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Notícias
Debate
Foto: André Oliveira / MDS
O Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS) promoveu, nesta quinta-feira (20.03), mais um dia de programação do seminário Caminhos para Equidade Étnico-Racial do SUAS. O evento reúne profissionais do Sistema Único de Assistência Social (SUAS) de vários estados do Brasil, profissionais do MDS e membros da sociedade civil para debater as desigualdades raciais.
O dia foi marcado por reflexões e diálogos para combater quaisquer práticas racistas. “Eu queria começar olhando para um dado que mostra que quase 70% das crianças de 0 a 4 anos cadastradas no CadÚnico são negras. Outro dado é que 73,5% da população brasileira abaixo da linha da pobreza é negra”, explicou Luciano Ramos, especialista em Masculinidades, Paternidades e Antirracismo.
Para o especialista, além de investir em letramento e capacitação, é preciso pensar na representatividade nos territórios em que os assistentes atuam. “Precisamos estar atentos na perspectiva de olhar e de escutar”, alertou. “Como os vieses racistas nos atravessam diariamente nos atendimentos e nas atividades que a gente desenvolve?”, questionou.
Leonardo Ortegal, professor da Universidade de Brasília (UNB), também participou da mesa de debates e destacou o quanto o seminário é importante para fortalecer as políticas públicas. “Não devemos pensar apenas em dados, sem pensar nesses dados como vidas”, pontuou. Durante a apresentação, o professor defendeu que o racismo impede os avanços da sociedade e produz um abismo de desigualdades raciais e sociais. “O racismo é mais complexo do que a gente imagina”, ponderou.
Já Ilka Custódio de Oliveira, professora universitária e assistente social, concluiu as apresentações da mesa e falou sobre o racismo sofrido por idosos. “Pensar no envelhecimento das pessoas negras nos equipamentos do SUAS é um pensamento para hoje e também para amanhã”, afirmou.
Confira as fotos da primeira mesa do dia aqui
Segunda mesa de debates
À tarde, o coordenador-geral dos Serviços de Convivência da Secretaria Nacional de Assistência Social (SNAS) do MDS, Mallon Aragão, mediou a mesa de debates. “Este é um espaço de resistência, porque não é fácil trazer questões. Precisamos combater o racismo na nossa rede, todos os dias. Que possamos construir uma sociedade ideal, com justiça e equidade”, declarou, em sua fala de boas-vindas.A assistente social Gabriele Batista, que atua diretamente com a população no Centro de Referência de Assistência Social (CRAS), em Taguatinga (DF), compartilhou sua experiência profissional na unidade e, com isso, trouxe a reflexão do quanto as pessoas negras ainda são maioria na vulnerabilidade.
“Foi muito duro começar a trabalhar no período da covid-19 e termos poucas respostas, mesmo com uma demanda tão alta”, lembrou. “Eu me lembro de ver, em 2021, a fila imensa do CRAS, de pessoas que estavam há mais de um ano aguardando atendimento. Ver aquelas famílias precisando de atendimento e nós, com tão poucas respostas, foi um período muito duro. E a maioria dessas pessoas é formada por famílias negras, por mulheres”, complementou.
A professora Matilde Ribeiro, que foi ministra-chefe da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial até 2008, também abordou desafios que viveu sendo uma mulher negra na área das políticas sociais, e deu uma aula de história pautada no combate ao racismo.
“É muito difícil provar que existe racismo na lei, mas a vida está aí, e o racismo mata. mata de fome, mata pela arma, mata de descaso, mata de tristeza, mata de banzo”, refletiu Matilde Ribeiro. “Não basta não ser racista e ser contra o racismo. Nós temos que praticar o cotidiano antirracismo. É isso que vai fazer o planeta se movimentar”, disse, parafraseando Angela Davis.
A última participação do bloco da tarde foi sobre a discriminação contra povos ciganos no campo das políticas públicas. A fala foi realizada pela integrante da Associação Nacional das Etnias Ciganas (ANEC) Daiana da Rocha Biam, que pesquisa sobre a trajetória e busca pelos direitos dos povos ciganos.
“Na grande maioria das vezes, quando você vai buscar a assistência social, você realmente está precisando. É justo que a gente vá e consiga ser atendido, dentro das especificidades culturais de quem somos, porque a gente precisa sobreviver”, declarou Daiana.
Confira as fotos da segunda mesa do dia aqui
Seminário para Equidade Étnico-Racial no SUAS
O evento, que segue até sexta-feira (21,03) é organizado pela Coordenação-Geral de Equidade Étnico-Racial e Combate às Discriminações (CGEERCD) do Departamento de Proteção Social Básica (DPSB), da Secretaria Nacional de Assistência Social (SNAS), e tem como objetivo incorporar a pauta de combate ao racismo de forma permanente nas dinâmicas de funcionamento do SUAS.
O conjunto de temas selecionados para os debates nas mesas apresenta a trajetória da assistência social e sua relação com as diferentes manifestações de racismo. O seminário dialoga também com o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável n° 18 da Organizações das Nações Unidas (ODS 18 – ONU), dedicado à igualdade étnico-racial como um dos objetivos direcionado à proteção das populações indígenas e afrodescendentes.
Assessoria de Comunicação - MDS