Um nome, em especial, reúne grande parte das projeções nacionais de pódio no evento que será realizado de 1 a 15 de maio.
O nadador santista Guilherme Maia, de 32 anos, tem no currículo cinco das dez medalhas que o Brasil acumula na história das Surdolimpíadas. O país soma um ouro, uma prata e oito bronzes. Guilherme é dono desse ouro único, além de uma prata e três bronzes. O título veio nos 200m livre na edição disputada em 2017, na Turquia.
Minha expectativa é realizar bem as provas, conforme o treinamento, e subir ao pódio para representar o Brasil nesse evento tão importante para a nossa comunidade surda”
Guilherme Maia
Maia chega à competição na Serra Gaúcha embalado por um resultado expressivo e uma reta final de treinamento de excelência. Em dezembro de 2021, venceu as seis provas que disputou na versão nacional das Surdolimpíadas, disputada em São José dos Campos (SP).
Na sequência, mudou de ares. Passou a viver na cidade-sede das Surdolimpíadas e a treinar no Clube Recreio da Juventude, em Caxias do Sul. Do lado de fora da piscina, o consagrado técnico Régis Mencia, o mesmo que foi responsável pela lapidação do estilo do campeão olímpico Cesar Cielo, ouro nos 50m livre nos Jogos de Pequim, em 2008.
“Ele é um excelente profissional. Tem se dedicado muito ao meu treinamento e me mostrado os caminhos certos a seguir durante uma prova. Tem sido uma baita experiência para mim e acho que também para ele, porque ele nunca tinha treinado um atleta surdo”, afirmou Maia. “No início a comunicação não foi "fácil", mas já estamos entrosados”.
Guilherme está inscrito em cinco provas: 50m e 100m borboleta, além de 50m, 100m e 200m livre. A estreia será nos 50m borboleta, na segunda, 2.05. A última será no dia 9, com os 50m livre. “Minha expectativa é realizar bem as provas, conforme o treinamento, e subir ao pódio para representar o Brasil nesse evento tão importante para a nossa comunidade surda”, afirmou o nadador, que acredita ter mais chances nas provas dos 100m e 200m livre.
Em seu ritmo habitual, são nove sessões semanais de atividades, entre musculação, preparação física e o tempo dedicado à piscina. Guilherme nasceu ouvinte e começou a nadar com um ano e dois meses. A perda da audição ocorreu com dois anos. Ele ficou doente e contraiu uma infecção no ouvido. Perdeu a audição completa, bilateral.
Para ele, que é formado em educação física, a oportunidade de disputar mais uma edição das Surdolimpíadas tem a intenção de dar à nova geração uma referência e um incentivo para que novos atletas ingressem no desporto para surdos.
“Como profissional da natação, meu objetivo é incentivar que haja uma renovação no esporte de surdos brasileiro, que exista um modelo para os demais, porque em breve vou me aposentar e gostaria de deixar esse exemplo”, comentou.
Inédito
Ao todo, a delegação brasileira tem 110 homens e 89 mulheres, além de integrantes de comissões técnicas. São mais de 300 pessoas, a maior delegação nacional na história da competição. As Surdolimpíadas de Caxias do Sul terão 20 modalidades no masculino e 18 no feminino. É a primeira vez que um país da América Latina recebe o megaevento.
A cerimônia de abertura está marcada para 18h no domingo, 1.05. O ministro da Cidadania, Ronaldo Bento, e o secretário nacional de Paradesporto do Ministério da Cidadania, Agtônio Guedes, estão confirmados. Antes mesmo do evento oficial, a bola já rola para o futebol no sábado, 30.04. O Brasil, por exemplo, estreia no masculino contra Camarões a partir das 10h.
Assessoria de Comunicação – Ministério da Cidadania