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Mil Dias
Ministério da Cidadania lança o projeto Campeões da vida, que conecta esporte e reinserção social
Obstáculos, derrotas, perdas, recomeço, desafios, insistência, persistência, foco, trabalho, fé, resiliência, superação, conquistas e vitórias. Essa coleção de palavras diz tanto da realidade cotidiana dos esportistas de alto rendimento quanto das pessoas que buscam resgatar a dignidade, o convívio social e vínculos perdidos a partir da dependência de álcool e drogas.
Pedimos aos atletas que cada um deles emprestasse o seu prestígio para enaltecer as pessoas que são campeãs da vida aqui no Brasil, que estão a cada dia tentando transformar as suas realidades”
João Roma, ministro da Cidadania
Foi pensando nessa zona de intersecção, que conecta de um lado a parceria do Governo Federal com as comunidades terapêuticas, um dos braços de atuação da Secretaria Nacional de Cuidados e Prevenção às Drogas (Senapred), e de outro o Bolsa Atleta, da Secretaria Nacional de Esporte de Alto Rendimento, que surgiu o projeto Campeões da Vida, no âmbito do Ministério da Cidadania, que reúne as duas áreas.
A ideia do projeto, lançado como uma das ações que celebram os Mil Dias da atual gestão, é promover instantes de contato e escuta entre atletas olímpicos e paralímpicos e cidadãos que passaram pelo processo de tratamento em comunidades terapêuticas apoiadas pelo Governo Federal Brasileiro. Nessas ocasiões, promove-se uma inversão de funções. O atleta olímpico e paralímpico, habituado a frequentar o pódio em competições nacionais e internacionais, entrega ao dependente químico em processo avançado de retomada de sua trajetória uma medalha de “campeão da vida”. Um símbolo de uma conquista e um incentivo para que ele persista na luta pela reinserção produtiva nos campos econômico, familiar e afetivo.
“Pedimos aos atletas que cada um deles emprestasse o seu prestígio para enaltecer as pessoas que são campeãs da vida aqui no Brasil, que estão a cada dia tentando transformar as suas realidades”, afirmou o ministro da Cidadania, João Roma. Ele lembrou que mais de 85% das medalhas conquistadas pelo Brasil nos Jogos Olímpicos de Tóquio foram de atletas integrantes do programa de patrocínio direto do Governo Federal, o Bolsa Atleta. Nos Jogos Paralímpicos, os bolsistas conquistaram mais de 95% das medalhas do país na melhor campanha do Brasil na história dos megaeventos.
Na última terça-feira (28.03), em Teixeira de Freitas, na Bahia, o presidente Jair Bolsonaro entregou uma das medalhas do projeto a Ariosvaldo Brás, do projeto Levanta-te, comunidade terapêutica da região. “Eu só tenho uma coisa a falar para vocês: Muito obrigado por essa oportunidade de poder, não mais usando a farda do Exército, que vesti por 15 anos, continuar servindo à Pátria por outros meios, para engrandecimento do país e bem-estar do nosso povo”, disse o presidente.
A retomada de Daniel
Esse lance de a Luana me contar a história dela e me entregar uma medalha... Vocês acertaram na mosca. A gente fica pensando nisso o tempo todo depois. A guria lutou a vida toda, está ali batalhando para chegar a uma Olimpíada, para alcançar uma medalha, e eu a vida toda tentando me libertar das drogas, do alcoolismo. Há uma comparação direta aí. Se ela conseguiu, se pode vencer, eu também posso”
Daniel Braga, voluntário na Comunidade Terapêutica Fazenda Senhor Jesus, no Distrito Federal
Daniel Braga Melo, de 43 anos, tem uma história de múltiplas idas, vindas e recaídas em função da dependência química. Perdeu família, amigos, contato com o filho, perdeu a confiança das pessoas, emprego, deixou a faculdade de enfermagem.
Recentemente, cumpriu os nove meses de tratamento na comunidade terapêutica Fazenda Senhor Jesus, no Recanto das Emas, no Distrito Federal, e retomou vínculos com família e filho. Hoje, atua como voluntário na própria instituição que o acolheu. Ele recebeu a medalha de Luana Lira, atleta que representou o Brasil nos Jogos Olímpicos de Tóquio nos saltos ornamentais, na prova do trampolim de três metros.
“Esse lance da Luana contar a história dela e me entregar uma medalha... Vocês acertaram na mosca. A gente fica pensando nisso o tempo todo depois. A guria lutou a vida toda, está ali batalhando para chegar a uma Olimpíada, para alcançar uma medalha, e eu a vida toda tentando me libertar das drogas, do alcoolismo”, contou Daniel Melo. “Há uma comparação direta aí. Se ela conseguiu, se pode vencer, eu também posso”, disse. “Para mim foi uma honra, um prazer participar. Fiquei muito feliz. Você merece muito, Daniel”, disse Luana.
"Fiz o ENEM ano passado e passei. Voltei para a faculdade, faço gerontologia. Ou seja, a gente não pode desistir, o objetivo é esse. Estou na luta de novo. Tenho um trabalho que faço para ajudar outras pessoas, um canal no YouTube chamado ‘Em sobriedade’ que eu dou palestras e falo sobre dependência química. Escrevi um livro, falo um pouco do que é o crack, para conhecerem um pouco a minha história, um pouco da visão espiritual, porque a doença é física, mental e espiritual, psíquica também", comentou Daniel.
Ganho de escala
Atualmente, segundo dados de setembro de 2021, há 483 comunidades terapêuticas financiadas pelo Governo Federal, com 10.680 vagas contratadas. Entre 2020 e 2021, 50 mil pessoas foram acolhidas e R$ 193 milhões foram repassados a essas entidades, que recebem os dependentes químicos e realizam um trabalho de resgate de valores e de tratamento, usualmente a partir de estratégias que envolvem a laborterapia (trabalho), aspectos religiosos e processos terapêuticos.
Prevenção, cuidado e reinserção
As ações da Senapred são delineadas em três eixos: prevenção, cuidados e reinserção social, pesquisa e formação. Tudo tendo como horizonte a integração de políticas intersetoriais de setores como saúde, assistência social, educação, direitos humanos, segurança, esporte, cultura e lazer. A ideia é promover uma estratégia de busca de abstinência de drogas lícitas e ilícitas como um dos fatores de redução dos problemas sociais, econômicos e de saúde decorrentes da dependência, conforme preconiza a Política Nacional sobre Drogas.
Nesse contexto, o Campeões da Vida funciona como ação de destaque na lista das políticas públicas de estímulo à prática esportiva, assim como instrumento de transformação social. O projeto pretende abranger pessoas em recuperação da dependência de substâncias psicoativas, principalmente àquelas em maior vulnerabilidade social.
Patamar inédito
No âmbito do Bolsa Atleta, programa de patrocínio direto do Governo Federal, o último edital chegou a 7.200 esportistas, a maior quantidade de beneficiados da história do programa. O Bolsa Atleta tem como finalidade ajudar a garantir que os atletas de alto rendimento possam se manter incentivados a seguir conectados ao esporte. O programa tem categorias que vão da base e do desporto escolar à Pódio, a principal, com voltada para os que têm condições reais de medalhas em Jogos Olímpicos e Paralímpicos.
Para se ter uma ideia da permeabilidade do programa, mais de 85% das medalhas conquistadas por atletas brasileiros nos Jogos Olímpicos de Tóquio e mais de 95% das medalhas obtidas nos Jogos Paralímpicos do Japão vieram de atletas vinculados ao Bolsa Atleta do Governo Federal.
Diretoria de Comunicação – Ministério da Cidadania