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Segurança alimentar
No Paraná, mais de 90 famílias produzem verduras, legumes e derivados do leite com venda garantida para comunidade local
Um bom exemplo de união entre a reforma agrária e a agricultura familiar está localizado no norte do Paraná. Em Arapongas, Roseli Campos e Fernando Dalemole produzem hortaliças agroecológicas em seis hectares que revendem por meio da Cooperativa de Comercialização e Reforma Agrária União Camponesa (Copran) do Assentamento Dorcelina Fulador, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). São mais de 15 mil pés de alface, cinco mil unidades de brócolis e dois mil pés de couve-flor por mês, plantados num sistema que não utiliza qualquer tipo de agrotóxico.
Nesta segunda-feira (9.10), o assentamento recebeu as visitas do ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, Wellington Dias, do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira, representantes da Conab, Incra, BNDES, Banco do Brasil e entidades assistenciais.
A produção agrícola tem esse potencial de agregar valor aos produtos feitos de forma saudável e sustentável, além de propiciar uma forma de manter a juventude no campo"
Wellington Dias, ministro do Desenvolvimento Social
Roseli Campos conta que a diversidade de produtos é importante para assegurar as vendas, caso alguma das plantações sofra, por exemplo, com pragas. Ela ressalta ainda a preocupação em entregar produtos frescos para a merenda escolar. "Os pedidos variam muito, mas a venda é garantida por meio da cooperativa que vende produtos da marca Campo Verde", contou.
"Trabalhando com cooperativismo conseguimos vender mais e melhor", completou Fernando Dalemole. "Em conjunto, garantimos assistência técnica, boa comercialização, além de diminuir custos de logística", prosseguiu.
Atualmente 92 famílias vivem e trabalham no assentamento que, além de hortaliças, também produz laticínios. "O Brasil Sem Fome tem toda essa preocupação com o apoio, que vai desde a produção até o consumo, promovendo uma alimentação saudável, por meio de programas como o Pronaf e o PAA (Programa de Aquisição de Alimentos), mas também a geração de renda", detalhou o ministro Wellington Dias.
O novo formato do PAA foi sancionado pelo presidente Lula em julho deste ano. A iniciativa, criada pela primeira vez há quase 20 anos, no âmbito do Fome Zero, une o incentivo à produção dos agricultores familiares ao fornecimento de alimentos a pessoas em situação de vulnerabilidade e insegurança alimentar. O MDS, inclusive, publicou no Diário Oficial da União desta terça-feira (10.10) a Portaria n°132, que transfere R$ 4,3 milhões ao Paraná, beneficiando pelo menos 287 produtores.
Já o Plano Brasil Sem Fome, lançado no fim de agosto, articula 80 ações e programas dos 24 ministérios que compõem a Câmara Interministerial de Segurança Alimentar e Nutricional (Caisan) com o objetivo de tirar novamente o Brasil do mapa da fome, como ocorreu em 2014.
Há 12 anos, Fernando Dalemole produz hortaliças e conta que no começo foi difícil, mas que a demanda pelos produtos e a venda garantida via PAA auxiliaram nos negócios. "Depois que comecei a interagir com a lavoura, senti que é mais fácil que outras culturas. São produtos muito procurados e com venda garantida", argumentou.
Segundo ele, a produção agroecológica é um caminho sem volta e de preservação do meio ambiente. Fernando e Roseli se beneficiaram com programas como o Pronaf e o PNAE, e distribuem também para os mercados da região. "Hoje eu colho e entrego, mas a cooperativa se encarrega da venda e, por isso, fico com mais tempo para me dedicar à plantação", explicou.
"O Brasil é um grande produtor de alimentos, então nada justifica a fome", frisou Wellington Dias. "Essa visita é muito importante pelo aprendizado que ela proporciona para as nossas equipes, que têm contato direto com a linha de frente da produção. Essa troca de experiências é relevante para desenvolver políticas públicas eficientes”, pontuou o ministro do MDS.
O ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, acredita que o assentamento traduz o sucesso da reforma agrária. "Todas as etapas da reforma agrária estão contempladas aqui. A distribuição de terra, a regulamentação do assentamento, o financiamento para o plantio, a assistência técnica, a cooperativa, a agroindústria e os programas de compras públicas", disse.
Agroindústria nos assentamentos
A visita à unidade de beneficiamento de leite foi marcada pela tecnologia e pelos cuidados com a higiene. São 300 animais que produzem mais de dois mil litros de leite por dia, distribuídos para 1,5 milhão de consumidores num raio de 80km. "A estratégia coletiva é importante para fomentar a industrialização da produção leiteira nos assentamentos pelo Brasil", frisou o produtor de leite, Alencar Hermes, de 55 anos.
"Precisamos sintonizar melhor nossa luta com as políticas públicas", disse a líder do assentamento Dorcelina, Dirlene Delizare. "Sempre tivemos vontade de trabalhar como associação e desenvolver projetos coletivos. Quando iniciamos as atividades, tínhamos que terceirizar a venda do nosso leite. Depois que resolvemos criar a nossa própria agroindústria, o PAA foi determinante para fazermos a entrega para a merenda escolar", afirmou.
Construído com o Prominp e financiado pelo fundo social do BNDES, a cooperativa pôde colocar em prática a proposta da agroindústria. "A política pública, quando bem aplicada, faz a diferença na agricultura familiar. Ela cria expectativa e condições para desenvolver os projetos de venda e comercialização dos produtos”, analisou o ministro Wellington Dias.
"O conhecimento produzido no campo vem passando de geração em geração. A juventude vem assumindo os postos de trabalho dando continuidade aos ensinamentos passados de pai para filhos. A produção agrícola tem esse potencial de agregar valor aos produtos feitos de forma saudável e sustentável, além de propiciar uma forma de manter a juventude no campo", prosseguiu o titular do MDS.
Cozinha Comunitária Amigas do São Jorge
Já na comunidade de São Jorge, na periferia de Londrina (PR), o trabalho de dez voluntárias faz a diferença para a população em vulnerabilidade. Elas preparam refeições com produtos entregues pela Copran e transformam em refeições para quem procura o local, em torno de 100 pessoas por dia.
Tia Adriana coordena o trabalho das voluntárias e atende às demandas de quem busca auxílio no local. "Temos a esperança de conseguir um lugar maior para atender a comunidade. Fizemos uma parceria com o CRAS local e promovemos cursos profissionalizantes, como pintura e bijuterias, para as mulheres que são as mais necessitadas e sofrem mais violência doméstica", explicou.
"A conexão para nós com essa comunidade é muito direta", definiu Ceres Hadich, líder comunitária do MST. "Não queremos perder o vínculo com essas pessoas, por isso fortalecemos nossas ações com propostas de solidariedade e ajuda ao próximo", contou.
“A cozinha comunitária é uma política pública que tem tudo para dar certo porque fortalece também a agricultura familiar. O governo fazendo a sua parte, comprando do pequeno produtor, fortalece a cadeia produtiva do alimento saudável também", finalizou Ceres Hadich.
O projeto solidário leva o nome da líder comunitária Walkiria Moreno, já falecida e que desenvolveu trabalhos sociais por seis anos na zona norte de Londrina.
Assessoria de Comunicação - MDS