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Jovens com deficiência são inseridos no mercado de trabalho
Andradas – É na recepção da Seção de Programas Sociais da prefeitura de Andradas, pequeno município do interior de Minas Gerais, que Rafael Donizete dos Reis, de 34 anos, chega para mais um dia de trabalho. Sorridente, cumprimenta a todos e já sabe quais tarefas têm a cumprir. O jovem não esconde a satisfação em poder ajudar. “Eu gosto de recepcionar bem as pessoas”, diz. Manter organizadas as pastas e os arquivos é outra de suas atividades. “Sinto-me muito feliz no que faço, porque me completa.” O local é a porta de entrada para que as famílias mais pobres sejam inseridas no Cadastro Único e possam se tornar beneficiários do Bolsa Família, ter a carteira do idoso, entre outros benefícios.
Ao falar sobre Rafael, Maria José Bressanin dos Reis, de 59 anos, emociona-se. Ela lembra que a gravidez do primeiro filho gerou muita emoção e expectativa na família, mas logo a angústia e o medo chegaram, junto com as palavras do pediatra, após o nascimento do bebê. “Ele disse que meu filho era diferente, que não se desenvolveria e talvez nem saísse do hospital”, descreve. “Em meio ao susto, recebi apoio de minha família e tive certeza de que nosso amor por aquele pequeno anjo venceria obstáculos considerados instransponíveis.” E venceu.
Maria José detalha que o trabalho foi transformador na vida do primogênito. “Tenho três filhos e muito do que os outros dois são é por causa do Rafael. Eles acompanharam a nossa luta para que ele pudesse evoluir, ter a sua independência”, relembra. E não é à toa. Com síndrome de Down, Rafael conquistou sua autonomia há dez anos, quando sua história serviu de inspiração para o projeto Abrindo Caminhos para Seguir em Frente.
Projeto – Muito mais do que oferecer oportunidade de emprego e renda às pessoas com deficiência ao inseri-los formalmente no mundo do trabalho, a iniciativa trabalha também o convívio social, a independência, a valorização e a cidadania. Abrir caminhos para pessoas como Rafael foi o que motivou a Secretaria de Saúde e Ação Social da Prefeitura de Andradas. Criado em 2009, o projeto era voltado apenas para alunos matriculados na Associação dos Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae), com 16 anos ou mais, participantes de oficinas oferecidas pela organização e que demonstravam aptidão para o trabalho.
A iniciativa foi ganhando a confiança da população e outras pessoas com deficiência demonstraram interesse em participar. “O Abrindo Caminhos foi se expandindo e sentimos a necessidade de criarmos outra ação paralela voltada à população deficiente de Andradas: o Seguir em Frente. Com o passar do tempo, unificamos os dois e assim surgiu o Abrindo Caminhos para Seguir em Frente”, conta a idealizadora Rosângela Giusto de Paula. Ao longo de quase uma década, 33 alunos já passaram pelo projeto. Dezesseis ex-participantes estão inseridos em cinco empresas da cidade e uma no município de Espírito Santo do Pinhal (SP).
Há dois anos, a Câmara Municipal aprovou e o projeto virou lei. Ela prevê uma jornada de cinco horas diárias de trabalho aos participantes em oito dias úteis no mês. O serviço beneficia setores da prefeitura como a Seção de Programas Sociais, o Centro de Referência de Assistência Social (Cras) e o Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas).
Além de 1/3 do salário mínimo (R$ 320), os nove participantes recebem uma cesta básica e podem integrar o Abrindo Caminhos para Seguir em Frente até que sejam contratados pelas empresas parceiras – eles recebem todos os direitos como qualquer trabalhador. As despesas são pagas com recursos do Índice de Gestão Descentralizada Municipal do Programa Bolsa Família (IGD-M).
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Dedicação - As histórias de sucesso que familiares e participantes compartilham é graças ao empenho do psicólogo da Apae Renato Silveira. Junto com um time de profissionais, ele é responsável por selecionar os jovens, identificar suas potencialidades e indicá-los para as empresas parceiras do Abrindo Caminhos para Seguir em Frente.
No turno inverso às atividades escolares, os alunos participam das oficinas de massas e cartonagem que ajudam a lapidar as habilidades de cada um. Comprometimento com horário, senso de coletividade e outras características são estimuladas para dar a autonomia que os alunos buscam. Dos 145 alunos atendidos pela Apae, 25 estão empregados. “Fico muito feliz quando vejo alguns ex-alunos adquirindo apartamento, outros com autonomia para morarem sozinhos. Na escola, trabalhamos para que eles não se sintam superprotegidos, que busquem seu crescimento. O ingresso no mercado de trabalho representa o ponto final de suas histórias na Apae”, complementa.
Progredir – Promover autonomia e incentivo ao mercado de trabalho é um dos pilares do projeto de Andradas, assim como o Plano Progredir do Ministério do Desenvolvimento Social (MDS), que visa o empreendedorismo, a capacitação profissional e o acesso a microcrédito para que pessoas de baixa renda possam investir em um negócio próprio.
De acordo com o secretário de Inclusão Social e Produtiva, Vinícius Botelho, um dos grandes desafios do Progredir para os próximos anos será o mapeamento de todas as habilidades da população inscrita no Cadastro Único, o que não é diferente para as pessoas com deficiência. “Eles têm uma série de talentos que certamente podem ser explorados para que consigam melhorar de vida e conquistarem melhores qualificações no mercado de trabalho.” E completa dizendo que “existe uma demanda das empresas pela contratação desse público específico e várias delas já fazem parte da Rede de Parceiros . Por meio da articulação entre as pessoas com deficiência inscritas no nosso portal e a demanda das empresas é possível construir ações que permitam que elas consigam emprego com mais facilidade”.
O Progredir é um plano de ações do governo federal de incentivo ao empreendedorismo, capacitação profissional e acesso a microcrédito para que pessoas de baixa renda possam investir em um negócio próprio. O foco são beneficiários do Bolsa Família e demais inscritos no Cadastro Único. Para saber mais, acesse aqui.
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