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Primeira infância
Com adaptações e cuidados, Criança Feliz promove seis milhões de visitas durante a pandemia
Videochamadas e cuidados com a segurança nas visitas presenciais: o novo normal no Criança Feliz
A pandemia do novo coronavírus motivou o distanciamento social e desafiou a realização de grande parte das atividades presenciais. Mas, mesmo com as adaptações necessárias ao momento, o Criança Feliz, maior programa do mundo de visitação familiar para a primeira infância, não deixou de atender as famílias brasileiras em todos os estados. Segundo dados atualizados até a última segunda-feira (24.08), foram realizadas quase 35,9 milhões de visitas em todo o país ao longo da execução do programa. Desse total, seis milhões ocorreram entre março e agosto, período de enfrentamento ao Covid-19.
As visitas foram retomadas em grande parte do território nacional por ser considerado um serviço essencial, e com todo o protocolo de segurança. Quando não é possível, é feito o contato por telefone, uma ligação de vídeo, para a família não ficar desassistida"
Luciana Siqueira, secretária nacional de Atenção à Primeira Infância do Ministério da Cidadania
Recentemente, o Criança Feliz superou a cifra de mais de um milhão de atendidos ao redor do Brasil. Já foram registrados 1,04 milhão de indivíduos visitados desde o início da iniciativa. São 839.100 famílias, 857.136 crianças e 188.814 gestantes atendidas por mais de 21 mil visitadores, amparados por quase quatro mil supervisores. Dos 2.935 municípios com adesão ao programa, 2.748 (93,6%) já tiveram visitas registradas.
Em função da pandemia, e para não paralisar o trabalho, o atendimento remoto foi autorizado em abril, por meio da Portaria Conjunta nº 1 . Assim, foi possível que os visitadores desenvolvessem atividades e as enviassem às famílias pelo celular, para que os pais ou responsáveis aplicassem com as crianças. Quando não há acesso à tecnologia, as visitas presenciais seguem ativas, com todos os cuidados necessários.
“As visitas foram retomadas em grande parte do território nacional por ser considerado um serviço essencial, e com todo o protocolo de segurança. Quando não é possível, é feito o contato por telefone, uma ligação de vídeo, para a família não ficar desassistida. Depende da realidade de cada município”, explica a secretária nacional de Atenção à Primeira Infância do Ministério da Cidadania, Luciana Siqueira.
Além das atividades voltadas à promoção do desenvolvimento infantil e familiar, os visitadores orientam sobre os cuidados necessários para evitar a contaminação pelo coronavírus. Assim, os visitadores enviam vídeos, cards, propõem atividades com o material da própria casa e tiram dúvidas das famílias. “O visitador, além sugerir as atividades de estimulação cognitiva e de linguagem, ainda trabalha a questão do fortalecimento parental, da família, do cuidado com a criança, dando certa autonomia também para o cuidador”, acrescenta Luciana.
“A gente observa a colaboração que esse visitador faz no encaminhamento da família a outros serviços. Às vezes a família ainda não registrou a criança, ou ela ainda não tem acesso a creche”, exemplifica. “É toda uma contribuição que esse visitador dá para a família que não é só a questão dos estímulos”, completa.
Capilaridade
A presença do Criança Feliz é latente em todos os estados. Apenas na Bahia, por exemplo, o programa já visitou um total de 112 mil famílias. Em seguida aparecem o Ceará e o Maranhão, com 84 mil e 82 mil famílias visitadas, respectivamente, ao longo dos anos.
Para prosseguir com as atividades durante a pandemia, o Ceará realizou um diagnóstico dos 184 municípios e elaborou um plano de contingência, além de uma cartilha de brincadeiras para crianças, que poderia ser utilizada de maneira remota. “Isso ajudou muito e a gente começou a fazer reuniões com os supervisores para passar esse material. Foi uma forma que encontramos para o programa não parar. A gente descobriu que 32 mil famílias no Ceará têm condições de fazer o trabalho de forma remota”, contabiliza a coordenadora estadual Silvana Simões.
