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Operação Acolhida
Conheça histórias de migrantes e refugiados venezuelanos que compõem o mosaico dos 50 mil interiorizados no Brasil
Ronalid Angele Rodriguez, de 21 anos, mãe de três filhos: recomeço no Brasil. Foto: Ricardo Roger/Min. Cidadadania
“Na Venezuela eu não tinha dinheiro para comprar comida, fraldas ou leite para os meus filhos. Viemos para o Brasil porque não dava mais para viver daquela forma.” A história de Ronalid Angele Rodriguez, de 21 anos, mãe de três filhos, é similar à de muitos refugiados e migrantes venezuelanos que encontraram no Brasil a oportunidade de recomeçar. Ronalid é uma das mais de 50 mil pessoas que tiveram as esperanças renovadas por meio do processo de interiorização da Operação Acolhida, coordenado pelo Ministério da Cidadania.
Eu tinha uma casa na Venezuela, mas as condições ficaram difíceis. Depois de chegar ao Brasil, consegui a vaga no abrigo. Passamos dois anos lá e agora estamos no Mato Grosso, onde há mais oportunidades de emprego para o meu marido, que é pedreiro e pintor”
Ronalid Rodriguez, venezuelana
Ronalid e o marido Jose David vieram para o Brasil em 2018. Moraram dois anos em Boa Vista (RR) e, por meio do processo de interiorização, mudaram-se para Cuiabá (MT) em busca de emprego e de um lugar para chamar de lar. “Eu tinha uma casa na Venezuela, mas as condições ficaram difíceis. Depois de chegar ao Brasil, consegui a vaga no abrigo. Passamos dois anos lá e agora estamos no Mato Grosso, onde há mais oportunidades de emprego para o meu marido, que é pedreiro e pintor”, conta a jovem, que viu a família dividida em diferentes países em função da crise política, econômica e humanitária da Venezuela, com parentes refugiados no Peru, na Colômbia e no Equador.
A Operação Acolhida é um somatório de esforços pela causa humanitária. No âmbito do Governo Federal, são 11 ministérios sob comando da Casa Civil. A ação também envolve ONU, municípios, estados e sociedade civil. O trabalho se divide em três eixos: ordenamento da fronteira; acolhimento com abrigo, alimentação e atenção à saúde; e interiorização, com o objetivo de inclusão socioeconômica em todo o país.
Mais de 670 cidades abriram as portas para migrantes e refugiados venezuelanos. Com o processo de interiorização, as cidades que passaram a acolhê-los tiveram a oportunidade de inclusão de uma nova cultura e o contato com um segundo idioma, o espanhol, além de novas forças de trabalho na iniciativa de inserção socioeconômica dessa população.
Eric R. Gomez, 47 anos, deixou a família na Venezuela e chegou a Pacaraima (RR) em 2018, na companhia do filho Eric Gabriel, de 8 anos. De Pacaraima, foi para Boa Vista (RR) e seguiu para Caracaraí (RR), em função de uma oportunidade de emprego. Com a profissão de mecânico industrial, Eric Gomes encontrou na interiorização a chance de ir para Uberlândia (MG), onde existe demanda crescente na sua área profissional.
“É difícil ser migrante. Ninguém quer sair do próprio país. Queremos morar no nosso país, mas a situação lá não dá para viver. As pessoas no Brasil são boas, prestam muita ajuda de forma organizada. Sou grato. Nunca tive problema aqui. Só sinto saudades da família que mora na Venezuela, meu pai e minha mãe. Não é fácil, mas essa é a realidade que tenho de conviver. Ainda não dá para voltar para a Venezuela, pois vivo bem aqui no Brasil”, contou Eric.
A estratégia de interiorização auxiliou um em cada cinco venezuelanos no país a melhorar significativamente a situação financeira, de moradia e de educação, contribuindo com a qualidade de vida. O Governo Federal estima que cerca de 260 mil venezuelanos vivem no país.
“A Operação Acolhida é um somatório de esforços por uma causa humanitária de imensa importância. Todos atuando para que os imigrantes vindos da Venezuela, nossos irmãos latino-americanos, encontrem no Brasil esperança e um país acolhedor”, explicou o ministro da Cidadania, João Roma.
Atualmente, há quatro modalidades de interiorização: institucional (de um abrigo em Boa Vista para outros centros de abrigamento temporário por todo o Brasil); reunificação familiar; reunificação social; e por emprego (na qual os beneficiários são selecionados para um cargo antes da realocação). Até agora, a reunificação social tem sido a modalidade mais buscada na estratégia de realocação, com 41% dos beneficiários.
Jose David: sonho de se tornar policial no Brasil. Foto: Ricardo Roger/Min. Cidadania |
Perto da mãe
Foi por meio da reunificação familiar que Jose David, 20 anos, teve a oportunidade de reencontrar a mãe. O jovem saiu da Venezuela em 2017 para estudar no Brasil. Com o aumento crescente de venezuelanos em Boa Vista, sua mãe buscou emprego em outro lado do país, indo morar em Cuiabá, deixando o jovem em Roraima. Agora, em 2021, Jose conseguiu sair de Boa Vista para reencontrar a família em Mato Grosso.
“Minha mãe vendeu uma televisão, comprou a passagem e foi para Cuiabá em busca de uma vida melhor. Agora, com as passagens que consegui com a Operação Acolhida, vou para Mato Grosso morar com ela”, conta Jose David. Ele tem o sonho de terminar os estudos do ensino médio e prestar concurso para ingressar na Polícia Militar no Brasil. O jovem passou a alimentar os objetivos há três anos, quando passou a morar em Boa Vista.
“Eu tinha 17 anos quando cheguei aqui. Em função da pandemia, não consegui terminar o terceiro ano. Espero que essa pandemia passe logo para estudar, sair do ensino médio e ter uma carreira. Quem sabe fazer parte de uma polícia aqui no Brasil, fazer um concurso, para ajudar a minha família”, revelou.
Desde a chegada à fronteira brasileira até a interiorização, o trabalho das políticas de assistência social exerce um papel de várias faces no atendimento aos venezuelanos. “Iniciamos o processo de interiorização fazendo contato com os gestores estaduais e municipais para preparar o município para receber essas pessoas. Preparar as políticas públicas para receber as pessoas, as escolas, as creches, nossos equipamentos públicos da assistência social, CRAS, CREAS e serviços de atendimento para que eles possam se sentir realmente acolhidos e possam chegar a esse município com perspectiva de cidadania”, explicou a secretária nacional de Assistência Social do Ministério da Cidadania, Maria Yvelonia Barbosa.
Diretoria de Comunicação – Ministério da Cidadania