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Hortas comunitárias promovem autonomia e renda para pessoas em vulnerabilidade social
Aracaju – Sob o sol forte típico do Nordeste, mãe e filho trabalham juntos. Enquanto Maria José Oliveira, de 57 anos, prepara a terra para receber as sementes, Diógenes Oliveira, de 30 anos, rega as pequenas mudas com dedicação. As mãos que mexem na terra são as mesmas que manejam a pá e colhem, pela primeira vez, o que foi plantado. “Nunca tinha mexido na terra. Agora é a atividade que mais gosto de fazer, ainda mais com a ajuda do meu filho”, conta Maria José.
Diógenes tem deficiência intelectual e integra a Associação de Pais, Amigos e Pessoas com Deficiência, de Funcionários do Banco do Brasil e da Comunidade (Apabb). A entidade é parceira do projeto Cultivando Cidadania, que busca, de forma pioneira, a implantação de hortas em espaços públicos e comunitários para que pessoas em situação de vulnerabilidade social possam ter emprego e renda. A ideia é que cada uma possa, em um futuro próximo, vender o que foi plantado e ter autonomia financeira.
Duas vezes por semana, eles se juntam a outras 15 famílias no espaço da Fundação Municipal do Trabalho (Fundat), onde receberam orientações sobre técnicas agrícolas, plantio de hortas agroecológicas e participaram de palestras sobre alimentação saudável. Ao receber o convite da Apabb para fazer parte do projeto, Maria José não teve dúvidas. Sem nunca ter faltado às atividades, a aposentada se derrete em elogios ao ver Diógenes feliz. “É com satisfação que presencio seu contentamento ao mexer na terra, regar as mudas. Meu filho gosta muito de trabalhar, assim como eu. Além do convívio, vamos poder levar para casa o que colhemos, vender em feiras livres e fazer uma renda extra.” E o filho completa: “Quero continuar plantando e fazer um dinheirinho, ainda mais com minha mãe sempre por perto”.
Iniciativa - O Cultivando Cidadania foi desenvolvido pelo Departamento de Segurança Alimentar e Nutricional da Secretaria Municipal de Assistência Social de Aracaju, em janeiro de 2017. Ao assumir o cargo, a então diretora, hoje secretária de Assistência Social de Aracaju, Rosane Cunha, reorganizou o cardápio de todas as unidades da Proteção Básica e Especial. A partir daí, surgiu a ideia de preparar as refeições com produtos advindos de hortas orgânicas dos próprios Centros de Referência de Assistência Social (Cras), Centros de Referência Especializado de Assistência Social (Creas), Centro Dia, Centro Pop, abrigos e casas lares nesses espaços.
Oferecer qualidade de vida e promover hábitos saudáveis aliados à geração de emprego e renda para os usuários desses locais impulsionou a idealizadora Rosane Cunha que, junto a uma equipe formada por um engenheiro agrônomo, nutricionista e assistentes sociais, deram os primeiros passos para que a iniciativa de inclusão social e produtiva saísse do papel. “Ao pensar no projeto, meu maior desafio era trabalhar com esse público específico, entendendo toda a sua dinâmica e trabalhando em algo que falasse com a cidade”, explica.
Ao pensar no projeto, Rosane Cunha sabia dos desafios iniciais, em especial os que envolviam o público-alvo. “Ao ver pessoas que antes do projeto não tinham perspectiva nenhuma de progresso e que agora estão conquistando seu lugar na sociedade, gerando renda como qualquer outro cidadão, mostra que estamos no caminho certo”. E o sentimento de dever cumprido vai além. “Temos vários profissionais envolvidos que vão acompanhar as famílias nos próximos 18 meses, tempo necessário para que elas possam seguir sozinhas, com seus projetos, sonhos e metas”, finaliza.
O público-alvo é formado por pessoas inscritas no Cadastro Único, com foco nos beneficiários do Bolsa Família, jovens em cumprimento de medidas socioeducativas, apenados, pessoas em situação de rua, membros de comunidades tradicionais e famílias que possuam pessoas com deficiência. Um total de 30 famílias já participam da ação. Quatro bairros de maior vulnerabilidade social foram os locais escolhidos, assim como terrenos da prefeitura aptos ao cultivo das hortas.
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Progredir – Iniciativas como a do projeto Cultivando Cidadania, que oferecem ao público de baixa renda autonomia para conquistarem espaço no mercado de trabalho e independência financeira, dialogam com os propósitos do Plano Progredir, do Ministério do Desenvolvimento Social (MDS). “A integração das diferentes políticas é essencial para que a inclusão produtiva tenha resultados. O que não é diferente com a segurança alimentar e nutricional”, destaca o secretário de Inclusão Social e Produtiva, Vinícius Botelho. “No Cadastro Único, temos um público enorme que trabalha no meio rural e esses agricultores precisam de apoio na qualificação e na comercialização desses produtos. O Progredir articula essas ações de segurança alimentar e nutricional com as outras existentes de inclusão produtiva, de modo que todas possam ter um potencial ainda maior”, complementa.
O Progredir é um plano de ações do governo federal de incentivo ao empreendedorismo, capacitação profissional e acesso a microcrédito para que pessoas de baixa renda possam investir em um negócio próprio. Mais de R$3,35 bilhões em microcrédito foram ofertados para 1.154.367 inscritos no Cadastro Único, sendo 66% beneficiários do Bolsa Família. Conta com assistência técnica para microempreendedores ou pessoas com potencial para empreender em todo o país, além de ações de inclusão digital, educação financeira e vagas em cursos profissionalizantes, com foco nos beneficiários do Bolsa Família e demais inscritos no Cadastro Único.
*Por Carolina Graziadei
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