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Fiocruz apresenta resultados de estudo piloto sobre a aplicabilidade do Instrumento de Funcionalidade Brasileiro Modificado
Os resultados de um estudo piloto sobre a aplicabilidade do Instrumento de Funcionalidade Brasileiro Modificado (IFBrM) foram apresentados pela Fiocruz, que em parceria com o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC), realizaram um seminário em Teresina. Trata-se de uma ferramenta de avaliação e caracterização da deficiência na perspectiva biopsicossocial, importante para validar o acesso das pessoas com deficiência a direitos e benefícios, incluindo as políticas públicas relacionadas ao cuidado.
O IFBrM é um modelo pioneiro e traz uma nova perspectiva de avaliação biopsicossocial da deficiência. Ele permitirá um mapeamento detalhado das necessidades das pessoas com deficiência, incluindo apoios, produtos e tecnologias assistivas, visando garantir uma participação social em igualdade de condições.
O evento na capital piauiense contou com a participação de representantes do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS) e foi realizado na semana comemorativa do Dia Internacional das Pessoas com Deficiência, celebrado em 3 de dezembro.
O objetivo foi realizar diálogos entre pesquisadores, coordenadores e representantes institucionais, explorando as contribuições da pesquisa para a implementação do Sistema Nacional de Avaliação Unificada da Deficiência (SISNADEF).
Para Lisane Marques, coordenadora-geral do Departamento de Cuidados da Primeira Infância do MDS, há um processo de mudança conceitual. "O cuidado contribui para dar visibilidade às necessidades, ao mesmo tempo, das pessoas com deficiência e suas cuidadoras e com isso nortear as políticas públicas para ampliação da participação das pessoas com deficiência na sociedade", pontuou.
O secretário de estado para a Inclusão da Pessoa com Deficiência e do Fórum Nacional de Gestores de Políticas para Pessoas com Deficiência do Piauí, Mauro Eduardo, ressaltou a relevância dos resultados apresentados. “Essa pesquisa traz a importância do cuidado e de cuidar de quem cuida. Isso só aumenta a nossa responsabilidade enquanto gestor, para que a gente possa trabalhar mais ações que possam dar um suporte maior a essas famílias”, explicou.
Estudo
A pesquisadora da Universidade Federal do Piauí (UFPI), Dilma Andrade, participou do desenvolvimento da ferramenta e relatou que o tema dos cuidados esteve presente em grande parte das entrevistas. “Tivemos casos, por exemplo, de mães de autistas que elas responderam à pesquisa porque a criança não tinha condição de estar presente ou era jovem para responder à pesquisa”, relatou.
Do total de avaliados no estudo, 53,4% tiveram as informações declaradas pelos cuidadores. “Em outros momentos, também tivemos cuidadores que acompanhavam pessoas em situação de cadeira de rodas com deficiências múltiplas. Entendemos que é extremamente importante a instituição de uma política de cuidados para cuidar também de quem cuida”, constatou a pesquisadora.
Durante o estudo foi evidenciada a necessidade de um olhar especial para as cuidadoras, que precisam de espaço de fala e escuta. “Nós ouvimos muitas queixas relacionadas à pessoas que ficam vinte e quatro horas dedicadas ao trabalho de cuidado e abrem mão do seu trabalho, da vida pessoal para cuidar do outro”, concluiu.
A experiência no Piauí é um modelo que poderá ser replicado em outros estados fortalecendo a implementação do Sistema Nacional de Avaliação Unificada da Deficiência e servindo de referência para o desenvolvimento de ações inclusivas em nível nacional. Outros projetos pilotos estão em execução na Bahia e no Ceará.
Assessoria de Comunicação - MDS