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Novas perspectivas
Ministério da Cidadania oferta capacitação profissional gratuita a moradores da Rocinha
Rio de Janeiro/RJ - Por volta dos oito anos de vida, as condições financeiras da família fizeram com que Antônia Lúcia Araújo abandonasse a escola. Tanto tempo no mercado informal a afastou do sonho de receber profissionalização. Até que, aos 56 anos, a oportunidade chegou à moradora da comunidade da Rocinha, em São Conrado, bairro da Zona Sul do Rio de Janeiro. Fruto de parceria com o Ministério da Cidadania e a prefeitura local, o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac) oferta profissionalização gratuita na Rocinha. E foi na unidade do Senac que a vida de Antônia ganhou novos contrastes.
Egressa do curso de Camareira(o), ela não precisou mais investir no varejo autônomo – o emprego formal na rede hoteleira chegou poucos meses depois de concluir a especialização. “O que eu aprendi? É um sonho, é uma coisa que eu nem sei explicar. É um sentimento tão bom, porque eu não tive oportunidade de terminar meus estudos, então ficou uma coisa dentro de mim”, conta, entre lágrimas.
Antes beneficiária do Bolsa Família, Antônia conquistou com o emprego a independência do programa de transferência de renda. “É justo, porque agora eu tenho o meu trabalho. Eu me sinto mais viva, mais feliz. Tenho minha autoestima de volta. Agora eu sei que posso tudo. Ou quase, né?”, brinca, ainda emocionada.
Cadastro Único
Para ingressar em um dos cursos do Senac Rocinha, é necessário estar inscrito no Cadastro Único para Programas Sociais do governo federal. A ação é conduzida pelo Ministério da Cidadania, que repassa aos gestores da instituição a situação cadastral dos interessados em participar. “No ato da matrícula os alunos já vêm com documentação completa. E a gente sempre reforça a importância de eles manterem atualizado o cadastro, para que não percam a oportunidade de estudar”, explica a coordenadora pedagógica da unidade, Andrea Correa.
O conteúdo oferecido não é meramente técnico. A formação é voltada a oportunidades com boas perspectivas no mercado de trabalho, sejam em restaurantes, bares ou hotéis, por exemplo. Orientações de postura e comunicação também são algumas lições importantes repassadas aos estudantes, afirma a gerente do Senac Rocinha, Gisele Canto: “A gente tem essa preocupação, de não somente levar o conteúdo do curso. Queremos que essas pessoas estejam capacitadas a sair daqui e se inserir no mercado de trabalho. Que não sejam estatísticas de um certificado emitido, mas de empregabilidade”.
No Senac Rocinha, a profissionalização tem foco em turismo e hotelaria. Ao todo, são 18 cursos disponíveis para atuar nas áreas, entre Formação de Garçom, Recepcionista em Meios de Hospedagem, Assistente de Logística, Organizador de Eventos, Práticas Administrativas, Inglês Básico e outros.
Novas perspectivas
Instrutora do curso de Camareira(o), Ana Paula Teixeira garante: “a qualidade dos cursos gratuitos é a mesma dos demais que são ofertados em outras unidades”. As aulas são realizadas no Centro de Cidadania Rinaldo de Lamare, na avenida Niemeyer, em prédio que pertence à prefeitura do Rio de Janeiro. Dois pavimentos são cedidos para a realização das aulas teóricas e práticas. Um diferencial é a disposição, na estrutura, de ambientes que remontam quartos de hotel – aproveitados pelas turmas de Ana Paula. “Os alunos recebem o melhor treinamento. Quando eles vão para o mercado de trabalho não têm muita dificuldade, porque veem que é feito lá o mesmo que eles fazem aqui. Isso é muito gratificante”, conta a instrutora.
Ela ainda relata abastecer os alunos com outros recursos, como fotos e vídeos, a fim de mostrar a eles que há realidades alternativas – e possíveis – à vida em áreas de vulnerabilidade social. “Trazemos às nossas aulas casos de sucesso, mostramos vídeos sobre o mercado, tudo para que eles tenham uma visão de que o que eles passam aqui é muito pouco, que o mundo é muito maior e que há esperança”, explica.
