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Outubro, mês da alimentação saudável
Agricultura Urbana e Periurbana e a promoção da alimentação saudável
“A educação que era feita dentro das unidades de saúde, sentado na cadeira, uma coisa muito teórica, aqui passa a ser uma coisa prática”, disse Ximena Moreno, médica veterinária e cocriadora da Rede de Hamb no DF, espalhada por 18 unidades de saúde, sendo 13 UBS. A ação é uma parceria no SUS, entre a Secretaria de Estado de Saúde (SES) do DF e a Fiocruz Brasília.
O cocriador do projeto, Marcos Trajano, médico gerente de práticas integrativas da SES/DF, explicou as demais dimensões do Hamb. “O esforço para superar a insegurança alimentar e nutricional no Brasil e no mundo não pode prescindir de projetos como esse, que articulam as comunidades, os trabalhadores e os gestores em prol da difusão de educação alimentar e nutricional, de construção de solos saudáveis, mas, acima de tudo, de comunidades cooperativas e que possam produzir biodiversidade a partir da sua atuação conjunta”, frisou.
“A pessoa faz para depois sentir e depois entender que está fazendo uma reeducação alimentar e, dessa forma, ela vai entendendo também como esse pode ser um espaço seguro para compartilharem problemas de casa. Além da produção nos hortos, os usuários também levam para casa sementes e mudas para aprenderem a produzir o alimento lá”, completou Ximena Moreno, que também é bolsista da Fiocruz.
Rafael Barros, bolsista da Fiocruz, que faz parte da equipe de implantação do projeto, destacou que o espaço serve para construir a formação de vínculos, de contato com a terra, de troca de saberes e de receitas. “É uma prática muito interessante para a formação de vínculos e trabalhar a saúde a partir do contato e do cuidado com a terra”, pontuou.
Para Aparecida Guerra, usuária da UBS que participa ativamente do projeto todas as semanas, a experiência “é muito boa porque, além do aprendizado, a gente tem essa comunidade de amizade, de tranquilidade.” Opinião compartilhada por Mário Machado, que também participa do Hamb. “Eu penso que é uma retribuição que eu tenho que fazer pelo posto de saúde, pelo que ele faz por nós, a sociedade, a comunidade”.
A iniciativa é uma das experiências de agricultura urbana e periurbana nos serviços de saúde (SUS) e assistência social (SUAS) mapeada pelo Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS), em parceria com a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), com apoio da Embrapa Hortaliças. O objetivo é identificar, selecionar e divulgar experiências bem-sucedidas para contribuir na elaboração de estratégias de implementação dessas iniciativas.
“As hortas urbanas e hortos medicinais dentro de unidades de saúde ou dentro dos Centros de Referência de Assistência Social, os CRAS, compõem essa ideia de Equipamentos Públicos de Promoção da Alimentação Saudável. A ideia é que a promoção da alimentação saudável se dá nos diversos espaços de formação, oferta e consumo de alimentos”, ressaltou Lilian Rahal, secretária nacional de Segurança Alimentar e Nutricional.
Em abril, o MDS deu início ao processo de mapeamento de experiências em agricultura urbana e periurbana nos serviços de saúde e assistência social. O processo de seleção das experiências começou em julho, quando a equipe técnica revisou e analisou as propostas, avaliando sua adequação ao eixo temático escolhido, além de verificar o cumprimento dos requisitos e condições estabelecidos. No total, foram recebidas 96 experiências, das quais 43 foram selecionadas. Elas serão publicadas em um e-book que será lançado pelo MDS em 2025.
Programa Nacional de Agricultura Urbana e Periurbana
Dentro do aspecto da desnutrição, além da fome, a obesidade é um problema social que atinge de forma desigual a população mais vulnerável. Um conjunto de evidências aponta que os sistemas alimentares hegemônicos em ambientes não saudáveis favorecem o acesso, a disponibilidade e o consumo dos alimentos ultraprocessados, que estão diretamente relacionados com obesidade, doenças crônicas e mortes precoces.
Na Estratégia de Prevenção da Obesidade do MDS, encaixam-se projetos como das hortas urbanas, que fazem parte do Programa de Agricultura Urbana e Periurbana (AUP), relacionado à atividade agrícola e pecuária desenvolvida nas áreas urbanas e periurbanas e integrada ao sistema ecológico e econômico urbano, destinada à produção e à extração de alimentos e de outros bens para o consumo próprio ou para a comercialização.
“Os ultraprocessados não devem fazer parte dos programas públicos de alimentação e dos espaços de oferta de alimentação, especialmente para crianças e públicos mais vulneráveis. Então, as hortas urbanas entram no espaço escolar, tanto como hortas pedagógicas como também espaços de produção e oferta de alimento saudável. E entram nos Centros de Referência de Assistência Social, os CRAS, e nas Cozinhas Solidárias, que têm a horta ao lado desses espaços, tanto para oferta de alimentos para a comunidade como para abastecer o preparo de refeições”, exemplificou Lilian Rahal.
O Programa Nacional de Agricultura Urbana e Periurbana abrange todas as etapas de produção, processamento, distribuição e comercialização de alimentos, plantas medicinais, plantas aromáticas e ornamentais, fitoterápicos e insumos, tanto para o autoconsumo quanto para a comercialização. Também inclui processos de gestão de resíduos orgânicos.
Além disso, o programa tem objetivos como promover, desenvolver e conscientizar sobre os impactos da agricultura urbana e periurbana nas cidades, desde a agricultura sustentável até o combate à insegurança alimentar decorrente das desigualdades sociais relacionadas a raça, etnia e gênero.
A realização das ações é articulada entre os Ministérios do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Meio Ambiente e Mudança do Clima e do Trabalho e Emprego, visando uma abordagem conjunta, cooperativa e transparente na implementação, avaliação e monitoramento do Programa Nacional de Agricultura Urbana e Periurbana.
Assessoria de Comunicação - MDS