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Comunidades senegalesas consideram o papel da mulher fundamental para a manutenção do núcleo familiar
“A pobreza não é apenas monetária, e é muito difícil lutar contra ela.” Com essas palavras, a delegada-geral de Proteção Social e Solidariedade Nacional do Senegal, Aminata Sow, iniciou sua fala na reunião realizada entre a equipe técnica do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS) e a Delegação-Geral de Proteção Social e Solidariedade Nacional da República do Senegal.
No segundo dia de diálogos da missão técnica, nesta terça-feira (12.09), foram abordados aspectos do Programa Bolsa Família e das estratégias de comunicação desenvolvidas pelo MDS. A delegada-geral revelou que, no Senegal, a escolha das famílias a serem beneficiadas parte das próprias comunidades e os conselhos que tomam as decisões são formados principalmente por mulheres.
Desenvolvemos um conjunto de ações de proteção para garantir que a transferência de renda chegue às pessoas mais necessitadas”
Wellington Dias, ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome
“Para nós, o capital humano é mais importante do que o financeiro. Por isso temos estratégias para estimular a independência dos que estão sob a proteção do Estado”, afirmou Aminata Sow. “Na África, o papel central é da mulher. É ela que tem a força e o comando para direcionar o que fazer com os recursos.”
O ministro Wellington Dias reforçou a importância das estratégias internacionais para o sucesso dos programas sociais. “Desenvolvemos um conjunto de ações de proteção para garantir que a transferência de renda chegue às pessoas mais necessitadas”, disse ele. “Trabalhamos para manter o cadastro o mais atualizado possível, evitando as distorções e incluindo famílias que têm direito ao benefício.”
Para o ministro brasileiro, a política pública de transferência de renda é um fator econômico importante. “O efeito mais direto é para a família, mas favorece também a região como um todo, já que o dinheiro circula na comunidade onde essas pessoas residem”, ponderou.
Wellington Dias citou ainda o programa de alimentação escolar e o incentivo à criação de cozinhas solidárias, como forma de estimular a produção e a distribuição de alimentos saudáveis e vencer a desnutrição, que atinge tanto o Brasil quanto o Senegal.
Fiscalização e atualização
O assessor de Gabinete da Secretaria Nacional de Renda de Cidadania (Senarc), Bruno Câmara, ressaltou que a pandemia provocou quebras de paradigmas sobre o programa de transferência de renda. “Houve aumento do valor do benefício e do número de pessoas beneficiárias, gerando uma necessidade muito maior de fiscalização e de atualização dos cadastros dos inscritos”, avaliou.
“Além disso, os processos de coordenação e de gestão do Bolsa Família tiveram que ser reforçados para uma melhor execução por parte dos municípios. Os aspectos práticos e subjetivos trazem legitimidade ao programa, e é preciso prestar contas da utilização dos recursos”, acrescentou Bruno.
O assessor da Senarc explicou ainda que o feixe de atividades inclui uma rede intersetorial e a cooperação interfederativa, o que se constitui na chave do Bolsa Família, com o cálculo do benefício sendo realizado a partir da composição familiar.
Para Aminata Sow, os programas dos dois países são semelhantes, ainda que a população seja bem diferente em termos de números e que os pagamentos no Senegal sejam disponibilizados trimestralmente. “Temos quatro estruturas conceituais complementares: gerenciamento de risco social, abordagem do ciclo de vida, proteção social transformadora e piso de proteção social”, elencou.
É preciso ter humildade para trabalhar com a política social abrangente, como é feita aqui no Brasil. Queremos continuar a nos inspirar pela experiência brasileira para ter um sistema eficaz de proteção social”
Aminata Sow, delegada-geral de Proteção Social e Solidariedade Nacional do Senegal
Compartilhamento de informações
O coordenador de Comunicação do MDS, Alisson Bacelar, fez uma apresentação à delegação senegalesa: “Sabemos o tamanho da responsabilidade que temos no MDS nas ações de combate à fome e de assistência social. A comunicação tem um papel importante, ao levar a informação sobre esses benefícios ao público”, disse ele.
Aminata Sow destacou que a aliança entre os dois países é muito rica: “Queremos compartilhar informações porque nossos presidentes têm interesses muito semelhantes e trabalham para que cada cidadão tenha melhores condições de vida”.
“Não escolhemos ser pobres ou ricos, por isso temos o dever de ajudar a tirar da pobreza as pessoas mais vulneráveis”, afirmou a autoridade senegalesa. “Organizamos esta missão porque fomos impactados pelo modelo brasileiro. A partir dele, adotamos um Registro Único, que tem inúmeras semelhanças com o Cadastro Único, apesar de não ter a mesma envergadura”, avaliou.
“É preciso ter humildade para trabalhar com a política social abrangente, como é feita aqui no Brasil. Queremos continuar a nos inspirar pela experiência brasileira para ter um sistema eficaz de proteção social”, finalizou Aminata Sow.
Assessoria de Comunicação – MDS