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Campanha histórica em Lima mantém hegemonia do Brasil no Parapan
Brasil desembarcou em Lima, no Peru, com a missão de manter a supremacia nos Jogos Parapan-Americanos e quebrar a marca de 109 medalhas de ouro conquistadas na última edição do evento, em Toronto 2015. Após 11 dias de competições, os atletas superaram todas as expectativas e protagonizaram a melhor campanha de todos os tempos do Brasil no megaevento.
O país liderou o quadro de medalhas desde o primeiro dia de provas. E fechou a conta neste domingo (01.09), ao somar um total de 308 pódios, com 124 medalhas de ouro, 99 de prata e 85 de bronze. Do total de medalhas, 287 (93,18%) foram conquistadas diretamente ou contaram com a participação de atletas contemplados pelo programa Bolsa Atleta da Secretaria Especial do Esporte do Ministério da Cidadania.
Para se ter uma ideia da força do Brasil em Lima, a soma dos ouros dos segundo e terceiro colocados no quadro geral de medalhas, Estados Unidos (58) e México (55), respectivamente, é de 113. As duas nações juntas não seriam capazes de desbancar o Brasil da liderança do Parapan.
"Nós estamos muito felizes", comemorou o presidente do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), Mizael Conrado. "O desafio nesse evento era muito grande por várias razões. Primeiro porque os países estão evoluindo bastante. O Chile, a Argentina, o México... E os Estados Unidos vieram mais fortes do que em Toronto. Então, o desafio de se manter em primeiro era grande. Superamos os números de Toronto nesse que certamente foi o Parapan mais difícil que nós já disputamos até agora, por conta da competitividade", analisou o dirigente.
Investimento no esporte
O sucesso brasileiro em Lima é fruto de trabalho e de investimento. Pela primeira vez os esportistas puderam contar com uma preparação completa no Centro de Treinamento Paralímpico em São Paulo, um dos maiores e mais modernos CTs do mundo. Os atletas nacionais contaram também com o apoio do programa Bolsa Atleta e do Bolsa Pódio. Os bolsistas conquistaram medalhas em 16 modalidades.
"Estamos muito contentes com o desempenho nesse Parapan. Nós estamos investindo muito na questão do esporte. Esse é o esforço para buscar cidadania plena para todos os brasileiros. O esporte é uma forma de fazer essa diminuição das desigualdades e fazer com que eles brilhem no esporte para a alegria de todo o Brasil", disse o ministro da Cidadania, Osmar Terra.
Nesta edição dos Jogos Parapan, os atletas brasileiros também tiveram o incentivo da recomposição de orçamento do programa Bolsa Atleta realizada pelo Ministério da Cidadania em 2019. Como parte das ações dos 100 primeiros dias do novo governo, houve um aporte de R$ 70 milhões no programa, o que possibilitou dobrar o número de atletas apoiados pela iniciativa, passando de 3.058 para 6.199.
A ação reverteu o corte sofrido no programa no fim de dezembro de 2018. A prioridade na recomposição feita pelo Ministério da Cidadania foi para as categorias de base, como Estudantil e Nacional. No esporte paralímpico, a iniciativa alcançou 15 atletas que representaram o Brasil nos Jogos Parapan-Americanos de Lima: sete deles estão nas seleções brasileiras de basquete em cadeira de rodas, modalidade mais impactada pela ação.
"O Bolsa Atleta é uma ferramenta muito importante para o esporte nacional. Ele pega desde a base e vai até o alto rendimento. Essa é a contribuição que o governo federal faz para que a gente possa ter representações de alto nível, como foi no Pan e no Parapan", disse o secretário especial do Esporte do Ministério da Cidadania, Décio Brasil.
Pódios de bolsistas no Parapan de Lima
Atletismo: das 82 medalhas, 77 (93,90%) vieram com bolsistas
Judô: todos os 11 medalhistas era bolsistas
Tênis de mesa: das 24 medalhas, 22 (95,83%) vieram com bolsistas e uma contou com participação de bolsistas na disputa por equipe
Natação: das 127 medalhas, 123 (96,85%) foram conquistadas por bolsistas
Tiro Esportivo: 10 medalhas, 8 (80%) foram de bolsistas
Ciclismo: 8 Medalhas, 5 (62,50%) por bolsistas
Vôlei sentado: 2 medalhas com participação de bolsistas
Halterofilismo: 16 medalhas, 15 Medalhas (93,75%) por bolsistas
Tênis em cadeira de rodas: 1 medalha conquistada por bolsistas
Parataekwondo: 5 medalhas conquistada, 3 (60%) por bolsistas
Basquete em cadeiras de rodas: 1 medalha com participação de bolsistas
Futebol de 5: 1 medalha com participação de bolsistas
Futebol de 7: 1 medalha conquistada
Goalball: 2 medalhas com participação de bolsistas
Bocha: 7 medalhas conquistadas, 6 (85,71%) por bolsistas
Parabadminton: 10 medalhas, 9 por bolsistas (90%) e 1 com participação de bolsista
Destaques brasileiros
Entre as performances individuais dos atletas brasileiros em Lima, duas chamam a atenção, ambas na natação. Daniel Dias alcançou a inédita marca de 33 medalhas de ouro em 33 provas disputadas em Parapans desde o Rio 2007. Já Phelipe Rodrigues é o competidor que mais ouros vai levar na bagagem de Lima. Ele participou de oito prova. Ganhou sete ouros e um bronze.
