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DIA INTERNACIONAL DAS MULHERES
Esperança e gratidão tomam conta do Voo 8M da Operação Acolhida
"Tripulação, preparar para a decolagem.” Começa o frio na barriga. O avião acelera, levanta voo e os gritos e palmas de felicidade tomam conta da aeronave que leva 35 venezuelanas refugiadas e migrantes para uma nova alternativa de vida. “Uau! Que lindo! Que maravilhoso!” Exclama quem vê de cima, pela primeira vez, o país que já é chamado de “segunda casa”.
“Estou viajando com as minhas três filhas”, “tenho família na Venezuela, vim sozinha para o Brasil”, “graças a esse país pude crescer como pessoa”... essas são algumas das declarações das refugiadas e migrantes que, no Dia Internacional da Mulher, foram interiorizadas pelo Governo Federal, por meio da Operação Acolhida, de Roraima para os municípios de Jundiaí (SP) e Chapecó (SC) . Nos destinos, elas serão contratadas por duas empresas do ramo alimentício e de serviços.
“É uma experiência muito bonita, primeira vez que a vivo e nunca a vou esquecer. As meninas também estão muito felizes para iniciar uma nova etapa da vida em Santa Catarina. Vou dar o máximo de mim no trabalho para que as crianças fiquem bem”, disse Beizy N., que viajou com três filhas, duas gêmeas e uma mais nova, e vai reencontrar sua cunhada, que não vê há cinco anos, em Santa Catarina.
A Operação Acolhida é estruturada em torno de três eixos: ordenamento de fronteira; acolhimento; e interiorização. Pelo último eixo, há a modalidade Vaga de Emprego Sinalizada (VES). “Elas estão indo já com emprego assegurado. São mães solo, mães com crianças, que estão procurando uma nova alternativa para cuidar da sua família”, contou Niusarete Lima, coordenadora do Subcomitê Federal para Acolhimento e Interiorização (SUFAI).
Além do trabalho de interiorização, o intuito do Voo 8M foi chamar a atenção para a necessidade e a importância da integração socioeconômica de mulheres refugiadas e migrantes no Brasil. “Nós acreditamos que a integração econômica é uma das formas principais que aquelas pessoas que querem ficar no Brasil, possam fazê-la de forma autônoma”, constatou Carla Lorenzi, coordenadora de projetos da Agência da ONU para Migrações (OIM).
Elas estão indo já com emprego assegurado. São mães solo, mães com crianças, que estão procurando uma nova alternativa para cuidar da sua família”
Niusarete Lima, coordenadora do Subcomitê Federal para Acolhimento e Interiorização
Em fevereiro, a Operação Acolhida alcançou a marca de 96.920 interiorizados em mais de 930 municípios brasileiros nos últimos cinco anos. Deste total, 44%, ou seja, 42.721 são mulheres. No Brasil desde fevereiro de 2022, a venezuelana Sioret E. participou do projeto Empoderando Refugiadas, uma iniciativa da ONU, junto a ACNUR, a Rede Brasil do Pacto Global e ONU Mulheres.
“A minha estadia aqui é para crescer. Para que meus filhos venham, cresçam. Que a empresa me dê a oportunidade de crescer cada dia mais nela, isso é o que almejo. Eu quero me tornar parte fundamental daqui para trazer minha família para cá”, projetou Sioret.
A oficial de Relações Institucionais da Agência da ONU para Refugiados (ACNUR), Thaís Menezes afirma que o voo de interiorização do dia 8 de março chama a atenção para o tema da empregabilidade das mulheres. “Nós compartilhamos os objetivos que nos trouxeram até esse momento, que é exatamente prover possibilidades de integração no território brasileiro, considerando as necessidades específicas de mulheres”, destaca.
De acordo com a pesquisa ‘Oportunidades e desafios à integração local de pessoas de origem venezuelana interiorizadas no Brasil durante a pandemia de Covid-19’, divulgada em 2022 por ONU Mulheres, ACNUR e Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), homens venezuelanos refugiados e migrantes em Roraima têm quase três vezes mais chances que as mulheres de conseguirem ser interiorizados para outros estados do Brasil já com vaga de emprego sinalizada, embora elas tenham maior escolaridade.
“Atualmente, a ONU Mulheres atua pela integração socioeconômica de mulheres. Nós temos trabalhos tanto focado na integração local, com a sensibilização de empresas, da população de interesse, população também de acolhida, para indicar que todas as pessoas migrantes e refugiadas têm direito ao trabalho, à saúde, têm todos os direitos que os brasileiros”, comenta Mariana Cursino, especialista em Transversalização de Gênero da ONU Mulheres.
A pesquisa também indica que, depois da interiorização, a subutilização da força de trabalho das mulheres é 3,5 vezes maior que a dos homens – 41,3% contra 11,8%, respectivamente. “Nós focamos na preparação dessas mulheres, sobretudo na questão de vagas de emprego sinalizada”, prossegue Mariana Cursino, que comenta um dos objetivos do Voo 8M.
“É uma ação para oportunizar que empresas, organizações da sociedade civil, a população de interesse, reconheçam os direitos dessas mulheres, migrantes e refugiadas, e a gente possa garantir condições para que elas tenham cada vez mais oportunidades de exercerem seus direitos”, definiu a especialista da ONU Mulheres.
É uma ação para oportunizar que empresas, organizações da sociedade civil, a população de interesse, reconheçam os direitos dessas mulheres, migrantes e refugiadas”
Mariana Cursino, especialista em Transversalização de Gênero da ONU Mulheres
As mulheres interiorizadas pela modalidade VES foram entrevistadas, selecionadas e chegam aos destinos com empregos assegurados. As empresas comunicam o perfil profissional desejado e a Operação Acolhida indica os refugiados e migrantes para entrevistas de trabalho. A Força-Tarefa, por meio do Centro de Coordenação de Interiorização (CCI), faz a avaliação médica, promove a vacinação e regulariza a documentação dos beneficiários.
No destino, a pessoa recebe o apoio da rede local e com os serviços de toda uma rede da assistência social e saúde. Uma das passageiras do Voo 8M, Deriannes V., 25 anos, conta que busca oportunidades para dar uma vida melhor para a filha de seis anos que ficou na Venezuela. “Vim com medo, porque não conheço ninguém aqui. Mas estou muito agradecida ao governo brasileiro, porque me recebeu de uma maneira espetacular, me fizeram sentir em casa”.
Um pedido geral é para que as empresas continuem se sensibilizando e abrindo portas para as pessoas migrantes e refugiadas. “Nós ainda temos em torno de sete mil pessoas abrigadas em Boa Vista e Pacaraima (RR), e nós precisamos expandir essa interiorização”, apontou Niusarete Lima.
A Operação Acolhida é coordenada pelo Governo Federal em parceria com as Forças Armadas, agências da ONU (Organização das Nações Unidas), organizações da sociedade civil, organismos internacionais, além de entidades privadas, órgãos dos poderes executivo, legislativo e judiciário e entes federativos.
Assessoria de Comunicação — MDS