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Imigrantes venezuelanos LGBTI recebem apoio para inclusão no Brasil
Brasília - Milhares de imigrantes venezuelanos chegaram ao Brasil nos últimos meses em busca de melhores condições de vida. Nos esforços para acolher essas pessoas, o governo brasileiro vem realizando um processo de interiorização que envolve o preparo dos abrigos, a mobilização da comunidade e do poder público, além do trabalho realizado pelos Centros de Referência de Assistência Social (CRAS) e os Centros de Referência Especializados de Assistência Social (CREAS) para garantir os direitos dessa população. As dificuldades enfrentadas por quem chega ao país, na maioria das vezes sem dinheiro ou ter onde ficar, são enormes. Para a população LGBTI - Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais ou Transgêneros e Intersexuais - o desafio é ainda maior. É preciso vencer o preconceito para conseguir trabalho e recomeçar a vida.
A articulação dos Cras e Creas em várias partes do país tem ajudado a superar as dificuldades. Segundo o Presidente da Aliança Nacional LGBTI, Tony Reis, 125 empresas já oferecem emprego para essa população em 12 estados brasileiros. “Nós estamos encaminhando para as agências de emprego e para as empresas e os venezuelanos que já estão com os documentos acertados e legalmente no Brasil. Isso é importante porque nós, brasileiros, somos solidários e precisamos abrir um pouco o nosso coração e abraçar essas pessoas que estão fugindo de uma crise muito grande que ocorre na Venezuela.” Reis esclarece que a maior parte dos venezuelanos imigrantes já tem uma formação – uma profissão e curso superior.
Na cidade do Rio de Janeiro, com apoio dos CRAS e CREAS, o Grupo Arco Íris de orientação de gêneros está cadastrando pessoas transexuais, travestis e intersexuais para trabalho em empresas privadas. “Temos hoje, no Brasil, várias empresas que começam a contratar pessoas LGTI sem preconceito e discriminação, preparando a sua rede de trabalho interna para proteger e apoiar essas pessoas”, relata Cláudio Nascimento, coordenador do grupo.
Ainda em fase de adaptação, imigrantes buscam oportunidades de emprego e contam com a ajuda das equipes formadas pelos CRAS e entidades de assistência social nas cidades gaúchas de Canoas, Cachoeirinha, Esteio, Chapada e Porto Alegre. Esses municípios receberam mais de 700 imigrantes dentro do projeto de interiorização do governo federal. A articulação também busca a inclusão dos imigrantes negros.
Capacitação - A Coordenadora Estadual da Igualdade Étnico Racial, Tânia Regina Neves de Paula, afirma que os imigrantes recebem capacitação profissional, que está sendo oferecida em parceria com empresas. “Estamos fazendo com a Fecomercio e outras empresas cursos profissionalizantes. Queremos tirar os imigrantes da informalidade, que é muito grande, mas tudo é um processo de entendimento com as empresas. Temos aqui o comitê de imigrantes e refugiados que atua nessas ações e estamos trabalhando junto à sociedade civil”, esclarece.
O município de Chapada (RS) recebeu 52 imigrantes, entre os quais quatro pessoas homossexuais. Todos estão empregados. O secretário municipal de Assistência Social do município, Gustavo Sturmer, comemora o avanço. Segundo ele, a meta agora é oferecer melhores condições de vidas e essas pessoas. “Dos 24 adultos que buscaram empregos, 4 estão trabalhando em um abatedouro de peixe no interior do município e os outros trabalham em uma fábrica de laticínios Essas duas empesas logo procuraram o município e se colocaram à disposição para receber essas pessoas e dar uma oportunidade. Claro não há tratamento especial, eles procuram dar tratamento igualitário a todos os funcionários, sem nenhum benefício a mais.”
Neste ano, o Ministério do Desenvolvimento Social (MDS) está trabalhando na revisão de algumas ferramentas para garantir os direitos para a população LGBTI. Entre os avanços estão a incorporação do nome social e o respeito à orientação de gênero e sexual dos transexuais e travestis.
Sem preconceito - No processo de interiorização dos imigrantes venezuelanos, a política nacional é garantir acesso ao emprego para todos, sem preconceitos. A transexual Ludmila Santiago, coordenadora do Núcleo de Apoio à Vida dos Travestis e Transexuais do Distrito Federal, comemora a mobilização. “Enquanto mulher trans, fico muito feliz em saber que o Brasil vem agregando ao mercado de trabalho formal pessoas trans de outras nacionalidades. Acho fantástico o Brasil estar abrindo as portas e trabalhar a política de imigração, porque essas pessoas também precisam ser atendidas, precisam ser acolhidas”, declara .
A Agência da ONU para Refugiados (ACNUR), em parceria com o Centro de Ensino Técnico Profissionalizante de Manaus, está oferecendo capacitação para refugiados LGBTI para atuarem em áreas de estética, auxiliar administrativo, auxiliar de cozinha e confeitaria. Com o certificado em mãos, os venezuelanos serão indicados para vagas disponibilizadas por empresários nos Estados que estão participando da recepção aos imigrantes.
*Por Roberto Rodrigues
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