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“O Bolsa Família me deixou sonhar com a saúde do meu filho”, afirma beneficiária migrante em Roraima
Foto: UNICEF/BRZ/Katarine Almeida
Grande parte dos refugiados e migrantes da Venezuela que cruzam a fronteira terrestre do Brasil estão em algum grau de vulnerabilidade social. Pensando nisso, o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS), os municípios de Boa Vista e Pacaraima, o governo de Roraima, a sociedade civil, a Força-Tarefa Logística Humanitária da Operação Acolhida e as agências da ONU – incluindo o Unicef – se uniram para ajudar a garantir a permanência desses refugiados e migrantes que chegam ao país em busca de uma nova vida, por meio dos Postos do Cadastro Único.
As estações de informação ficam localizadas em espaços estratégicos para essa população que chega ao país: nos Postos de Triagem (PTRIG) de Boa Vista e Pacaraima, locais também utilizados para que refugiados e migrantes regularizem a situação migratória e documentação.
A iniciativa, na qual o Unicef foi responsável por articular e acompanhar a implementação e o avanço, surge a partir do entendimento do Sistema Único de Assistência Social (SUAS), que reconhece refugiados e migrantes como sujeitos de direitos e, portanto, elegíveis a todos os serviços, benefícios, projetos e programas a que têm direito cidadãos nascidos no Brasil.
Apenas um mês após a implementação do Posto do Cadastro Único em Boa Vista, em novembro de 2023, Jean Paul, de 15 anos, e a mãe, Maria Elena, chegaram no Brasil. Foi a partir da informação que recebeu no PTRIG que Maria Elena passou a receber o Bolsa Família, benefício concedido pelo Governo Federal.
“As equipes me explicaram como funciona e me cadastraram, e 45 dias depois, recebi a primeira parcela”, explicou Elena. “O Bolsa Família me deixou sonhar com a saúde do meu filho,” diz a mãe.
Jean Paul relembra o porquê de ele e a mãe decidirem vir ao Brasil. Quatro meses antes de sua chegada, o adolescente apresentava crises constantes de epilepsia, condição que tem desde os 13 anos e que o impediu de viver normalmente na Venezuela. Com recursos limitados e sem remédios, ele e sua mãe tomaram a decisão conjunta de mudar para o país e tentar uma nova vida.
“Eu participei da decisão e apoiei a minha mãe. Fomos acolhidos no Brasil, temos um lar temporário, comida e com a assistência que recebemos, consigo ir ao médico, fazer exames e melhorar”, explicou Jean Paul.
Devido a sua condição, Jean ainda não pôde voltar para a escola. Nesse período, ele estuda por conta própria e participa das oportunidades que conhece no abrigo. Ele explicou que, nos poucos meses que está no país, já fez curso de informática e de português, e que pretende ingressar na escola em breve.
“Melhorei bastante das crises. Desde janeiro não tenho tido mais episódios e sei que logo poderei voltar para a escola. É o meu sonho. Estudar e me tornar médico, para ajudar outros jovens como eu”, destacou.
A família tem planos para continuar no Brasil. Maria Elena conta que está correndo atrás do próximo passo, que é conseguir um emprego. Ela também sonha em se reunir em breve com o marido, que está em outro estado brasileiro.
“Não iremos passar a nossa vida inteira no abrigo, ou dependendo do benefício. Temos que depender dos nossos esforços, do nosso trabalho. Fico agradecida com as parcelas que recebemos, porque é o que me ajuda enquanto corro atrás do nosso futuro”, destacou a mãe.
Em Roraima, MDS e Unicef Brasil prestam apoio técnico em postos do Cadastro Único para migrantes
Postos do Cadastro Único
Os postos do Cadastro Único nos PTRIGs de Pacaraima e Boa Vista foram inaugurados em junho e outubro de 2023, respectivamente, e atendem mais de 150 pessoas por dia. Até o momento, 2.721 famílias refugiadas e migrantes venezuelanas acessaram o Registro Único Nacional, permitindo o acesso a benefícios como o Bolsa Família e o Benefício de Prestação Continuada.
Os novos espaços, preparados para atender a população em seu idioma e prontos para sanar as dúvidas sobre as políticas públicas no novo país, também contribuem para uma maior fluidez nos atendimentos nos Centros de Referência de Assistência Social (CRAS) de Boa Vista e Pacaraima, sobrecarregados nos últimos anos com a alta demanda por atendimento.
Fonte: Unicef
Assessoria de Comunicação - MDS