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Desenvolvimento Social
Semana de Inovação: mesa debate igualdade social e segurança alimentar
Foto: Allef Renan
Igualdade social, redução da sobrecarga de tarefas executadas por mulheres e segurança alimentar e nutricional. Esses foram alguns dos temas abordados, nesta quarta-feira (30.10), durante uma mesa de debates da Semana de Inovação 2024, promovida pela Escola Nacional de Administração Pública (Enap).
O encontro contou com a participação da secretária nacional de Segurança Alimentar e Nutricional do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS), Lilian Rahal. Também fizeram parte do debate a chef de cozinha e escritora, Bela Gil, a ex-secretária de Igualdade e ex-diretora nacional de Políticas de Cuidados do Ministério das Mulheres, Gêneros e Diversidade da Argentina, Lucía Cirmi, e da pesquisadora do SOS Corpo, Instituto Feminista para Democracia, Betânia Ávila.
No evento, Lilian Rahal lembrou que o Brasil tem vivido uma nova fase, onde as políticas públicas são reforçadas a cada dia, permitindo que os brasileiros ganhem fôlego para sair da extrema pobreza e da insegurança alimentar. “As cozinhas solidárias são exemplos de iniciativas que criam espaços de ofertas de alimentos e questionam o modelo machista e patriarcal de sobrecarga de trabalho para as mulheres”, enfatizou.
A secretária também lembrou que a pobreza é o maior obstáculo na obtenção de alimentos de qualidade. “Temos que nos preocupar com o que se come e como se acessa essa comida”, salientou.
Já Bela Gil frisou a dualidade existente entre a fome e o excesso de consumo de alimentos ultraprocessados. “Se as pessoas comem mal, aumentam os riscos de contraírem doenças. Mas, para uma boa parte da população, os alimentos ultraprocessados são os únicos alimentos que podem comprar”, destacou.
A chef também lembrou que, no universo dos cuidados e execuções de tarefas, a carga tende a ser maior para as mulheres, principalmente para mulheres negras, indígenas e que vivem na pobreza. “Cozinhar faz parte da economia do cuidado e cuidar é o trabalho que move o mundo”, ressaltou. A escritora também destacou que, para comer bem, é preciso ter acesso a uma qualidade de vida melhor. “A fome é uma derivação da pobreza e precisamos fazer com que as pessoas tenham poder aquisitivo para poder comer bem”, disse.
Para Lucía Cirmi, a agenda da política de cuidados é de extrema importância e tem alcance mundial. “Precisamos romper o círculo vicioso de achar que os cuidados são obrigações só das mulheres. Esta agenda tem muito para transformar e devemos lembrar também que cozinhar não é somente preparar alimentos”, enfatizou.
Betânia Ávila, pesquisadora do SOS Corpo, lembrou que os problemas relacionados à política de cuidados foram gerados pelas desigualdades sociais. “As jornadas das mulheres trabalhadoras são extensas, intensas, intermitentes e simultâneas”, comentou. “Essas mulheres trabalham dez horas por dia para conseguir uma renda e, depois, trabalham em suas casas. Uma vez, perguntei para uma mulher sobre o tempo que ela tira para se cuidar. E ela me perguntou se esse tempo existia”, contou.
Para Betânia, políticas públicas e sociais bem estruturadas são o único caminho que pode amenizar o peso dessa realidade que se estende há séculos e prejudica o público feminino. “Para as mulheres, as políticas públicas e sociais devem estar conectadas nestas jornadas cotidianas e devem criar a superação das desigualdades”, avaliou. “Precisamos superar o sofrimento construindo políticas públicas de cuidado, de saúde, constelações de políticas que fazem parte da agenda de cuidados”, destacou.
A Semana da Inovação da Enap se encerra nesta quinta-feira (31.10) e os eventos podem ser acompanhados de forma online. Para mais informações, acesse o site da Enap.
Assessoria de Comunicação - MDS