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Assistência social
Rede de assistência social cria ciclo virtuoso em Pedra Branca do Amapari (AP)
Foto: Luana Viana/Assistente administrativo da SIMS/AP
A escala da Jornada Auxílio Brasil em Macapá revelou a história de pessoas que passaram pela rede de assistência social do país e tiveram as vidas transformadas. Por trás de apresentações de música e capoeira no palco do evento na quinta-feira (22.09) estava a trajetória de dois professores que saíram de programas sociais do Governo Federal para ensinar crianças em Pedra Branca do Amapari (AP), município a 180 km da capital do estado.
Na escola de música João e Maria, o professor de saxofone Elizeu Costa passou a infância trabalhando na rua vendendo dindin, que no Amapá é conhecido por chop e, em outras regiões, atende por sacolé e geladinho. Na prática, é um suco congelado dentro de um saquinho plástico.
A gente seleciona através do CadÚnico, dos beneficiários do Auxílio Brasil, e abre inscrições para a comunidade”
Tatiane Costa, coordenadora de gestão Sistema Único de Assistência Social de Pedra Branca do Amapari
“Eu ficava exposto a vários tipos de pessoas, trabalhando na rua, criança. Teve situações que fiquei em perigo. Pessoas que compravam e não queriam pagar e se eu cobrasse queriam me bater”, recorda Elizeu. Para ele, foi um alívio ter tido o suporte na rede de assistência social, onde encontrou sua paixão.
“Tinha aulas de futebol, teatro, mas gostava mesmo de música. Eu me dediquei bastante, chamei atenção das pessoas que trabalhavam lá. Não faltava às aulas e, quando atingi a idade limite do programa, me convidaram para participar. ‘Você não vai sair daqui, vai dar aula para a gente”, conta Elizeu.
Com o estímulo, ele se aperfeiçoou ainda mais na área. Estudou e fez faculdade de música na Universidade Federal do Amazonas (UFAM). “Ampliei minha visão, até sobre mercado de trabalho e outras portas se abriram. Surgiram convites para turnês fora do Brasil, na Espanha, na Itália, na Suíça. Terminei o curso, mas já estou trabalhando no pré-projeto do mestrado em saxofone”, relata Elizeu Costa, que faz arranjos para orquestras e compõe músicas com temática regional amazônica.
A projeção internacional não impede que ele continue dando aulas na escola do município. Um dos projetos é para crianças de Pedra Branca do Amapari. Outro é o Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos (SCFV), que tem cofinanciamento federal para aquisição de material pedagógico, uniformes e contrapartida municipal com alimentação e pagamento de funcionários.
O Cadastro Único é o instrumento para seleção dos beneficiários do projeto, que oferece aulas de capoeira, artesanato e arte para qualquer idade. “A gente seleciona através do CadÚnico, dos beneficiários do Auxílio Brasil, e abre inscrições para a comunidade”, comentou Tatiane Costa, coordenadora de gestão Sistema Único de Assistência Social (SUAS) do município.
Em Pedra Branca do Amapari são 3.536 famílias beneficiadas pelo Auxílio Brasil, em um investimento de quase R$ 2,2 milhões. O tíquete médio é de R$ 622,65 por residência. Iseec Costa há 18 anos dá aula de capoeira e, hoje, passa a experiência de vida que teve para as crianças do SCFV. Atividade que aprendeu quando passou pela rede de assistência social em sua cidade natal, Almeirim, no Pará. “A gente praticava no centro comunitário, era bem bacana, limpinho. Gostava muito, tenho saudade”.
Ele conta que se sentia abandonado e só queria estar na rua e que o programa social mudou seu destino. “Fortaleceu muito para que eu tivesse consciência e a certeza de que tinha que fazer alguma coisa da minha vida”. Pelo histórico no programa, ele foi indicado a dar aulas de capoeira no SCFV e faz o acolhimento que não teve na infância.
“A gente tem um convívio familiar, vou à casa deles, fazemos reuniões a cada mês com os pais, acompanhamos na escola. Isso porque se a criança não estiver dentro do padrão do projeto, não participa da capoeira. E aí a importância da capoeira, porque eles melhoram. Tinha criança que não gostava de ir à escola e aí a gente proibia na capoeira. Hoje, algumas mães nos contam que eles acordam e se mandam para a escola”, comenta Iseec.
“Temos um impacto direto na vida das pessoas que estão em vulnerabilidade social, e há esse resgate pela equipe do programa, que faz esse acompanhamento diariamente”, finaliza Tatiana Costa.
Assessoria de Comunicação – Ministério da Cidadania