Notícias
Primeira Infância
Criança Feliz chega a 100% dos municípios de Marajó, região com alto índice de mães solteiras
Proteger, estimular e educar um bebê são desafios para todos os pais. Uma tarefa ainda mais desafiadora quando a gravidez vem na adolescência e a criação fica unicamente sob responsabilidade da mãe numa região de alto nível de vulnerabilidade social. Essa é a realidade da marajoara Carla Kelene Rodrigues Baia, de 19 anos, no município de Breves, no arquipélago do Marajó, no Pará. Ela cria sozinha Enzo Davi Rodrigues, de um ano.
Tudo o que ele faz que é novidade ele fica olhando para saber se a gente viu. A evolução é nítida. Nas brincadeiras, ele interage mais com a gente, está mais sociável com as pessoas”
Carla Kelene, mãe de Enzo Davi
Enzo Davi costumava ser um bebê introvertido, de pouca comunicação com os adultos e mobilidade limitada diante de brincadeiras. Um comportamento que mudou nos últimos meses. Enzo passou a ser estimulado em aspectos de linguagem, cognição, vínculos afetivos e socialização a partir do acompanhamento do Criança Feliz, programa executado pelo Ministério da Cidadania, por meio da Secretaria Nacional de Atenção à Primeira Infância.
Carla recebe semanalmente orientações e dicas. Ela abre a porta de casa para receber os conselhos da visitadora Luane de Jesus Cardoso. Em cada oportunidade, Luane atua com Enzo e ensina a Carla estímulos para trabalhar esse período de intensa plasticidade cerebral dos meninos e meninas.
“Quando comecei a visitar o Davi ele não prestava muita atenção, era mais na dele. Hoje ele sorri, brinca e interage quando a gente chama. Ele se desenvolveu bastante dos últimos meses para cá”, avalia Luane. “Tem atividade de criança de dois anos que ele já faz. Ele se tornou uma criança muito ativa”, avalia a visitadora.
Para a mãe, o acompanhamento significou a abertura de uma janela para novos conhecimentos e possibilidades. “Eu sou mãe de primeira viagem e não sei muita coisa. Aprendi com a Luane que tudo o que o Davi aprende a gente tem de ficar feliz, bater palmas, incentivar para ele fazer novamente. São coisas que eu não sabia”, destacou Carla, que vive com o filho na casa dos pais, ao lado de outros cinco irmãos.
Com o acompanhamento semanal, a mãe percebeu o desenvolvimento da criança no olhar, na comunicação e na socialização. “Tudo o que ele faz que é novidade ele fica olhando para saber se a gente viu. A evolução é nítida. Nas brincadeiras, ele interage mais com a gente, está mais sociável com as pessoas”, afirmou Carla.
Sem custos locais
O Criança Feliz está nos 16 municípios do arquipélago de Marajó. O programa é 100% financiado pelo Governo Federal, que também realiza a gestão de acordo com a meta de atendimento estipulada de profissionais para as equipes de supervisão e visitação, com limite de 30 beneficiários por visitador. Não é exigida contrapartida financeira do município, ou seja, não há custos para a gestão local.
Luane acompanha a realidade de 28 famílias no município de Breves. A cidade é uma das pontas do conjunto de ilhas e fica a 220km de Belém. Às margens do rio Parauaú, o acesso é feito por barco ou aviões de pequeno porte. A região de cerca de 100 mil habitantes conta com 50% da população ribeirinha ou do meio rural e alto índice de população na condição de pobreza ou extrema pobreza.
O mais bacana do Criança Feliz é que ele leva o Governo Federal para dentro das casas de famílias vulneráveis. Não só carregando a perspectiva de intervenção para o desenvolvimento infantil, mas observando outras possíveis vulnerabilidades da família. Assim, a gente consegue articular outros potenciais atendimentos dentro da rede governamental”
Luciana Siqueira, secretária nacional de Atenção à Primeira Infância do Ministério da Cidadania
Estímulos acessíveis
Durante as visitas, Carla descobriu que é possível estimular o filho com materiais simples, disponíveis em casa, sem necessidade de investimentos caros. “Aprendi a fazer chocalho com tampa de garrafa e com caixa de creme dental. Descobri que isso ajuda ao fazer barulho para ver para onde a criança olha ou presta atenção”, conta.
A visitadora conta que, na maioria dos lares que acompanha, o marido trabalha de moto-táxi ou não tem emprego fixo. Há, ainda, muitas famílias, como a de Carla, em que as mães criam os filhos sem a presença paterna.
Para Luane, o trabalho do Criança Feliz representa um suporte necessário para a adolescente durante essa fase importante da vida de Enzo Davi. “A Carla é mãe solteira. Ela não está trabalhando e só os pais dela ajudam de forma constante”, explicou Luane.
“A gente vê que é uma criança bem cuidada. Ela tem o cronograma certinho dele, desde o acordar até o dormir. Chega a ser emocionante. Falo porque existem mães com uma rotina muito desorganizada”, completou Luane.
Transformando a infância
O Criança Feliz é um dos principais programas de visitação domiciliar do mundo. Com cinco anos de atuação, atendeu mais de 1,2 milhão de famílias e ultrapassou as 54 milhões de visitas em todo o território nacional.
A primeira infância corresponde ao período da gestação até os seis anos e é considerada uma janela de oportunidade essencial, pela intensa capacidade dos meninos e meninas de absorverem estímulos nessa faixa etária.
“O mais bacana do Criança Feliz é que ele leva o Governo Federal para dentro das casas de famílias vulneráveis. Não só carregando a perspectiva de intervenção para o desenvolvimento infantil, mas observando outras possíveis vulnerabilidades da família. Assim, a gente consegue articular outros potenciais atendimentos dentro da rede governamental”, afirmou a secretária nacional de Atenção à Primeira Infância, Luciana Siqueira.
Desde janeiro de 2019, o Governo Federal intensificou os investimentos no Criança Feliz. Houve aumento no repasse de recursos financeiros a estados e municípios, com investimento total de R$ 861 milhões entre 2019 e 2021. No período, mais de 230 mil gestantes e um milhão de crianças foram atendidas, com 42 milhões de visitas realizadas.
Diretoria de Comunicação – Ministério da Cidadania