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Ações federais no esporte e preparativos para Tóquio são tema de encontro da cadeia produtiva do desporto em São Paulo
O Secretário Especial do Esporte do Ministério da Cidadania, Décio Brasil, participou, na tarde desta segunda-feira (30.09), de reunião do Comitê da Cadeia Produtiva do Desporto da Fiesp (Code), em São Paulo. O evento teve como pauta um painel sobre os preparativos dos Jogos Paralímpicos de Tóquio, em 2020, com o presidente do Comitê Paralímpico Internacional (IPC), Andrew Parsons, e abriu espaço para que Décio Brasil detalhasse as diretrizes de atuação de sua área.
O secretário explicou ao público ligado ao setor empresarial que no último dia 12 de setembro os integrantes do Conselho Nacional do Esporte (CNE) aprovaram o Plano Nacional do Desporte (PND). O documento, que estava na Casa Civil após uma versão ser aprovada em 2018, foi resgatado e revisado na atual gestão do federal e exposta à apreciação dos integrantes do CNE.
"Os conselheiros do CNE tiveram a oportunidade de opinar sobre o novo plano e ele foi aprovado. Está agora na fase de ajustes de observações feitas pelos conselheiros. Assim que terminarmos, vamos encaminhar à Consultoria Jurídica para fazer a avaliação final e encaminharmos à Casa Civil. A alteração mais importante foi colocarmos objetivos e indicadores de metas bem definidos em cada tema. Incluímos também o futebol, que não tinha referência anterior. É um norte da política de desporto nacional", afirmou o secretário.
Décio Brasil relatou que um outro documento discutido no CNE foi a Política Nacional de Infraestrutura Esportiva. "Fizemos um diagnóstico e levantamos instalações e equipamentos esportivos abandonados. São muitos e em várias regiões. Queremos propor uma regra que, quando aprovada, exija planos de gestão municipal para equipamentos esportivos a serem construídos. Precisamos mudar a cultura de inaugurar e não fazer gestão", disse o secretário.
Ele enfatizou, ainda, que a pasta iniciou uma caravana pelo país para apresentar projetos e produtos da Secretaria Especial do Esporte para os municípios brasileiros. Uma iniciativa que, segundo Décio Brasil, se encaixa no conceito federal de mais Brasil e menos Brasília. "É uma ação de democratização das políticas públicas. Um investimento na municipalização. Começamos com Fortaleza e pretendemos ampliar. Tínhamos um diagnóstico de que nossos programas estavam concentrados no eixo Sul-Sudeste", comentou.
Tóquio 2020
Presidente do Comitê Paralímpico Internacional, o brasileiro Andrew Parsons fez uma exposição das linhas gerais, dos conceitos e dos números dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Tóquio, no Japão. Integrante também do Comitê Olímpico Internacional, o dirigente explicou que o conceito mais amplo dos Jogos de 2020 está organizado no tripé de lutar pelo seu melhor (Personal Best, expressão muito difundida no esporte), da unidade na diversidade e de uma conexão com o amanhã. "O Japão ainda é um país de pouca diversidade. Esse é um desafio deles. Há apenas 300 mil estrangeiros hoje no país", comentou.
Segundo Parsons, uma outra frente de trabalho conceitual dos jogos é naturalizar a presença da pessoa com deficiência na sociedade japonesa. "É pouco comum ver em Tóquio pessoas com deficiência andando na rua. Na cultura japonesa, isso ocorre por uma proteção a mais, uma cuidado com os deficientes, mas um dos desafios que temos é mostrar que a população com deficiência não precisa ser protegida, mas necessita de oportunidade de ser produtiva. O deficiente é uma pessoa que paga imposto, trabalha, namora, casa e consome", listou.
De acordo com o dirigente, já há efeitos palpáveis das mudanças potencialmente promovidas pelos Jogos no Japão. "Os níveis de acessibilidade já eram altos lá, mas hoje são ainda maiores. Hoje já há 90% das estações de trem com acessibilidade plena. Esse número já chegou a 94% dos terminais de ônibus. O Aeroporto de Haneda passou por intervenções desde que Tóquio ganhou direito de sediar os Jogos que o transformaram no mais acessível do planeta", disse o presidente do IPC.
Outra frente de discussão por lá passa pelo setor hoteleiro. A legislação do país exigia que apenas um quarto em hotéis com mais de 50 fossem adaptados a pessoas com deficiência. "Eles estão debatendo alterações legais a partir das exigências dos Jogos e de uma perspectiva de entender que deficiente viaja, se desloca, trabalha e tem momentos de lazer", disse Parsons.
Segundo informações do Comitê Paralímpico Internacional, 15% da população mundial têm algum tipo de deficiência. Isso significa quase um bilhão de pessoas no planeta. "O esporte tem a capacidade de mudar esse chip na cabeça das pessoas. De fazê-las entender que estamos falando de um contingente muito grande", afirmou.
Andrew Parsons. Foto: Abelardo Mendes Jr./ Min. Cidadania
4.400 atletas
Os Jogos Paralímpicos de 2020 serão disputados de 25 de agosto a 6 de setembro, e vão reunir 4.400 atletas de 170 países para a disputa de 22 modalidades. Duas novidades no programa são o badminton e o taekwondo. Ao todo, serão 540 eventos que contarão com 80 mil voluntários no suporte. Os profissionais de imprensa já fizeram 3.400 solicitações de credenciamento.
Segundo Parsons, 19 modalidades serão transmitidas ao vivo. Nos Jogos Rio 2016, foram 12. A audiência acumulada dos Jogos do Brasil foi estimada em 4,1 bilhões de espectadores. Para Tóquio, a perspectiva é de que mais 300 milhões sejam adicionadas a essa conta e que as imagens cheguem a 160 países. Há, ainda, uma estimativa de que todos ou quase todos os 2,3 milhões de ingressos sejam comercializados.
CPB projeta até 75 medalhas
O Brasil, segundo estimativa do presidente do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), Mizael Conrado, tem potencial para levar à capital japonesa uma delegação de até 400 pessoas para brigar por até 75 medalhas.
Para dar ainda mais suporte à preparação nacional nesse ciclo e nos próximos, o Secretário Especial do Esporte, Décio Brasil, afirmou que pretende aproveitar uma viagem que fará à China em outubro para acompanhar os Jogos Mundiais Militares para esboçar parcerias técnicas com os chineses.
"Os chineses têm interesse na formação de profissionais de educação física para ensinar o futebol, enquanto nós temos interesse em técnicas chinesas para trabalhar o tênis de mesa e o badminton", exemplificou o secretário.
Paixão pelo vôlei
O evento na sede da FIESP, em São Paulo, contou com a presença da atleta Gizele Costa Dias, do vôlei sentado. Medalhista de bronze nos Jogos Paralímpicos Rio 2016 e eleita a melhor levantadora do torneio, além de prata nos Jogos Parapan-Americanos de Lima, no Peru, em 2019, ela já projeta a perspectiva de brigar pelo pódio novamente em Tóquio.
"Sou apaixonada pelo voleibol. Não me vejo fora da modalidade. Sempre fui atleta amadora. Tive uma lesão no joelho em 2007 e uma intercorrência durante uma cirurgia limitou meus movimentos. Com isso surgiu a perspectiva do esporte paralímpico e do vôlei sentado. Isso me permitiu várias conquistas. Eu sempre quis ser da seleção. Ano que vem, se Deus quiser, estarei em Tóquio. Quero muito dar orgulho à minha família e aos brasileiros".
Reunião do Comitê da Cadeia Produtiva do Desporto - FIESP
Gustavo Cunha - Ascom - Ministério da Cidadania