Daniel Dias chegou a Lima com 27 pódios, sem nunca ter perdido sequer uma prova em Jogos Parapan-Americanos. Nadou seis provas e manteve 100% de aproveitamento. Sagrou-se campeão nos 50m, 100m e 200m livre, 50m costas, 50m borboleta, e revezamento 4 x 100m medley 34 pontos (soma da classificação funcional dos integrantes). Já Phelipe Rodrigues foi o mais rápido nos 50m, 100m e 400m livre, 100m borboleta, 200m medley, ouro nos revezamentos 4 x 100m livre e 4 x 100m medley, e bronze nos 100m costas.
Os dois deixaram Lima na manhã deste domingo, ao lado de outros 24 nadadores da seleção brasileira que disputam, a partir de 9 de setembro, o Campeonato Mundial de Natação Paralímpica no complexo aquático do Parque Olímpico de Londres, no Reino Unido.
"Lima é o primeiro estágio dos grandes eventos do ciclo e serve como um excelente termômetro para avaliar nosso planejamento, que foi estabelecido em 2017 projetando os oito anos subsequentes. Tínhamos uma expectativa aproximada do que realmente alcançamos aqui, mas atingimos a meta e superamos a excelente campanha de Toronto 2015", analisou Alberto Martins da Costa, diretor-técnico do CPB e chefe da missão brasileira nos Parapan de Lima.
Últimos pódios
O último pódio do Brasil nos Jogos Parapan-Americanos de Lima veio com o paulista Lauro Chaman, ouro na prova de resistência no ciclismo de estrada neste domingo (1.09). Foi a terceira medalha dele no evento. Antes, já havia conquistado um ouro na perseguição individual de pista e uma prata no contrarrelógio de estrada.
Também no ciclismo, Márcia Fanhani e a piloto Cristiane Pereira conquistaram o quarto pódio em Lima 2019. A dupla foi terceira colocada na prova de resistência de estrada, categoria B, atrás apenas de duas duplas canadenses. Elas já haviam chegado ao pódio no contrarrelógio e na perseguição individual de pista, além do contrarrelógio de estrada.
A primeira medalha na prova de resistência do ciclismo estrada neste domingo saiu com Eduardo Pimenta, da classe H3. Ele levou o ouro ao completar o percurso em 2h00min10, com quase três minutos de vantagem para o segundo colocado, o americano Brandon Lyons (2h02min58). O argentino Oscar Biga ficou com o bronze (2h03min17).
Na bocha, o Brasil ganhou três medalhas por pares e equipes no encerramento dos Jogos. O ouro veio com a equipe da classe BC3 (Evelyn Oliveira, Mateus Carvalho e Antônio Leme), que superou o Canadá por 4 a 3 no último duelo. Houve, ainda, duas pratas: a equipe BC2/BC1 (Maciel Santos, Natali de Faria, José Carlos Oliveira e Guilherme Moraes) foi superada pela Argentina, assim como a BC4 (Eliseu dos Santos, Marcelo dos Santos e Ercileide Laurinda). A modalidade fechou a participação com sete pódios: três ouros, três pratas e um bronze.
No badminton, Ricardo Cavalli e Abinaecia Silva conquistaram o bronze nas duplas mistas SL3-SU5. Já o curitibano Vitor Tavares foi o responsável pela primeira medalha de ouro do último dia de Parapan. O brasileiro venceu o americano Miles Krajewski por 2 sets a 1, com parciais de 21/18, 18/21 e 21/14, e ficou com o primeiro lugar na classe SS6.
Histórico do Brasil em Parapans
Foi no Rio de Janeiro, em 2007, cidade que nove anos depois sediaria os Jogos Olímpicos e Paralímpicos, que o Brasil dominou pela primeira vez o continente americano no esporte paralímpico. Naquele ano, depois de terminar em segundo lugar as duas primeiras edições dos Jogos Parapan-Americanos, disputados em 1999, na Cidade do México, e em 2003, em Mar del Plata, a delegação brasileira chegou ao topo do quadro de medalhas após conquistar 228 pódios: 83 ouros, 68 pratas e 77 bronzes.
O patamar de excelência no maior evento esportivo das Américas manteve-se quatro anos depois, em Guadalajara 2011, quando, apesar de uma diminuição no número de medalhas, o primeiro lugar na classificação do Parapan foi mantido com 197 pódios: 81 ouros, 61 pratas e 55 bronzes.
Quatro anos se passaram e em Toronto 2015 a supremacia verde e amarela manteve-se. Na reta final da preparação para defender o Brasil em casa nas Paralimpíadas do Rio, o país rompeu a barreira das 100 medalhas de ouro e garantiu o posto de número um no quadro de medalhas com 257 pódios: 109 ouros, 74 pratas e 74 bronzes.
Agora, em Lima, um novo parâmetro foi alcançado, com mais de 120 medalhas de ouro. O próximo Parapan será em Santiago, no Chile, em 2023. Antes, o grande desafio será os Jogos Paralímpicos de Tóquio, no ano que vem.
Luiz Roberto Magalhães, Mateus Baeta e Breno Barros , de Lima – rededoesporte.gov.br