Notícias
INTERNACIONAL
Pauta social e combate à fome são pilares da presidência de Lula no G20
Foto: Ricardo Stuckert / PR
Ao receber o martelo de madeira que simboliza a presidência temporária do G20, neste domingo (10.09), em Nova Delhi, na Índia, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva destacou as prioridades que terá à frente do grupo que reúne as maiores economias globais. Além do enfrentamento das mudanças climáticas e da reforma da governança internacional, a presidência brasileira terá como foco, entre 1º de dezembro de 2023 e 30 de novembro de 2024, o combate à fome, à pobreza e à desigualdade.
Em seu segundo discurso realizado durante os dias de encontro, o presidente Lula destacou que a fome afeta mais de 700 milhões de pessoas em todo o mundo, segundo a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO, na sigla em inglês). "Hoje, em plena quarta revolução industrial, a renda dos mais ricos é 38 vezes a dos mais pobres. Os 10% mais ricos detêm 76% da riqueza do planeta, enquanto os 50% mais pobres possuem apenas 2%. De acordo com as Nações Unidas, no ritmo atual, cerca de 84 milhões de crianças ainda estarão fora da escola até 2030", citou.
O presidente lembrou ainda o lançamento da estratégia do Governo Federal para combater a fome no Brasil. "Na semana passada, lançamos o Plano Brasil Sem Fome, que vai reunir uma série de iniciativas para reduzir a pobreza e a insegurança alimentar. Garantir oportunidades iguais para todos significa assegurar acesso a serviços básicos de qualidade", defendeu Lula.
Lançaremos, em nossa presidência do G20, uma Aliança Global contra a Fome. Esperamos contar com o apoio e o engajamento de todos vocês para construirmos um mundo cada vez menos desigual e mais fraterno"
Luiz Inácio Lula da Silva, presidente da República
"Lançaremos, em nossa presidência do G20, uma Aliança Global contra a Fome. Esperamos contar com o apoio e o engajamento de todos vocês para construirmos um mundo cada vez menos desigual e mais fraterno, e nos reconhecermos, de fato, como uma grande família, que não deixa ninguém para trás", acrescentou o presidente.
O ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, Wellington Dias, exaltou a prioridade do presidente Lula em combater a fome e as desigualdades. “O presidente do Brasil é um dos maiores líderes do mundo e ele abraça causas importantes para a humanidade: a defesa de medidas para conter as mudanças climáticas, a política de paz, a redução da fome e da pobreza. Agora, assume o grupo dos 20 países com as mais fortes economia do mundo e, corajosamente, abre esse momento na defesa do combate à fome", comentou o ministro.
Wellington Dias lembrou ainda o tamanho do compromisso do MDS em, a partir da união de esforços e do Plano Brasil Sem Fome, reduzir ano a ano o número de pessoas que ainda passam fome no país. "Vamos fazer isso junto com cada brasileiro e cada brasileira, olhando de modo especial para quem mais precisa”, assegurou.
Mandato brasileiro
A partir de 1º de dezembro de 2023 e até 30 de novembro de 2024, a agenda do G20 será decidida e implementada pelo governo brasileiro, com apoio direto da Índia, última ocupante da presidência, e da África do Sul, país que exercerá o mandato em 2025. Esse sistema é conhecido como “troika” e é um dos diferenciais do grupo em relação a outros organismos internacionais.
Entre dezembro de 2023 e novembro de 2024, o Brasil deverá organizar mais de 100 reuniões oficiais, que incluem cerca de 20 reuniões ministeriais, 50 reuniões de alto nível e eventos paralelos. O ponto alto será a 19ª Cúpula de chefes de Estado e governo do G20, nos dias 18 e 19 de novembro de 2024, no Rio de Janeiro.
Confira aqui o segundo discurso do presidente Lula, na íntegra:
Comparo o mundo a uma grande família, cujo bem-estar depende da harmonia entre seus membros – que somos nós.
Eu me pergunto se estamos agindo como bons irmãos. E a resposta, infelizmente, é Não.
Falamos diferentes idiomas, e mesmo assim somos capazes de nos entender perfeitamente.
Temos diferentes personalidades, mas isso não nos impede de trabalharmos juntos pelo bem comum – e tomo como exemplo esta Cúpula do G-20
Apesar de todos os esforços, nossa família está cada vez mais desunida. O que nos divide tem nome: é a desigualdade, e ela não para de crescer.
Há dois séculos, a renda dos mais ricos era 18 vezes maior do que a dos mais pobres.
Hoje, em plena quarta revolução industrial, a renda dos mais ricos é 38 vezes a dos mais pobres.
Os 10% mais ricos detêm 76% da riqueza do planeta, enquanto os 50% mais pobres possuem apenas 2%.
De acordo com as Nações Unidas, no ritmo atual, cerca de 84 milhões de crianças ainda estarão fora da escola ate 2030.
Precisaremos de quase 300 anos para atingir a igualdade de gênero perante a lei.
Segundo a FAO, a fome, que afeta mais de 700 milhões de pessoas em todo o mundo.
O mundo desaprendeu a se indignar e normalizou o inaceitável.
A crença de que o crescimento econômico, por si só, reduziria as disparidades se provou falsa.
Os recursos não chegaram nas mãos dos mais vulneráveis.
O mercado continuou indiferente à discriminação contra mulheres, minorias raciais, LGBTQI+ e pessoas com deficiência.
A desigualdade não é um dado da natureza. Ela é socialmente construída.
Combatê-la é uma escolha que temos de fazer todos os dias.
Na semana passada, lançamos o plano Brasil sem Fome, que vai reunir uma série de iniciativas para reduzir a pobreza e a insegurança alimentar.
Garantir oportunidades iguais para todos significa assegurar acesso a serviços básicos de qualidade.
Significa formular políticas públicas que contribuam para erradicar o racismo e o sexismo das nossas práticas sociais e institucionais.
No Brasil, tornamos obrigatório que homens e mulheres que fazem o mesmo trabalho recebam o mesmo salário. Essa é uma aspiração antiga da OIT.
Como líderes das vinte maiores economias do mundo, é nosso papel fortalecer a capacidade do Estado de cuidar dos seus cidadãos.
É preciso colocar os pobres no orçamento público.
E fazer os mais ricos pagarem impostos proporcionais aos seus patrimônios.
As instituições financeiras internacionais devem funcionar a serviço do desenvolvimento, em vez de agravar o endividamento.
Novas tecnologias devem ser compartilhadas, em vez de aprofundar o fosso digital entre as nações.
A desigualdade é um flagelo que cresce dentro dos nossos países, mas também entre eles.
A disparidade de renda entre países ricos e pobres quadruplicou entre o começo do século dezenove e o fim do século vinte.
As assimetrias se perpetuaram por nova formas de dependência econômica e financeira, regras e instituições injustas, compromissos não cumpridos.
A Agenda 2030 prometia redefinir essa relação.
É urgente resgatar o espírito de solidariedade que anima os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, para formularmos respostas conjuntas aos desafios econômicos do nosso tempo.
Lançaremos, em nossa presidência do G20, uma Aliança Global contra a Fome.
Esperamos contar com o apoio e o engajamento de todos vocês.
Para construirmos um mundo cada vez menos desigual e mais fraterno.
E nos reconhecermos, de fato, como uma grande família. Que não deixa ninguém para trás.
Muito obrigado.
Assessoria de Comunicação - MDS, com informações do Planalto