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MDS e OIM divulgam análise de dados coletados em Roraima sobre as pessoas em deslocamento
Fotos: Bruno Mancinelle e Tamires Ferreira/OIM
O Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS) e a Agência da ONU para as Migrações (OIM) divulgaram nesta quinta-feira (23.03) os resultados da 7ª rodada da Matriz de Monitoramento de Deslocamento (DTM, em inglês) referente aos dados coletados entre os meses de novembro e dezembro de 2022. Esta é a primeira vez que o levantamento é realizado em todos os 15 municípios de Roraima. A apresentação foi feita no evento: “Migração Venezuelana em Números”, promovido pelas organizações na Universidade Federal de Roraima (UFRR).
Desenvolvida globalmente pela OIM, a DTM é a sua principal ferramenta que reúne e analisa os dados sobre a mobilidade e as vulnerabilidades das pessoas em deslocamento. A pesquisa é feita por meio de entrevistas, permitindo que as informações sejam sistematizadas em diversos níveis para apoiar na criação de políticas públicas baseadas em evidências. Em Roraima, a Agência da ONU faz o monitoramento desde 2017 com refugiados e migrantes venezuelanos.
Nesta rodada, realizada com o MDS e com o apoio da Pastoral dos Migrantes e da Secretaria de Estado do Trabalho e Bem-Estar Social (Setrabes) de Roraima, além do fluxo migratório, foram levantadas informações sobre o perfil sociodemográfico dos venezuelanos estabelecidos no estado, incluindo dados sobre meios de vida, alimentação, moradia e saúde.
“Para que possamos ajustar a atuação da resposta humanitária às necessidades de refugiados e migrantes são necessárias informações e evidências de qualidade. Isto contribui para que o MDS continue trabalhando incansavelmente para garantir a acolhida de migrantes e refugiados venezuelanos em sintonia com os princípios e seguranças do Sistema Único de Assistência Social”, afirmou Niusarete Lima, coordenadora do Subcomitê Federal para Acolhimento e Interiorização (SUFAI).
A pesquisa engloba mais de cinco mil pessoas cujos dados foram obtidos por mais de 1.350 entrevistas individuais com pessoas que representavam também seus núcleos familiares. Para alcançar todas as localidades roraimenses, a equipe contou com o suporte das secretarias locais que apoiaram com entrevistadores e informações sobre os municípios.
Entre os resultados obtidos, destacam-se:
PERFIL DEMOGRÁFICO
- 50% homens, 50% mulheres
- Idade média: 24 anos de idade
- Escolaridade: 43% possuem o Ensino Médio completo
- Raça: 62% se identificam como negros e pardos
MIGRAÇÃO
- 68% das pessoas viajaram em grupo
- 95% não querem deixar o Brasil
- 77% da população pesquisada possui autorização de residência no Brasil
TRABALHO E RENDA
- 83% da população ocupada está alocada em atividades no setor informal
- 54% recebiam benefícios sociais no momento da realização da pesquisa. Dessas, 81% recebiam o Auxílio Emergencial ou Bolsa Família
- 47% das pessoas entrevistadas enviam algum tipo de recurso para a Venezuela
MORADIA
- 78% residem em moradias alugadas
- 39% das pessoas entrevistadas afirmaram não ter assegurado um lugar para viver no mês seguinte
SAÚDE
- 59% relataram que alguém do seu domicílio, incluindo a si próprio, precisou de atenção médica nos últimos 3 meses
- 81% receberam atendimento de pré-natal no Brasil
O levantamento também apontou que 27% dos entrevistados informaram terem sofrido algum tipo de discriminação, sendo principalmente por conta da nacionalidade (89%) ou situação econômica (7%).
“A OIM está engajada em aumentar as informações e conhecimentos sobre a população refugiada e migrante venezuelana que escolheu o Brasil como país como residência. Essa rodada da DTM é extremamente relevante para fomentar políticas públicas e a atuação dos atores na resposta humanitária, sendo possível entender o contexto e perfil desse grupo”, disse a coordenadora de emergência da OIM, Maria Oliveira Ramos. “Seguimos fortalecendo nossos processos e capacidades na gestão da informação para promoção de dados oficiais sobre o fluxo venezuelano”, complementou.
Além das rodadas em Roraima, a OIM também conduziu a pesquisa sobre a população venezuelana em Manaus e no Maranhão, com foco na população indígena da etnia Warao, além de duas rodas nacionais específicas sobre a população venezuelana indígena (a segunda a ser publicada).
O evento desta quinta-feira também contou com a participação de organizações da sociedade civil, comunidade acadêmica e público geral, que puderam entender mais sobre as ações e sistematizações de monitoramento da população no contexto migratório em Roraima.
Assessoria de Comunicação - MDS