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Justiça social
Durante Marcha das Mulheres Indígenas, beneficiárias do Bolsa Família exaltam importância da transferência de renda
A capital brasileira ficou diferente entre os dias 11 e 13 de setembro: virou território indígena. Mulheres de povos originários de todo o Brasil e de outros países, como Peru, Estados Unidos, Malásia, Rússia e Nova Zelândia, ocuparam Brasília durante a 3ª Marcha das Mulheres Indígenas.
Cerca de seis mil indígenas participaram do evento, que ocorre a cada dois anos. Desta vez, o tema foi "Mulheres Biomas em Defesa da Biodiversidade através das raízes ancestrais". Além da marcha, o encontro contou com debates, plenárias e manifestações culturais, e foi promovido pela Articulação Nacional das Mulheres Indígenas Guerreiras da Ancestralidade (Anmiga).
O Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS) esteve presente no ato e conversou com mulheres beneficiárias do Programa Bolsa Família. “Minha aldeia toda recebe, é nossa principal fonte de renda”, relatou Tatiana Cacau Tataira, da etnia Gavião do Maranhão, moradora da TI Governador.
Em quase 20 anos de existência, o Bolsa Família já transformou a vida de milhões de famílias brasileiras. Ver um programa dessa magnitude, chegando em quem mais precisa, é ter a certeza de que estamos no caminho certo. Garantindo renda, gerando oportunidades e valorizando a nossa gente”
Eliane Aquino, secretária nacional de Renda de Cidadania
Filha dela, Marcilene Cacau Cary Cry conta que os indígenas na aldeia trabalham no roçado, mas que não é suficiente para sua subsistência. Além da alimentação, o benefício garante principalmente condições para as crianças estudarem. “Colocar comida na mesa, ajudar no material escolar, roupas, calçados… ajuda bastante”, contou.
Situação semelhante vive Marinalda Kaxinawá, que enfrentou quatro dias de viagem de Feijó (AC) até a capital federal para participar do evento. Mãe solo de duas filhas, para ela é fundamental o benefício ser pago principalmente às mulheres, que priorizam o cuidado das crianças. Marinalda mora na TI Katukina/Kaxinawá, onde os indígenas também cultivam alimentos. “As pessoas não entendem que leva um tempo para plantar, e a fome é hoje”, pondera. Para ela, que estudou até a quarta série e sonha com uma vida melhor para as duas filhas, o Bolsa Família proporcionou que elas continuassem na escola.
Já Lilian Cordeiro França saiu de sua aldeia, em São Gabriel da Cachoeira, no interior do Amazonas, para estudar Tecnologia em Análise e Desenvolvimento de Sistemas na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Na aldeia, seus pais já recebiam o benefício. “Ajuda bastante, é muito difícil viver só da pesca ou só da caça”, comentou. Depois que começou a estudar em outro estado, Lilian também passou a receber o benefício. “É um complemento de renda bem significativo”, disse.
Dados do MDS mostram que o Brasil tem mais de 250 mil famílias indígenas inscritas no Cadastro Único. No Bolsa Família, há quase 197,5 mil beneficiadas pelo programa.
A secretária nacional de Renda de Cidadania, Eliane Aquino, enalteceu a relevância do programa. “Em quase 20 anos de existência, o Bolsa Família já transformou a vida de milhões de famílias brasileiras. Ver um programa dessa magnitude, chegando em quem mais precisa, é ter a certeza de que estamos no caminho certo. Garantindo renda, gerando oportunidades e valorizando a nossa gente”, afirmou.
Na última quinta-feira (14), a Secretaria Nacional de Assistência Social (SNAS) foi convidada pela Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) para falar sobre a importância da integração entre os benefícios e serviços, e para ouvir as demandas dos territórios. "É necessário pensar a proteção social sob a perspectiva dos povos indígenas. Este tem sido o compromisso da gestão: garantir as consultas prévias e a formatação de ações e programas adequados culturalmente às realidades de cada povo”, destacou o coordenador-geral de Programas e Ações de Combate às Discriminações, Bruno Alves Chaves.
De acordo com o último censo do SUAS, realizado no ano passado, do total de CRAS que existem no país, apenas 13% fizeram atendimentos a povos indígenas. Entre os CREAS, o percentual é de 15%. “Estamos trabalhando para avançar e ampliar o acesso a políticas públicas que garantam proteção social, considerando o ponto de vista e as especificidades de cada comunidade indígena e povos tradicionais”, afirmou a diretora de gestão do SUAS, Clara Carolina de Sá.
Assessoria de Comunicação - MDS