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Combate à Fome
Após recriação, Yanomamis são pauta prioritária da primeira reunião do Consea
Fotos: Roberta/ Aline/ MDS
O combate à fome tem pressa. Recém empossados na manhã desta terça-feira (28.02), os membros do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea) realizaram a primeira plenária do órgão no período da tarde, com foco em soluções para o problema emergencial do Povo Yanomami.
O trabalho para atingir a meta do Governo Federal de novamente tirar o país do mapa da fome requer articulação e integração, como salientou o ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, Wellington Dias, que participou da mesa de abertura da plenária do conselho. “Quando o presidente Lula escolheu o lema ‘união e reconstrução’, não é só pelo jogo de palavras. É preciso mais do que nunca dar as mãos”.
“São grandes os desafios, mas sim, juntos nós vamos, sob o comando do presidente Lula, tirar o Brasil do mapa da fome, da insegurança alimentar e nutricional. Vamos fazer isso de forma integrada, com vocês e com todo o Brasil”, garantiu Wellington Dias.
A primeira dama Janja Lula da Silva, do gabinete de Ações Estratégicas em Políticas Públicas, destacou a promessa de campanha do presidente de recriar os espaços de discussão e deliberação das iniciativas em segurança alimentar. “Eu estou muito emocionada de estar aqui hoje. Foi um dia muito especial”, disse durante a abertura dos trabalhos. “O primeiro ato do presidente, praticamente fui eu que falei: ‘o Consea vai voltar, vocês podem esperar’ e voltou”, prosseguiu.
Janja garantiu que o Brasil vai retornar ao patamar anterior de quando foi reconhecido pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) como um país fora do mapa da fome. “Vamos novamente tirar o Brasil do mapa da fome. O presidente Lula falou: ‘a gente já fez e vai fazer de novo’. É o desafio. A gente não pode mais olhar pela janela do carro e ver pessoas com cartazes na rua, dizendo que estão com fome. Isso tinha terminado e a gente precisa tirar essas pessoas da invisibilidade”, exemplificou a primeira dama.
Além do ministro Wellington Dias, da primeira dama Janja Lula da Silva, e da presidente do Consea, Elisabetta Recine, a plenária de abertura contou com as presenças da secretária nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Sesan), Lilian Rahal, da secretária de Gestão Ambiental e Territorial Indígena, Maria da Conceição Alves Feitosa, da presidente da Funai, Joênia Wapichana, do diretor do Departamento de Projetos e Determinantes Ambientais da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), Bruno Cantarella, e do subchefe de Operações da Chefia de Operações Conjuntas do Ministério da Defesa, Brigadeiro André da Silva Ferreira.
Prioridade Yanomami
Atualmente, o Brasil tem cerca de 33 milhões de pessoas passando fome, com situações críticas como a dos povos Yanomamis. Diante do cenário dos indígenas, o Consea se dedicou a conhecer os vários aspectos da Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional (Espin) naquele território, a partir da apresentação de diagnósticos dos ministérios da Saúde, Defesa, Justiça e Segurança Pública, Desenvolvimento e Assistência Social, Casa Civil e, ainda, da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai).
“Essa primeira sessão de trabalho que trata da questão do povo Yanomami tem um significado profundo. Primeiro pela situação em que eles estão enfrentando, mas segundo, pelo o que isso simboliza. Acho que toda a devastação, a desnutrição, a fome que escancarou na nossa frente, apesar de já ser anunciada por muitos anos, mostra também o grau de desestruturação da nossa sociedade”, analisou a presidente do Consea, Elisabetta Recine.
A secretária Lilian Rahal relatou as ações do MDS frente à situação emergencial dos Yanomami, que vão no sentido de soluções a longo prazo. “Temos nos concentrado bastante nos temas da alimentação e temos feito um esforço para tentar encontrar soluções de água e recuperação da capacidade produtiva”.
No dia 20 de janeiro foi iniciada pelo MDS a compra de alimentos para compor três mil cestas não perecíveis para serem enviadas a Roraima. “Foi a primeira leva que chegou no estado, com uma composição indicada pela Funai e pela Sesai. Nós tínhamos um estoque de mais de 20 mil cestas, mas fizemos uma compra emergencial em função do modelo dos alimentos que deveriam compor a cesta que seria entregue para a terra indígena Yanomami”, detalhou Lilian Rahal.
A tragédia humanitária no território Yanomami tinha sido anunciada há muito tempo e se agravou durante os últimos sete anos como reiterou Joênia Wapichana, presidenta da Funai. Há provas, segundo ela, de que os Yanomami denunciaram e relataram a invasão, os ataques e a destruição do meio ambiente. "Não foi surpresa", definiu.
A secretária extraordinária de Combate à Pobreza e à Fome, falou sobre a necessidade de um olhar para a estrutura do Estado brasileiro construída ao longo de séculos. “Historicamente, o Estado brasileiro sempre foi racista. A gente vê isso nas estruturas das políticas públicas, nas nossas leis, na política, na economia… Então, é muito importante reconhecer que a gente precisa se reorganizar para atender populações como a Yanomami e outras populações. A gente precisa ter muita consciência de que a gente tem que se rever como Estado para conseguir dar conta do nosso papel”, refletiu.
Para a presidente do Consea, Elisabetta Recine, o primeiro passo é se apropriar da diversidade de ações que estão sendo feita em prol do atendimento aos Yanomamis. “O Consea vai se apropriar disso tudo e distribuir entre a sua composição da sociedade civil toda a experiência que nós temos em relação a esses problemas para contribuir com as melhores soluções”, projetou.
O Consea é um órgão de assessoramento imediato à Presidência da República e um importante espaço institucional para a participação e o controle social na formulação, no monitoramento e na avaliação de políticas públicas de segurança alimentar e nutricional.
Assessoria de Comunicação — MDS