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Acolhimento diversificado contribui para sucesso no tratamento de dependentes químicos, apontam pesquisadores
Brasília - A diversificação no tratamento de dependentes químicos e os cuidados para o atendimento estiveram na pauta do Seminário Intersetorial de Políticas Sobre Drogas na tarde desta segunda-feira (10), em Brasília (DF). Durante painel, pesquisadores apresentaram dados com perfis de usuários e dependentes, além de análise de tratamentos. A discussão foi mediada pelo secretário de Cuidados e Prevenção às Drogas do Ministério da Cidadania, Quirino Cordeiro. Veja a programação completa do evento.
O secretário executivo adjunto do Ministério da Saúde e professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Erno Harzheim, apresentou informações da pasta e abordou a necessidade da atenção primária e da atuação em rede para o atendimento eficaz. “Precisamos de uma rede múltipla para a oferta dos mais diferentes tipos de atendimento, que deve ser integral e eficiente”, salientou.
O gestor geral da Federação Brasileira de Comunidades Terapêuticas, Pablo Kurlander, apresentou dados do doutorado em Saúde Coletiva pela faculdade de Medicina da Universidade Estadual Paulista (Unesp) que mediram a eficácia do tratamento nas instituições de acolhimento para dependentes químicos. A pesquisa usou como base um grupo de mais de 200 membros de comunidades terapêuticas consideradas modelos, com critérios definidos de entrada e permanência.
Os resultados mostraram que quem participou do tratamento de 12 meses em abstinência teve maior predominância de indicadores de qualidade de vida. “São vários os fatores que influenciam, mas o aumento das oportunidades de trabalho e de ascensão social elevam, e muito, as chances de um desfecho considerado positivo para a situação. Uma política mais integrada potencializa o tratamento pela possibilidade de atingir várias áreas da vida da pessoa, não cuidando apenas da questão da abstinência”, explicou.
Mulheres x Crack - A situação tanto de mulheres usuárias de crack, quanto de seus filhos, foi tratada pelo psiquiatra, professor do curso de Medicina da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS) e pesquisador do Instituto do Cérebro, Rodrigo Grassi Oliveira. Ele mostrou elementos de um estudo realizado em Porto Alegre (RS) desde 2010 com 1.344 usuários - com foco nas 546 mulheres do grupo. Cada uma tem de dois a três filhos e 60% delas consumiu crack durante a gestação. A taxa de HIV chega a alarmantes 20% - bem acima dos 0,8% da população geral. “A rede precisa levar em consideração que a doença da dependência química é mais grave nas mulheres porque, de acordo com o estudo, elas consomem mais pedras por dia, sofrem mais na desintoxicação, geralmente são vítimas de abusos sexuais e carecem de estratégias de planejamento familiar e serviços específicos.”
Ele destacou ainda a necessidade de estratégias de prevenção voltadas aos filhos dos usuários. “Com as crianças se desenvolvendo nesse contexto, estimamos que eles sofram maus tratos como negligência na primeira infância. Para evitar que eles virem os próximos usuários, é preciso focar em prevenção”, enfatizou.
Ao fim do painel, o secretário Quirino Cordeiro Júnior ressaltou o nível elevado do debate ao unir pesquisas com práticas clínicas – importante para a implementação de políticas públicas. “Quanto mais dados, melhor para entendermos as necessidades, para fortalecer o trabalho e para a busca por alternativas concretas para enfrentar essas questões e melhorar os cuidados e os tratamentos”, concluiu.
Encontro - O Seminário Intersetorial de Prevenção, Conscientização e Combate às Drogas segue até esta terça-feira (11) e aborda temas como a Nova Política Nacional sobre Drogas, o papel da família no tratamento de dependentes químicos, a violência doméstica, e os programas de prevenção ao uso de drogas, entre outros.
O evento é realizado em parceria com os ministérios da Justiça e Segurança Pública, Defesa, Infraestrutura, Educação, Saúde e Mulher, Família e Direitos Humanos.
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