“Quando a família não tem celular ou computador, o visitador deixa a atividade na porta da casa e depois vai buscar, já que as visitas estão sendo de forma remota. Nós conseguimos fazer com que o programa não parasse em lugar algum do nosso estado”, destaca.
“Houve a compreensão de todos os entes de que essas famílias que estão sendo visitadas semanalmente não poderiam de repente ficar sem atendimento. A gente fez essa força tarefa, esse trabalho em conjunto com os municípios, e a continuidade das visitas aconteceu. Estamos nos reinventando para o trabalho não parar. As famílias precisam da nossa atuação”, pondera a coordenadora.
Segundo ela, ao longo de 2019 foram registradas em torno de 18 mil famílias com demandas atendidas nas mais diversas áreas, como saúde, educação, assistência social e agricultura. O Ceará conta hoje com 300 supervisores e 1.995 visitadores.
Suporte na pandemia
Já no Distrito Federal, as redes sociais também foram utilizadas para disponibilizar atividades e vídeos com orientações para as famílias. “Manter o Criança Feliz ativo no DF fez toda a diferença. Muitas famílias estavam sem rumo, com medo desse vírus, e o vínculo com o visitador permitiu que tivessem apoio e acolhimento, além da supervisão dos casos mais graves de falta de recursos materiais, o que permitiu que o estado pudesse apoiar com a oferta de cestas básicas para essas famílias”, conta Fernanda Monteiro, secretária executiva do Comitê Gestor e coordenadora do programa no DF.
Outra importância foi a de disseminar o que é o Covid-19 e as formas de prevenção. “O programa, além do seu papel já conhecido por todos em relação ao desenvolvimento da Primeira Infância, pode trabalhar também a questão da pandemia”, destaca. “O Criança Feliz tem permitido uma integração das diferentes políticas públicas. Com isso evitamos sobreposição de ações e potencializamos o acesso a essas políticas pelas famílias do programa”, pondera. O Distrito Federal registra, ao todo, visitas a 1.680 famílias, 1.744 crianças e 143 gestantes.
No Amazonas, o programa tem ainda outro papel: o de aproximar a população. “O Criança Feliz faz toda a diferença nos municípios porque traz para mais próximo da gestão municipal a realidade vivenciada e sentida por essas populações. Para nós tem sido um ganho grande podermos mapear melhor a situação das crianças, das suas famílias, das mulheres gestantes”, reforça Lílian Melo, coordenadora estadual do Criança Feliz no Amazonas.
Em todo o estado, já foram visitadas 18.794 crianças, 3.505 gestantes e 17.888 famílias. Uma abrangência que ajudou também no enfrentamento à pandemia. “A equipe municipal do Criança Feliz tem o domínio do território e consegue trazer as informações necessárias sobre as crianças e as gestantes que estavam sendo acompanhadas. Então, para a gestão municipal e estadual, foram fundamentais essas informações para que se pudesse pensar nas estratégias de atuação no enfrentamento do Covid-19. Sem dúvida, os supervisores e os visitadores foram fundamentais para que a gente pudesse pensar nas estratégias para lidar com essa doença”, afirma.
O programa
Coordenado pela Secretaria Nacional de Atenção à Primeira Infância do Ministério da Cidadania, o Criança Feliz tem como público prioritário gestantes e crianças de zero a três anos, ou de até seis anos de idade quando beneficiárias do Benefício de Prestação Continuada (BPC). O trabalho consiste no acompanhamento da gestação e dos primeiros anos de vida da criança, com orientações aos cuidadores sobre a importância de atividades que estimulem o desenvolvimento de habilidades cognitivas, linguísticas, motoras e socioemocionais.
Diretoria de Comunicação – Ministério da Cidadania