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Brasileiras exibem boa fase do meio-médio e país leva mais quatro medalhas
O meio-médio feminino sempre foi considerado uma categoria mais complicada para a seleção brasileira de judô. Nela o país não tem, por exemplo, nenhuma medalha olímpica ou em mundiais sênior. Mariana Silva chegou perto, no Rio 2016, quando disputou o bronze, mas terminou em quinto lugar. Nesta segunda-feira (07.10), o Grand Slam de Brasília deu sinais de que um novo capítulo dessa história pode estar próximo. Das quatro brasileiras na categoria, três chegaram às disputas por medalhas. Atleta da casa, Ketleyn Quadros saiu coroada com o ouro.
“Estou muito feliz pela conquista desse evento que soma pontos tão importantes para quem está na caminhada olímpica. E ter o privilégio de ser na terrinha, na cidade do coração, é uma vantagem que a gente tem. Tem clima a favor, família, torcida. Isso não é determinante, mas influencia muito”, comemora a brasiliense, que contou com muita força do público para chegar ao primeiro ouro da carreira em um Grand Slam. “A população de Brasília veio apoiar em peso em plena segunda-feira. Estou muito feliz de me tornar campeã dentro de casa”, completa a medalhista de bronze em Pequim 2008, quando defendia a categoria -57kg.
Depois de passar pela italiana Edwige Gwend por um waza-ari seguido por imobilização, e de superar a russa Daria Davydova no golden score, a brasiliense avançou para a semifinal. Com um waza-ari, venceu a chinesa Junxia Yang, garantindo um posto na decisão contra a compatriota Alexia Castilhos, com quem disputa, ponto a ponto, a superioridade no ranking mundial, de olho nos Jogos Olímpicos de Tóquio. Na última atualização da listagem, Alexia ocupava a 28a colocação, enquanto Ketleyn estava em 31o lugar.
“As duas estarem na final mostra que o trabalho está sendo feito e o quanto está sendo competitivo. Desde que a gente esteja disputando medalhas, é sinal de que as duas estão muito bem”, comenta Ketleyn. “Não dá para descansar, o trabalho precisa continuar”, acrescenta. As duas judocas treinam no mesmo clube, a Sociedade de Ginástica de Porto Alegre (Sogipa).
Antes de ser superada por Ketleyn na decisão, Alexia passou por Inbal Shemesh, de Israel, Maylin Del Toro, de Cuba, e ainda venceu a também brasileira Mariana Silva na semifinal, após 1min40s de golden score. “Perdi a final, mas estou feliz com a minha caminhada ao longo da competição. Eu venho treinando muito e competindo bem. De peça em peça vou construindo o meu caminho”, comenta Alexia, de 24 anos.
Mariana Silva, que retorna ao circuito internacional depois de dois anos afastada por lesões, tenta recuperar pontos para se reposicionar no ranking. Após a derrota para Alexia, Mariana disputou o bronze com a britânica Amy Livesey, mas acabou sofrendo o ippon. Na mesma categoria, Ryanne Lima parou na segunda rodada depois de levar três punições também contra Amy.
David Lima é prata
Número 76 do ranking mundial, David Lima (-73kg) surpreendeu e chegou à decisão do leve masculino. O judoca, de 22 anos, superou o francês Benjamin Axus na estreia e, em seguida, aplicou um ippon em Tommy Macias, da Suécia, e um waza-ari em Giovanni Esposito, da Itália. Na semifinal, forçou três punições ao suíço Nils Stump para se garantir na final. David só não foi páreo para o russo Musa Mogushkov, dono de duas medalhas de bronze em mundiais, que conseguiu o ippon em 34 segundos de luta. “O Grand Slam é uma competição muito dura e sair daqui com o segundo lugar para mim foi uma boa participação”, avalia o brasileiro.
Na mesma categoria, Marcelo Contini foi parado por Mogushkov na segunda rodada, já no golden score. Eduardo Barbosa foi eliminado por um waza-ari do francês Guillaume Chaine, enquanto Jeferson Santos Júnior sofreu três punições e perdeu para Bilal Ciloglu, da Turquia.
Maria Portela é bronze
A última brasileira a subir no pódio nesta segunda-feira foi Maria Portela (70kg). Depois de passar pela cubana Onix Aldama, a judoca sofreu um ippon de Yuri Alvear, da Colômbia, nas quartas de final, e teve que seguir para a repescagem. Para manter vivo o sonho da medalha, superou Maria Perez, de Porto Rico. Na disputa pelo bronze, a brasileira conseguiu um waza-ari em cima da canadense Kelita Zupancic.