Desde que ingressou na unidade, sonhar e planejar o futuro tornou-se possível para Claudicéia Conceição Mesquita: ela quer ser camareira em diversos lugares, ganhar o mundo afora, de hotel em hotel. “Estou aprendendo sobre hotéis, tudo que têm os hotéis maravilhosos do mundo. É um mercado que abre porta de emprego não só aqui no Brasil, mas também no mundo. E meu sonho é rodar o mundo como camareira”, sorri, entusiasmada.
Qualificação
A troca de experiências entre os colegas é um dos pontos destacados por Júlio Cesar Oliveira, aluno do curso de Porteiro e Vigia. “Eu acho que a melhor parte que eles têm a oferecer aqui é, justamente, o diálogo. Tanto dos instrutores, quanto entre os colegas. Essa relação de aprender com quem está do seu lado é muito importante”, observa. A instrutora da modalidade, Valéria Souza, frisa o comprometimento dos alunos: “Eles estão se mostrando muito interessados e agarrando a oportunidade com unhas e dentes. A oportunidade é mais um fator positivo para se inserir no mercado”.
Jorge Manoel Oliveira está em uma das turmas de Porteiro e Vigia. Para ele, a oportunidade de ingresso em um curso técnico e profissionalizante beneficia não apenas ele próprio, como também toda a comunidade. “Sou morador da Rocinha e sempre tive vontade de aprimorar meu conhecimento, mas aqui próximo não tinha oportunidade e eu não tinha como frequentar. Pelo que vejo aqui, essa iniciativa é muito positiva para o desenvolvimento da comunidade”, afirma o estudante.
Parceria com o Sistema S
O ministro da Cidadania, Osmar Terra, ressalta que a proposta desenvolvida no Senac Rocinha é um exemplo de como o governo federal pretende trabalhar com jovens, em especial os filhos de famílias mais pobres, que precisam ter uma outra perspectiva de vida. “O nosso foco principal será sobre esses jovens, para dar oportunidade de emprego e renda e fazer com que eles saiam da situação de pobreza, melhorem a sua qualidade de vida, tenham protagonismo e comecem uma vida nova, a partir dessas oportunidades que estamos construindo nessas parcerias com o Sistema S”, defende.
Em julho, o Ministério da Cidadania também firmou parceria com outra instituição do Sistema S, o Serviço Social da Indústria (Sesi), que irá promover o ensino profissional a 800 mil jovens inscritos no Cadastro Único para Programas Sociais do governo federal. O acordo de investimento é de R$ 2,3 bilhões para qualificação de jovens. Segundo o ministro, é mais um passo para oferecer alternativas aos jovens conhecidos como ‘nem-nem’, ou seja, que nem estudam e nem trabalham, além de representar um grande avanço para o País.
Serviço
O Senac Rocinha dispõe de 18 cursos sem custos. O tempo para concluir cada um é calculado por horas, de acordo com a especificidade do tema. Desde abril de 2018 com matrículas abertas, 918 alunos se inscreveram no último ano, segundo levantamento da unidade. Os cursos são divididos por grupos e, em 2019, são 33 grupos em aulas. Até agosto deste ano, 934 pessoas se inscreveram em alguma modalidade. A previsão do Senac é que, até dezembro, no total, sejam quase 1.500 inscritos. O foco da instituição é atender moradores da Rocinha, mas habitantes de outras regiões do município também podem participar.
As inscrições devem ser feitas pessoalmente, na unidade, das 9h às 16h. Para se candidatar, os interessados devem ser maiores de 16 anos, estar cursando ou ter concluído o Ensino Médio, além de estarem no Cadastro Único para Programas Sociais do governo federal. É necessário apresentar cópia do RG, CPF, comprovantes de residência e escolaridade atualizados e CadÚnico, NIS ou PIS. Menores de 18 anos devem ser acompanhados de responsável legal.
Por Renata Garcia
Assessoria de Comunicação
Ministério da Cidadania
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