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Centro-Dia é rede de apoio para mães de crianças com microcefalia na Paraíba
Brasília – As mães de crianças com microcefalia são as pernas, as mãos e a voz dos filhos. Suas maiores vitórias surgem em atos simples, como no momento de alimentá-los e nas brincadeiras. A doença ganhou a atenção do país com a epidemia do Zika vírus, causador da enfermidade, na região de Campina Grande (PB), a partir de 2015. Priorizando o atendimento às vítimas, o Centro-Dia do município é uma iniciativa do governo federal que dá suporte, também, aos familiares dos pacientes. É na unidade que essas mães encontram fôlego para uma rotina solitária, costurada em noites mal dormidas. O Centro-Dia oferece a elas apoio psicológico e social, junto com seus filhos.
Há madrugadas em que a angústia desmorona a bravura que ajudou Ana Paula Cordeiro, de 38 anos, a atravessar o dia e o sono é engolido por um choro silencioso. Mas, pela manhã, quando o relógio desperta, ela veste novamente a armadura e luta contra suas aflições. Mãe de Paloma Vitória, de cinco anos, ela se mantém firme pela filha com microcefalia. “Não quero passar minha fraqueza para ela. Eu tenho que ser forte, o tempo inteiro”, convence-se.
Dona de casa, consegue recarregar suas forças no Centro-Dia, por meio do convívio com outras mulheres que compartilham uma realidade similar à sua e, ainda, pelo diálogo com a equipe que atua na unidade . “É muito bom quando a gente encontra pessoas que sabem a dificuldade de ter uma criança com necessidades especiais. Eu agradeço à equipe do Centro-Dia, que é maravilhosa, pelo acolhimento. Aqui, voltei a sonhar” , desabafa.
Missão – Primôgenito de Jucilúcia Barros de Lima, de 37 anos, Caio tem oito e é autista. Pela condição do menino, ela planejou a vinda do segundo filho para ajudar nos cuidados com o irmão mais velho. Então, aos sete meses de Cauã, hoje com três anos, veio o diagnóstico de microcefalia, mudando os planos da dona de casa. “Eu me preocupo com o futuro, porque eu não viverei para sempre. O Cauã veio com uma missão, que era cuidar de Caio. Hoje, não sei quem vai cuidar de quem, mas sei que eles têm um ao outro”, conforta-se.
Há pouco mais de um ano, a rotina dos três gira em torno do Centro-Dia, que dispõe de salas amplas para atividades recreativas, área externa com piscina para natação e lazer, cozinha, além de escritórios para prestar assistência social e psicológica. “Onde eu couber, tem que caber Caio e Cauã. O Centro-Dia, digo que é meu lazer. Antes daqui, a vida se resumia somente ao tratamento e à lida de casa, mas não pode ser assim.”
Mãe de três meninas, o sonho de Alessandra Amorim, de 37 anos, era dar à luz um menino. Na quarta gestação, descobriu que o desejo poderia se tornar realidade. Mas tudo mudou quando recebeu a notícia sobre o pequeno Alexandre Samuel. “A médica disse ‘seu filho tem microcefalia’, foi como se ela tivesse derrubado o teto da maternidade na minha cabeça”, recorda .
A estudante confessa a resistência, há três anos, em admitir a realidade que era desenhada para sua família. Tudo era desconhecido e despertava medo. Ao frequentar o Centro-Dia, passou a entender sobre a microcefalia, até que a resignação tornou-se aceitação . “Aqui é um canto que a gente sabe que tem pessoas para nos acolher. É um refúgio. A gente nunca espera que vá acontecer com a gente, né? Mas sou feliz com meu filho. Ele é tudo, é meu presente”, conta, sorridente.
Rede de apoio – A assistente social da unidade de Campina Grande, Elizete Romero, destaca que o conjunto de ações que englobam assistência social, saúde e educação fortalece o serviço. “O Centro-Dia é uma política pública municipal, estadual e federal, que funciona pela parceria entre as áreas”.
Coordenadora da instituição, Leila Nóbrega ressalta que o local é referência para a troca de informações e o acompanhamento do desenvolvimento das crianças. Embora criado especialmente para atender vítimas da microcefalia, o Centro-Dia de Campina Grande (PB) recebe, atualmente, 38 famílias de pessoas com outras condições, como hidrocefalia e autismo. “Nós temos, hoje, mais de cem pessoas. O Centro-Dia é um ponto que acolhe, orienta e encaminha. É um espaço aberto, em que as mães também vêm para ter algum lazer”, pontua Leila.
De acordo com o ministro da Cidadania, Osmar Terra, que participou do processo de criação e implementação da unidade de Campina Grande (PB), em 2017, o resultado positivo é reflexo da estrutura de suporte oferecida à população. “Pensou-se nos Centros-Dia justamente para o atendimento nos lugares onde houve maior incidência da epidemia do Zika vírus, para que essas mães deixem as crianças durante o dia e possam trabalhar ou realizar outras atividades”, afirma.
Serviço - O Centro-Dia tem como objetivo garantir cidadania plena aos atendidos por meio da integração entre educação, saúde e assistência social às pessoas com deficiência e seus familiares. A instituição presta cuidados de proteção social ao facilitar o acesso dos usuários a serviços como educação nas creches, escolas, saúde, reabilitação, transporte, habitação, emprego e renda. Para a implantação das unidades no país, o Ministério da Cidadania aportou R$ 240 mil. Atualmente, são repassados R$ 40 mil, por mês, para a manutenção de cada das sete unidades do Centro-Dia em funcionamento no Brasil.
*Por Renata Garcia
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