“A gente tem que virar a página, como se fosse uma nova competição. Eu queria muito estar no pódio, então voltei para a repescagem bastante focada. Eu tinha perdido no Campeonato Pan-Americano para a atleta de Porto Rico no último segundo, então desta vez estava muito determinada e concentrada para sair vencedora”, comemora.
Também nos 70kg, Amanda Oliveira chegou à segunda rodada, mas foi superada pela britânica Gemma Howell por imobilização. Já Ellen Santana e Luana Carvalho foram eliminadas na estreia, diante da chinesa Xiaoqian Sun e de Kelita Zupancic, respectivamente.
Shimidt e Yudy param na repescagem
O Brasil não conseguiu avançar para o bloco das finais no meio-médio masculino, categoria que já teve os medalhistas olímpicos Flávio Canto e Tiago Camilo. Eduardo Yudy Santos caiu nas quartas de final por uma chave de braço do japonês Takanori Nagase. Na repescagem, precisou enfrentar o russo Khasan Khalmurzaev, campeão olímpico no Rio 2016, e sofreu um waza-ari.
Atleta de Brasília, Guilherme Schimidt também não beliscou um pódio por pouco. Depois de vitórias em cima do italiano Antonio Esposito e do americano Nicholas Delpopolo, Schimidt levou três shidos e perdeu para Vedat Albayrak, da Turquia, nas quartas de final. Na repescagem, não conseguiu superar o russo Alan Khubetsov.
Representante do Brasil nos Jogos Olímpicos do Rio e que retorna aos tatames após uma sequência de lesões, Victor Penalber estreou com vitória diante do canadense Etienne Briand, mas em seguida sofreu dois waza-aris do italiano Christian Parlati. Já Guilherme Guimarães, apelidado como Passarinho, venceu o dominicano Medickson Cortorreal antes de ser superado pelo português Anri Egutidze.
Com as nove do último domingo, o Brasil já soma agora 13 medalhas no Grand Slam. Nesta terça-feira (08.10), estarão em ação os atletas das categorias -78kg, +78kg (feminino), -90kg, -100kg e +100kg (masculino). A seleção terá o importante desfalque a bicampeã mundial Mayra Aguiar, que sofreu uma lesão parcial de ligamento no joelho esquerdo durante o último treino para o torneio.
Apoio a federações
A tarde desta segunda-feira teve ainda a realização da abertura oficial do evento, com a presença de autoridades. “É uma ação muito grande do poder público colaborar com recursos para a realização de um evento como este. Isso é fruto da Lei de Incentivo ao Esporte, que proporciona a realização de eventos e a inclusão de atletas nas mais diferentes modalidades”, discursou o secretário especial do Esporte do Ministério da Cidadania, Décio Brasil.
O Grand Slam contou com R$ 2 milhões captados via Lei de Incentivo ao Esporte (LIE) pela Confederação Brasileira de Judô (CBJ). Outros R$ 3 milhões vieram por emendas parlamentares. Além disso, entre os brasileiros inscritos, 36 são beneficiados pela Bolsa Atleta do Governo Federal. O investimento mensal no grupo é de R$ 133.275, totalizando quase R$ 1,6 milhão por ano.
“Não foram pequenos ou poucos os esforços para chegarmos a esse espetáculo que estamos vendo hoje. No ano em que a confederação completa 50 anos, este evento vem coroar essa comemoração, bem como fazer o retorno do Brasil aos grandes eventos mundiais”, afirmou Silvio Acácio Borges, presidente da CBJ. O último Grand Slam realizado no Brasil tinha sido há sete anos, no Rio de Janeiro.
Ainda nesta segunda-feira, a CBJ entregou kits de equipamentos às federações de judô, adquiridos por meio da LIE, em um investimento de mais de R$ 1 milhão. Participaram da cerimônia o secretário nacional de Alto Rendimento, Emanuel Rego; o secretário nacional de Esporte, Educação, Lazer e Inclusão Social, Washington Cerqueira; a secretária da Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem (ABCD), Luisa Parente; e o secretário nacional de Futebol e Direitos do Torcedor, Ronaldo Lima.
Ana Cláudia Felizola – rededoesporte.gov.br