Notícias
Cidadania
Em seminário sobre cuidado e justiça, ministra do STF defende "uma sociedade de compartilhamentos"
Fotos: André Oliveira e Roberta Aline/ MDS
Promover uma política de cuidados é favorecer uma sociedade justa, equilibrada e amorosa. A partir dessa ideia, a ministra do Supremo Tribunal Federal (STF), Cármen Lúcia, defendeu a importância de dar espaço a uma nova realidade, que poderá ser melhor em diversos aspectos.
“É preciso que a gente pense na política como espaço de debates e proposições para que a gente se reinvente como uma sociedade de compartilhamentos. Eu acho que a gente tem que pensar o cuidado como forma de dignificação”, disse a magistrada na abertura do seminário: Cuidado e Justiça de Gênero: desafios e avanços na inclusão de mulheres no sistema de justiça.
É preciso que a gente pense na política como espaço de debates e proposições para que a gente se reinvente como uma sociedade de compartilhamentos. Eu acho que a gente tem que pensar o cuidado como forma de dignificação”
Cármen Lúcia, ministra do STF
O evento realizado nesta terça-feira (19.11), no Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS), contou também com a presença do titular da pasta Wellington Dias. Ele lembrou que milhões de pessoas, especialmente mulheres negras e de baixa renda, são sobrecarregadas com o trabalho de cuidado, o que perpetua desigualdades sociais, de raça e gênero.
“Gostei do tema deste seminário que defende a política de cuidados pelo olhar da justiça”, avaliou. “Precisamos compreender que há uma longa caminhada dentro do Brasil. Vamos ter muita oposição e, por isso, defendo a necessidade de trabalharmos o social integrado com o econômico”, completou o titular do MDS.
A ministra do STF reiterou que a mulher não deve ser a única cuidadora da casa, dos filhos e responsável pelas tarefas de reprodução da vida cotidiana. Ela argumentou que uma sociedade forte se constrói com um trabalho de cuidado que envolva a todos. “O ser humano cuida um do outro, isso é a fraternidade e a solidariedade.”
Cármen Lúcia lembrou dos casos em que os cuidadores também ficam doentes ao cuidar de outras pessoas, e que muitas destas doenças afetam a saúde psicológica e emocional, aparentam ser silenciosas, mas que minam a força das mulheres.
“Hoje, temos na medicina a síndrome do cuidador, que é quando a pessoa tem que trabalhar e cuidar de alguém e adoece junto com quem já está doente. Adoece a alma e adoece fisicamente. Somos uma sociedade de indivíduos igualmente dignos e que devem cuidar uns dos outros, se (o cuidado) for partilhado será mais leve para todo mundo”, argumentou.
Para a secretária nacional da Política de Cuidados e Família do MDS, Laís Abramo, o cuidado é uma necessidade de todas as pessoas ao longo da vida e deve ser entendido como um direito. Ela avaliou o seminário como uma oportunidade para aprofundar o debate sobre o tema.
“A ideia do cuidado como justiça é muito importante porque sabemos que a forma como hoje se distribuiu o cuidado na sociedade brasileira não é nem justa e nem equitativa. O cuidado é uma necessidade de todas as pessoas, mas nem todas cuidam”, analisou.
Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) revelam que 34% das mulheres que não estão no mercado de trabalho justificam a ausência pela necessidade de cuidar da casa, dos filhos e de outros parentes, enquanto entre os homens esse número é de apenas 2%.
“É necessário uma política de cuidados que avance em direção a todas as pessoas que dele necessitam e que reconheça o cuidado como um trabalho que deve ser valorizado e compartilhado entre homens, mulheres, entre as famílias, o Estado, a comunidade e o setor privado”, enfatizou Laís Abramo.
O presidente Lula encaminhou ao Congresso um projeto de lei que cria a Política Nacional de Cuidados, com a finalidade de garantir o direito ao cuidado para todos e promover a igualdade de gênero, raça e social nesta área. O texto foi aprovado na Câmara dos Deputados e está em tramitação no Senado Federal.
Durante o G20 Social, no Rio de Janeiro, o tema dos cuidados também foi pauta de painéis e debates. O ministro Wellington Dias recordou que o documento que cria a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza contém um item que defende a política de cuidados. “O desafio do Brasil está em diversas áreas, e do ponto de vista das pessoas que são cuidadas, ainda há muito a se fazer”, pontuou.
O evento desta terça-feira na sede do MDS foi uma iniciativa da Associação das Mulheres Defensoras Públicas do Brasil (AMDEFA), em parceria com o Governo Federal, Caixa Econômica e apoiado pelo ministério, por meio da Secretaria Nacional da Política de Cuidados e Família.
Assessoria de Comunicação - MDS