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MÊS DA MULHER
Encontro com mulheres negras resulta em anúncio de acordo para luta contra pobreza e desigualdade
Fotos: Roberta Aline/MDS
A primeira favela do Brasil, no Morro da Providência, foi porta de entrada para mais de 4 milhões de negros vindos da África e que desembarcaram no Rio de Janeiro. Ali, no acesso do morro, a primeira-dama da República, Janja Lula da Silva, a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, e secretárias do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS) reuniram-se com mulheres negras nesta quinta-feira (09.03) para discutir a fome no país.
O encontro, realizado na Associação do Comitê Rio da Ação da Cidadania, foi marcado pelo anúncio de um Acordo de Cooperação Técnica entre o Ministério da Igualdade Racial e o MDS para promover ações em torno do combate à fome e à pobreza, especialmente entre as mulheres negras.
Janja Lula da Silva, que já realizou trabalhos em projetos que tratam sobre a segurança alimentar, enfatizou a importância das mulheres na luta contra a fome e na redução da desigualdade.
"O Lula sabe da importância das mulheres para que o Brasil saia novamente do mapa da fome e reduza a desigualdade. Ele sabe do protagonismo que as mulheres têm e sabe do poder das mulheres negras periféricas. Por isso, uma mulher negra, catadora, entregou e colocou a faixa presidencial no presidente Lula no dia da posse", destacou a primeira-dama.
A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, explicou que o objetivo principal do encontro foi ouvir os relatos das mulheres. "A gente sabe muito bem que 70% das pessoas que passam fome no país são negras. Hoje, estamos marcando o início desse acordo de cooperação entre os ministérios, que é um sonho e um pedido imediato do presidente Lula", disse.
A cooperação interministerial irá trabalhar em três eixos: acesso à renda, acesso ao trabalho e acesso à produção e ao consumo de alimentos saudáveis. A proposta é fazer a política pública de forma participativa mobilizando a sociedade civil.
“A comida na mesa de todos é um espetáculo exuberante. Eu falo de fome, mas falo de fome de direitos. Fome de vontade. Precisamos de educação e saúde como direito base. Precisamos discutir a fome, mas também ensinar a pescar. Não adianta falar de direito se não trato o afeto, o amor e a liberdade”, disse Maria Chocolate, 65 anos, 16 deles à frente de uma biblioteca comunitária em Duque de Caxias.
A secretária extraordinária de Combate à Pobreza e à Fome do MDS, Valéria Burity, salientou que as mulheres negras estão na linha de frente na luta pela alimentação como direito. “Quando falamos tanto de pobreza quanto de fome, as mulheres negras são as mais afetadas. Então, priorizar esse público é garantir que as políticas públicas vão ser efetivadas, porque a gente vai chegar de fato onde a fome está”, explicou.
Valéria acrescenta que a roda de conversa contou com mulheres que foram impactadas pela fome e que são lideranças em processos que visam garantir o acesso à alimentação. “Isso é necessário para entender que as mulheres sofrem mais com a fome de forma direta e que também têm sofrido pelas pessoas de sua família e das suas comunidades que também sofrem com a falta de alimentação”, pontuou.
Visita ao CRAS
Durante a agenda de trabalho, também foi realizada a visita ao Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) Dodô da Portela, próximo à comunidade da Providência. Na oportunidade, as gestoras públicas encontraram três mulheres negras que recebem o benefício do Programa Bolsa Família.
“Quando entramos no mercado, somos perseguidas. Se entrarmos em uma loja, somos perseguidas. Só a gente sabe o que é ser mulher e ser negra. Ouvir o que o governo está fazendo é importante para saber os nossos direitos. Tenha certeza de que vou passar para as pessoas as informações que ouvi aqui”, contou Carmelita Alexandria, 55 anos, beneficiária do Bolsa Família.
A secretária nacional de Renda de Cidadania do MDS, Eliane Aquino, destacou que a missão do Governo Federal é fazer com que as ações cheguem cada vez mais perto das mulheres negras. “Iniciamos hoje um diálogo com a população para mostrar a força do Programa Bolsa Família, que tem 80% do público formado por mulheres, das quais a grande maioria é de mulheres negras”, explicou Eliane.
Neste mês de março, cerca de 78 mil novas famílias foram incluídas no Bolsa Família no estado do Rio de Janeiro. Ao todo, o estado conta com cerca de 600 mil famílias beneficiadas.
Assessoria de Comunicação - MDS