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Centenário Olímpico
Cem anos de um dia histórico: o primeiro ouro olímpico brasileiro, com Guilherme Paraense
Cenas retratam os Jogos 1920, com o desfile da delegação, o local da prova, a arma e o alvo usados, Guilherme Paraense (de bigode) ao lado do primeiro medalhista brasileiro, Afrânio da Costa, além da imagem oficial dos Jogos. Fotos: arquivo pessoal
Se o ano de 2020 marca o centenário da primeira participação do Brasil em Jogos Olímpicos, feito que se deu na edição da Antuérpia, na Bélgica, em 1920, o 3 de agosto é particularmente emblemático. Foi nesta data, há 100 anos, que Guilherme Paraense conquistou, no tiro esportivo, a primeira medalha de ouro do Brasil na história dos Jogos Olímpicos.
Em sua caminhada esportiva, o Brasil teve diversas estrelas. Toda história tem um início e a nossa começou há 100 anos. Guilherme Paraense foi um marco para o esporte brasileiro. Celebrar os 100 anos do ouro dele é motivo de enorme orgulho para nossa nação”
Marcelo Magalhães, secretário Especial do Esporte do Ministério da Cidadania
O Brasil já havia subido ao pódio antes de Guilherme Paraense tornar-se o primeiro campeão olímpico do Brasil. Em 2 de agosto, na prova de pistola 50m por equipes, o time formado por Paraense, Afrânio da Costa, Sebastião Wolf, Dario Barbosa e Fernando Soledade conquistou o bronze. No mesmo dia, Afrânio da Costa, nos 50m de pistola livre 60 tiros, faturou a prata.
Um dia depois das conquistas dos dois primeiros pódios, Guilherme Paraense partiu para a disputa da pistola de tiro rápido 25m 60 tiros. Foi uma prova disputadíssima. Paraense garantiu o ouro ao somar 274 pontos. A prata ficou com o norte-americano Raymond Bracken, com 272 pontos. O bronze foi para o suíço Fritz Zulauf, com 269 pontos.
Para o secretário Especial do Esporte do Ministério da Cidadania, Marcelo Magalhães, o 3 de agosto de 2020 representa um dos momentos mais importantes da história do esporte nacional. “Em sua caminhada esportiva, o Brasil teve diversas estrelas. Foram muitos os atletas que honraram nosso país e que nos deram enormes alegrias. Toda história tem um início e a nossa começou há 100 anos, quando aquela delegação partiu para representar o Brasil nos Jogos da Antuérpia, em 1920. A conquista de Guilherme Paraense foi um marco para o esporte brasileiro, assim como a de seus companheiros que conquistaram a prata e o bronze. Celebrar os 100 anos do ouro de Guilherme Paraense é um motivo de enorme orgulho para nossa nação. Foi um feito gigantesco e merece todas as homenagens”, frisa Marcelo Magalhães.
Para homenagear esse centenário, o Ministério da Cidadania resgata uma reportagem especial escrita pouco antes dos Jogos Rio 2016 que narra, em detalhes, a saga que levou o Brasil às conquistas de suas primeiras medalhas olímpicas. A equipe da Secretaria Especial do Esporte também ouviu a filha de Guilherme Paraense, Osiris Paraense, de 90 anos, e sua neta, Valéria Paraense, sobre a emoção da comemoração dos 100 anos da conquista desse ouro.
“Eu me sinto muito feliz. Adorava meu pai. O próprio presidente Jair Bolsonaro me disse, em Brasília, que meu pai foi um homem muito importante para o Brasil. É por isso que cada vez mais admiro ele e sinto falta. Tenho muitas saudades”, diz Osiris, que foi uma das convidadas do evento de lançamento do selo comemorativo dos 100 anos da primeira participação olímpica do Brasil, ocorrido em fevereiro deste ano.
São 100 anos de um momento histórico, um marco para o esporte brasileiro e para a minha família. Não é só no dia de hoje. Nós lembramos do vovô todos os dias, ele está sempre em nossas vidas, porque era uma figura presente"
Valéria Paraense, neta de Guilherme
“Fico orgulhosa e adoro quando a imprensa fala da vida dele e me telefona para perguntar alguma coisa. Eu fico feliz, eu e minha filha, porque é ela quem toma conta de tudo”, continua a filha de Guilherme, responsável por guardar tanto a medalha quanto a arma usada pelo pai na conquista do ouro na Antuérpia. “A arma, a medalha, está tudo guardado a muitas chaves. Eu só mostro quando a pessoa merece confiança. É um tesouro”, ressalta Osiris Paraense.
Contador de casos
Quem também está feliz com as homenagens é Valéria Paraense. “Toda aquela equipe era muito boa, sempre reforço isso. Tanto é que trouxemos ouro, prata e bronze”, diz a neta de Guilherme Paraense. “São 100 anos de um momento histórico, um marco para o esporte brasileiro e para a minha família. Não é só no dia de hoje. Nós lembramos do vovô todos os dias, ele está sempre em nossas vidas, porque era uma figura presente. Eu sempre digo que, independentemente do feito histórico, seria interessante que as pessoas conhecessem a figura humana que ele era, porque ele era fantástico. Eu converso com os meus amigos e sempre digo que todos adorariam conversar com ele, porque era uma pessoa de conversa, um contador de casos. Era uma pessoa digna de ser conhecida e que teria muito a acrescentar na vida de todos nós”, diz Valéria.
“Nós ficamos felizes com essas homenagens, porque é a perpetuação da memória dele. Nós somos vistos como um povo sem memória, mas de uns tempos para cá, nos últimos anos principalmente, com os meios de comunicação mais ativos, ver essas homenagens têm sido frequente em nossas vidas. Sempre tem homenagem de alguma maneira e em algum lugar. Para a gente isso é importante, porque perpetua a memória dele e um fato e um feito históricos”, prossegue a neta do primeiro campeão olímpico do Brasil.
Reformado para os Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016, o estande de tiro esportivo na região de Deodoro, no Rio de Janeiro, administrado pelo Exército Brasileiro com recursos do Ministério da Cidadania, foi batizado com o nome do atleta pioneiro da modalidade no Brasil: Centro Militar de Tiro Esportivo Tenente-Coronel Guilherme Paraense.
Luiz Roberto Magalhães – Diretoria de Comunicação – Ministério da Cidadania