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Terceiro dia do seminário promovido pelo SUAS traz reflexões sobre as desigualdades raciais

Foto: André Oliveira / MDS
O último dia do seminário Caminhos para a Equidade Étnico-Racial no Sistema Único de Assistência Social (SUAS), promovido pelo Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS), foi realizado nesta sexta-feira (21.03), em Brasília. Foram três dias de debates que avaliaram os desafios no combate ao racismo no Brasil e maneiras para reduzir as desigualdades raciais e sociais.
O coordenador-geral dos Direitos Sociais Indígenas do Ministério dos Povos Indígenas (MPI), Cris Tupan, participou da mesa realizada pela manhã e falou sobre as dificuldades enfrentadas pelos indígenas no Brasil. “Nós temos uma realidade concreta em relação à vulnerabilidade indígena”, alertou. “É na luta de classes que a gente se encontra, inclusive nós indígenas. A gente precisa se envolver mais nas lutas cotidianas”, reforçou.
O professor e babalorixá Erisvaldo Santos, da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), lembrou os esforços do Governo Federal para enfrentar as demandas em favor da superação das desigualdades raciais e sociais. Além disso, salientou a invisibilidade nos territórios e os desafios das religiões de matriz africana no contexto das desigualdades raciais.
“Quero trazer a dimensão do respeito, do acolhimento e da valorização. O assistente social pode até não ter religião, mas é sempre mais acolhedor quando chega a alguém que tem pertencimento religioso judaico-cristão e é pouco acolhedor com aqueles que são pertencentes às matrizes africanas”, salientou.
Já a secretária da Igualdade Racial do Ceará, Zelma Madeira, destacou a importância desses encontros. “É um espaço de contribuição. Todos nós precisamos saber qual o chão estamos pisando”, avaliou. “Não teremos um Brasil mais democrático se não enfrentarmos esse nó que é o racismo estrutural”, afirma.
Para a professora Cida Bento, para quem construiu um sistema capitalista selvagem apavora falar em dignidade e valores civilizatórios. “O tempo inteiro eu penso em questões como essa. A gente não está falando só de inclusão, mas de enfrentamento de desigualdades”, pontua.
Balanço
No painel de encerramento, à tarde, o coordenador do curso de Serviço Social da Universidade Federal de Goiás (UFG), Renato de Paula, reforçou a importância de levar o tema para ser debatido em outros meios.
“Todo o conteúdo que a gente discutiu aqui só vai ter resolutividade se a gente conseguir furar a nossa bolha, e compreender que se trata não apenas de discutir o tema racial na rede de assistência social, mas na sociedade”, ponderou. “O SUAS que nós construímos a partir de 2003 foi consolidado democraticamente. Nossa expectativa é que esta política de equidade racial no SUAS também seja o início de uma construção democrática”, afirmou.
O diretor do Departamento de Proteção Social Básica do MDS, Elias de Sousa Oliveira, participou da mesa à tarde. O representante da Secretaria Nacional de Assistência Social (SNAS) ressaltou que o relatório construído a partir dos diálogos no seminário será trabalhado junto às gestões estaduais e municipais da rede SUAS. “Esse é o primeiro passo. A partir dele, vamos começar a nossa caminhada coletiva para ampliar esse debate e fazer ele se consolidar na ponta. Precisamos construir alinhamento e direção para convidar outras pessoas a caminharem com a gente”, adiantou.
Para Elias, a realização do seminário foi uma tarefa civilizatória. “Trazer para o centro do debate de um ministério as questões étnico-raciais e as questões dos povos tradicionais, com a participação das pessoas que passaram aqui, é extremamente importante”, ressaltou, ao agradecer o envolvimento das secretarias e demais áreas técnicas na realização do evento.
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O encontro foi organizado pela Coordenação-Geral de Equidade Étnico-Racial e Combate às Discriminações (CGEERCD) do Departamento de Proteção Social Básica (DPSB), da Secretaria Nacional de Assistência Social (SNAS), e com o objetivo de incorporar a pauta de combate ao racismo de forma permanente nas dinâmicas de funcionamento do SUAS.
O conjunto de temas selecionados para os debates nas mesas apresenta a trajetória da assistência social e sua relação com as diferentes manifestações de racismo. O seminário dialoga também com o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável n° 18 da Organizações das Nações Unidas (ODS 18 – ONU), dedicado à igualdade étnico-racial como um dos objetivos direcionado à proteção das populações indígenas e afrodescendentes.
Assessoria de Comunicação - MDS