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Semana de Inovação discute como a "pobreza de tempo" afeta a vida das mulheres
MDS / Divulgação
Você já parou para pensar em como gasta as 24 horas do seu dia? Entre o trabalho, os estudos, o cuidado com a casa e com a família, como fica o tempo para você? Essas reflexões foram o ponto de partida da mesa redonda "Quanto tempo o tempo tem?", na Semana de Inovação 2024, promovida pela Escola Nacional de Administração Pública (ENAP), nesta quarta-feira (30.10), em Brasília. O debate reuniu especialistas para discutir a importância do governo entender como as pessoas usam seu tempo e como essa informação pode ser utilizada para criar políticas públicas eficazes.
A coordenadora do Departamento da Economia do Cuidado da Secretaria Nacional de Cuidados e Família do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (SNCF/MDS), Mariana Mazzini Marcondes, destacou que atividades como cuidar de crianças, idosos ou pessoas com deficiência, além de afazeres domésticos, influenciam diretamente na disponibilidade de tempo para outras atividades, como trabalho e estudo. "As mulheres geralmente dedicam mais tempo a essas atividades essenciais, que muitas vezes não são reconhecidas como trabalho", disse.
Mariana ressaltou a importância de coletar dados sobre como as pessoas usam seu tempo para a criação de políticas públicas que funcionem. "Sem essas informações, não podemos criar políticas que atendam às necessidades da população. Por exemplo, para definir o horário de funcionamento das creches, precisamos saber como as pessoas que cuidam de crianças usam seu tempo", explicou.
A coordenadora revelou que o governo está trabalhando em parceria com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para aprimorar as pesquisas sobre o uso do tempo. "Já conseguimos algumas melhorias na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua) e, no ano que vem, a Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF 2025) terá um módulo específico sobre o tema", revelou.
A professora Jordana Cristina de Jesus, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), complementou a discussão trazendo o conceito de pobreza de tempo. "O dia tem 24 horas para todos, mas o que não é democrático é como cada pessoa usa essas 24 horas", observou.
Segundo a pesquisadora, quem cuida de outras pessoas tem menos liberdade para escolher como usar seu tempo, já que cuidar de uma criança ou de um idoso, são tarefas que não podem ser adiadas.
"Essa pobreza de tempo afeta principalmente mulheres pobres e negras, por causa da divisão de tarefas", destacou a professora. Jordana defendeu ainda a importância de medir a pobreza de tempo e utilizar essa informação para formular políticas públicas como creches e horários de trabalho mais flexíveis.
Assessoria de Comunicação - MDS