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RAÍZES DO CEDRO
Com pouso de terceiro voo, operação totaliza 674 brasileiros e familiares resgatados do Líbano
Quando a aeronave KC-30 da Força Aérea Brasileira aterrissou na Base Aérea de São Paulo, às 8h20 desta quinta-feira (10.10), a Operação Raízes do Cedro do Governo Federal chegou à marca de 674 brasileiros e familiares e 11 pets resgatados da zona de conflito no Líbano em menos de uma semana. O voo desta manhã trouxe 218 passageiros, entre eles 11 crianças de colo, e cinco animais domésticos.
A primeira escala da operação pousou no Brasil no último domingo (6.10). O grupo com 229 passageiros e três pets foi recebido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que reforçou que o país fará todos os esforços para trazer todos os brasileiros e familiares que necessitarem. Na terça-feira (8.10), uma nova escala da operação trouxe até São Paulo 227 passageiros e mais três animais domésticos.
Entre os passageiros que chegaram nesta quinta-feira estava Hahan Mourad, que trouxe os filhos Jad e Ali. Ela é brasileira, nascida em São Paulo, e viveu no país até os 26 anos. Foi para o Líbano para ter uma experiência profissional. Casou-se, teve filhos e criou laços por lá. Decidiu voltar ao perceber que o som de bombas, sirenes, aviões e milhares de pessoas deslocadas tinha se tornado uma nova realidade.
O que está acontecendo é muito triste. Ver o país onde seus filhos nasceram desmoronando na sua frente, o som das bombas quando estamos dormindo, as explosões, as evacuações, pessoas nas ruas, nas escolas, é muito triste"
Hahan Mourad, brasileira repatriada
"O que está acontecendo é muito triste. Ver o país onde seus filhos nasceram desmoronando na sua frente, o som das bombas quando estamos dormindo, as explosões, as evacuações, pessoas nas ruas, nas escolas, é muito triste", disse, aliviada por voltar ao Brasil
Saha Mouzannah tem história similar. Ela desembarcou acompanhada da mãe, do marido e dos filhos Jawad e Mohamed, de sete e quatro anos de idade. "Faz pouco mais de um ano que fui para o Líbano. Agora, esse processo da guerra foi tudo de repente", relatou.
"É terrível o que está acontecendo, mas queria agradecer muito ao governo. O processo com a embaixada foi rápido. Trocamos mensagens, começamos a conversar, responderam logo e o voo de volta foi tranquilo, com uma equipe acolhedora, inclusive nos ajudando a cuidar das crianças", afirmou Saha.
Georges El Kadamawi, por sua vez, estava na Base Aérea para esperar o pai, que vinha do Líbano no voo do Governo Federal. "Estamos todos felizes por esse trabalho bem feito, profissional e muito rápido. Felizes com tantos brasileiros voltando para a paz", resumiu.
A prioridade de composição das listas sempre leva em conta mulheres, crianças, idosos e brasileiros não residentes no Líbano. Um trabalho de articulação que envolve equipes do Ministério das Relações Exteriores em Brasília e na Embaixada do Brasil em Beirute e a ação operacional da Força Aérea Brasileira (FAB).
Quarto voo decola
A aeronave KC-30 decolou para o quarto voo de repatriação nesta quinta-feira (10.10), às 13h11 de Brasília, da Base Aérea de São Paulo, para Beirute, no Líbano. Haverá escala em Lisboa. O voo do Brasil até Portugal tem duração prevista de 9h20min.
Orientações
O governo brasileiro reitera o alerta para que todos sigam as orientações das autoridades locais e, para os que disponham de recursos para tal, que procurem deixar o território libanês por meios próprios. O aeroporto de Beirute continua em operação, principalmente com voos da companhia libanesa Middle East Airlines. O número de plantão consular do Itamaraty segue à disposição: +55 (61) 98260-0610 (com WhatsApp).
Insumos
Além de resgatar os brasileiros e familiares, o deslocamento do KC-30 até o Líbano é usado para o Brasil enviar insumos estratégicos em saúde para o Líbano. As escalas da operação já entregaram mais de 7,5 toneladas de medicamentos, envelopes para reidratação, agulhas e seringas descartáveis.
