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Audiência na Câmara debate possibilidade de adotar projetos de inclusão social e esportiva em vez de priorizar estruturas físicas
A ampliação de escala na oferta de projetos com vocação esportiva e de inclusão social foi o tom de audiência pública realizada na tarde desta quarta-feira (25.09) pela Comissão de Esporte da Câmara dos Deputados, em Brasília. Programas do Ministério da Cidadania - como Segundo Tempo, Vida Saudável, Esporte e Lazer da Cidade e Forças no Esporte - foram apresentados em detalhes para uma plateia composta por deputados, prefeitos, assessores e especialistas no setor.
O Secretário Nacional de Esporte, Educação, Lazer e Inclusão Social da Secretaria Especial do Esporte, Washington Cerqueira, aproveitou a oportunidade para incentivar os parlamentares a aproveitarem as emendas individuais e de bancada para investirem em programas da pasta.
Segundo o secretário, há uma distorção que merece atenção. Mais de 73% das emendas parlamentares voltadas para o esporte atualmente priorizam infraestrutura, e mais de 60% dessas estruturas esportivas estariam em estado de subutilização ou abandono, porque muitas vezes não há um pensamento de manutenção ou gestão do equipamento. Enquanto isso, apenas 18% das emendas no setor se voltam para a programas e eventos de vocação esportiva e social.
"Há muitas quadras, ginásios, campos de futebol abandonados. E quando há abandono, pessoas ligadas à drogadição e à bandidagem chegam e dominam. É uma realidade importante. Temos de tomar cuidado. Peço aos deputados que se preocupem com isso", afirmou Washington.
Presidente da Associação Brasileira de Secretários Municipais de Esporte e Lazer, Humberto Panzetti reforçou a questão da distorção dos investimentos voltados para infraestrutura. "Investir em custeio e em projetos sociais na ponta é muitas vezes mais interessante do que em equipamento. É muito comum construirmos sem antes perguntarmos ao município se ele tem dinheiro para manutenção, para gestão. Para limpar a piscina. Para comprar papel higiênico. Para contratar funcionários. Muitos prefeitos desconhecem que existem outras formas de investir", afirmou. "A criança de um projeto social vai frequentar aquele local durante dois anos. Os pais vão levar e buscar. Há inclusive um ganho político nisso", afirmou.
Caminhos e alternativas
Para apontar caminhos, o secretário detalhou as premissas do Segundo Tempo, que atua no contraturno escolar, em áreas de vulnerabilidade social e de forma prioritária com alunos de escolas públicas. A ação oferece atividades esportivas três vezes por semana, duas horas por dia. "A ideia é democratizar o acesso à pratica e cultura do esporte educacional. Promover o desenvolvimento integral. O Segundo Tempo já atendeu quatro milhões de crianças e adolescentes desde o início. Hoje são 23.740 no país inteiro. É pouco em termos nacionais. É o que conseguimos com o recurso que a secretaria tem, mas pode ser muito maior com a ajuda das emendas dos parlamentares", convidou.
No mesmo tom, o secretário detalhou o Esporte e Lazer da Cidade, programa voltado para levar atividades físicas, de lazer e culturais para pessoas de todas as idades. "É um programa que enfatiza o esporte e o lazer como política de Estado para todos. De crianças a adultos. Proporciona atividades físicas em ginásios, praças, espaços públicos e tem coordenadores, professores, material próprio. Muda a vida de uma região", ressaltou.
Washington apresentou ainda o Vida Saudável, especificamente voltado para a terceira idade, que hoje chega a 46 núcleos e 9.200 beneficiados. "Já fizemos uma parceria com a Secretaria Especial do Desenvolvimento Social para pular de 46 para 400 núcleos. É um salto importante. Mas temos potencial para muito mais", comentou.
Forças no Esporte
O general Jorge Antônio Smicelato, diretor do Departamento de Desporto Militar do Ministério da Defesa, fez uma apresentação sobre o Forças no Esporte, vertente do Segundo Tempo realizada em parceria com instituições militares país afora e que atende, atualmente, 28 mil crianças, que praticam atividades físicas três vezes por semana, no contraturno escolar, com transporte e duas refeições toda vez que são atendidos nas unidades militares.
"São atividades que reforçam valores como soberania, meritocracia, hábitos saudáveis, pertencimento, confiança e autoestima", listou Smicelato, que também ressaltou o caráter de valorização das pessoas e de redução de riscos sociais, além da possibilidade de revelar talentos para o alto rendimento com um investimento muito baixo.
"Não é a nossa prioridade, mas é natural que em um universo de 28 mil crianças atendidas surjam talentos. E cada criança tem o custo mensal para nós de R$ 240. Se pensarmos que o custo mensal de um preso é de R$ 2.800, isso nos dá a pensar sobre onde devemos priorizar os investimentos se quisermos uma perspectiva melhor de futuro", ressaltou.
Caravana pelo país
O deputado federal Fábio Mitidieri, de Sergipe, sugeriu que Washington e representantes da Secretaria Especial do Esporte levem esses projetos, conceitos e possibilidades para estados e municípios. "Muitas vezes no gabinete ficamos reféns dos pedidos de prefeitos. Facilitaria muito a secretaria apresentar um programa como esse antes. Mostrar que, em vez de elefantes brancos ou de uma quadra longe sem previsão de manutenção, ele poderia implementar um programa com maior chance de sucesso", disse, reforçando inclusive que pretende avaliar a possibilidade de destinar recursos para adoção de projetos da secretaria em Estações da Cidadania em seu estado.
Washington, por sua vez, respondeu a Mitidieri explicando que a Secretaria Especial do Esporte já iniciou esse trabalho de conscientização de parlamentares, prefeitos, secretários e demais atores políticos. "Já tivemos um evento importante ontem com coordenadores de bancada aqui em Brasília. E já iniciamos também esse tour pelo país para apresentar nossos programas. A primeira oportunidade que tivemos foi em Fortaleza, com a Jornada Esporte Cidadão. Vamos dar sequência nos demais estados", concluiu o secretário.
Ascom - Ministério da Cidadania