Ao chegarem ao Brasil, as famílias são recebidas por equipes especializadas do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS), e da Agência da ONU para as Migrações (OIM), que acolhem as demandas imediatas e avaliam se as pessoas têm redes de proteção familiar ou social no Brasil, além de determinar a necessidade de acolhimento em abrigos do Sistema Único de Assistência Social (SUAS), de hospedagem temporária e, nos casos de famílias em condição de vulnerabilidade, a possibilidade de passarem a integrar programas sociais do Governo Federal, como o Bolsa Família.
“Essa operação reafirma a importância do SUAS no atendimento às famílias migrantes e refugiadas, nesse caso que estavam numa zona de conflito e que foram resgatadas e protegidas no Brasil”, destacou Régis Spíndola, diretor do Departamento de Proteção Social Especial do MDS, que estava no terceiro voo de repatriados do Líbano.
O MDS ainda fornece apoio no traslado entre o aeroporto e o hotel e com alimentação. "Temos também um hotel, onde esses repatriados vão ficar por até dois dias, até que se organizem com suas passagens para seus destinos finais e, novamente, apoiaremos com o traslado", acrescentou Niusarete Lima, gerente de projeto da Secretaria Nacional de Assistência Social (SNAS) do MDS.
Saúde
Outra equipe que atua na chegada dos resgatados do Líbano é a da Força Nacional do SUS, formada por médicos, enfermeiros e psicólogos que oferecem cuidados quanto à saúde física e mental dos repatriados. A equipe recebe uma espécie de manual de costumes do país, envolvendo cultura, comportamento, vestimenta, linguagem, religião e alimentação para prestar um atendimento mais humanizado e acolhedor.
Nos dois primeiros voos, os profissionais realizaram 346 atendimentos médicos, assistenciais e psicossociais aos brasileiros e familiares resgatados do Líbano. Entre os atendimentos, as maiores ocorrências foram de acolhimento, leve desidratação, primeiros cuidados psicológicos e crise hipertensiva.
Identificação
A força-tarefa de acolhimento de brasileiros repatriados do Líbano também conta com a presença do Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP), que auxilia no controle e identificação dos recém-chegados. O trabalho é feito com apoio da Polícia Federal (PF) e da Polícia Rodoviária Federal (PRF).
“A PF montou uma equipe especializada e dedicada ao controle migratório e, junto com a Receita Federal, também faz a parte aduaneira”, explicou Luana Medeiros, diretora de Migrações do MJSP.
A PRF é responsável pelo suporte logístico humanitário em traslados terrestres da base aérea até as residências das pessoas que moram em São Paulo ou eventuais abrigos temporários.
“Essas pessoas estão chegando de uma zona de guerra e precisam ser acolhidas. As equipes entrevistam os repatriados, identificam necessidades e fazem os encaminhamentos necessários”, completou Luana Medeiros.
Pets
O Ministério da Agricultura e Pecuária manteve a flexibilização de regras para entrada de cães e gatos. As diretrizes facilitam o ingresso dos pets no Brasil. As unidades da Vigilância Agropecuária Internacional, em conjunto com a Coordenação de Trânsito e Integração Nacional de Cargas e Passageiros, adotam protocolo especial para animais de estimação provenientes do Oriente Médio. O procedimento permite que tutores ingressem sem a apresentação imediata de documentos exigidos em condições normais.
Voltando em paz
As ações de repatriação e recepção são similares às realizadas pelo Governo Federal entre outubro de 2023 e janeiro de 2024, na Operação Voltando em Paz, que repatriou mais de 1.500 brasileiros e mais de 50 pets das zonas de conflito na Faixa de Gaza, na Cisjordânia e em Israel.
O que é?
A Operação Raízes do Cedro foi determinada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva a partir do acirramento do confronto entre Israel e o grupo Hezbollah, que atua no Líbano. A logística de repatriação envolve o uso de aeronaves e de servidores da Força Aérea Brasileira e um intenso trabalho de articulação do Itamaraty. O ministro Mauro Vieira mantém conversas frequentes com os chanceleres do Líbano e de países vizinhos com o objetivo de organizar o resgate com segurança.
Assessoria de Comunicação - MDS, com informações Secom/PR